Ataques a profissionais de imprensa, incêndios e depredação de patrimônios privados foram registrados durante o protesto
Manifestantes foram às ruas no dia de ontem sábado (3) em diversas cidades pelo país pedindo o impeachment do presidente Jair Bolsonaro.
É a primeira mobilização desde que um super pedido de impeachment foi protocolado na Câmara dos Deputados, na última quarta-feira (30), e após novas denúncias de corrupção na compra de vacinas contra a Covid-19 pressionarem o governo Bolsonaro.
O presidente Jair Bolsonaro que se segure como pode, pois o PSDB e PT saíram de mãos dadas nas ruas de São Paulo pelo seu impeachment. Tucanos e petistas desfilaram neste sábado (3/7) na Avenida Paulista pelo Fora Bolsonaro.
No lado dos mobilizadores, uma das principais novidades foi a entrada do diretório municipal de São Paulo do PSDB, anunciada ao longo da semana por seu presidente, Fernando Alfredo. O diretório nacional do partido, no entanto, manteve a decisão de não participar ativamente da convocação.
“Nós viemos para cá para pedir o impeachment do Bolsonaro. O PSDB de São Paulo se posicionou contra esse governo”, afirmou Fernando Alfredo, presidente do diretório municipal do PSDB na capital. O dirigente afirmou que havia membros da executiva do partido, mas a reportagem observou que não estavam presentes nenhum dos grandes nomes do tucanato paulista.
O presidente do PSDB paulistano, Fernando Alfredo, dividiu o mesmo quadrado com a presidenta nacional do PT, a deputada Gleisi Hoffmann, que participou da manifestação em SP. O dirigente tucano disse que a posição do PSDB, aprovada, é para tirar Bolsonaro da presidência.
A situação se repete em outras legendas, que também têm movimentos internos e instâncias locais envolvidas na mobilização, mas no plano nacional adotaram posição de neutralidade, alertando para os riscos de aglomerações em meio à pandemia e deixando a adesão a critério dos filiados.
Para Gleisi, a participação dos tucanos nas manifestações pelo impeachment são demonstrações de fraqueza de Bolsonaro e que o fim desse governo está próximo. “Queremos vacina no braço, comida no prato e o impeachment do genocida”, completou a dirigente petista.
Partidos como o PT do ex-presidente Lula –hoje o maior adversário de Bolsonaro para as eleições de 2022–, o PSOL e o PC do B estão envolvidas na organização desde maio, em conjunto com frentes como a Povo sem Medo, a Brasil Popular e a Coalizão Negra por Direitos, que reúnem centenas de entidades.
Setores ou dirigentes de siglas como PSL, PV e Avante decidiram endossar os atos, uma novidade em relação a junho. Já estavam nessa situação: PDT, PSB e Rede Sustentabilidade. O Cidadania é o único partido mais ao centro que decidiu, em ato do presidente nacional, Roberto Freire, apoiar os protestos.
“Espero que ele [Bolsonaro] saia do Palácio do Planalto diretamente para a Papuda”, disse em seu discurso Guilherme Boulos, se referindo ao presídio da Papuda, em Brasília.
“Temos que estar nas ruas até Bolsonaro sair da presidência”, pregou o ex-prefeito de SP Fernando Haddad (PT) ao comentar os protestos. A próxima manifestação pelo impeachment de Bolsonaro, a quarta, será no próximo dia 24 de julho.
A bandeira “fora, Bolsonaro” se mantém como a principal das manifestações, ao lado dos pleitos por mais vacinas contra a Covid e por auxílio emergencial de R$ 600. As suspeitas de corrupção que vieram à tona nos últimos dias vão engrossar a lista de pautas.
Segundo informações haviam cerca de 6.000 mil manifestantes e os organizadores atribuíram a diminuição no número de atividades ao prazo curto que tiveram para preparar a nova rodada. De maio para junho, a quantidade de atos tinha quase dobrado. A expectativa é que, ao menos nas maiores capitais, o volume de participantes, na casa dos milhares, seja mantido.
Grupos à direita, como o MBL (Movimento Brasil Livre) e o VPR (Vem Pra Rua), que capitanearam manifestações contra governos do PT e em favor da Operação Lava Jato, até aqui se mantêm fora da convocação, apesar de assinarem pedidos de impeachment de Bolsonaro.
Grupo incendeia agência bancária após ato contra o governo Bolsonaro em SP
Para variar, um grupo de manifestantes depredou e incendiou uma agência bancária na Rua da Consolação, na região central de São Paulo, por volta das 19h deste sábado (3) além de outras depredações em lojas e coberturas de transporte coletivo. O episódio aconteceu enquanto os manifestantes desciam pela via no encerramento do novo protesto contra o governo Jair Bolsonaro ( sem Partido ), que teve concentração na Avenida Paulista.
A Polícia Militar informou que “equipes policiais mobilizadas para conter vândalos e bombeiros para apagar focos de incêndio”. Outro grupo quebrou vidros de uma concessionária de veículos, depredou ao menos três pontos de ônibus e colocou fogo em lixo espalhado pela Rua da Consolação.
Policiais militares usaram spray de pimenta e bombas de efeito moral para dispersar o grupo de pessoas que estavam provocando as depredações. Um segurança da ViaQuatro e um policial ficaram feridos no confronto com os manifestantes.
Bolsonaro critica vandalismo durante manifestação; “Nunca foi por saúde”.
O presidente brasileiro aproveitou a publicação para atacar os manifestantes e dizer que o ato nunca foi por saúde ou democracia, e sim pelo poder, segundo ele.
“Nenhum genocídio será apontado. Nenhuma escalada autoritária ou ‘acto antidemocrático’ será citado. Nenhuma ameaça à democracia será alertada. Nenhuma busca e apreensão será feita. Nenhum sigilo será quebrado. Lembrem-se: nunca foi por saúde ou democracia, sempre foi pelo poder”, disse Jair Bolsonaro, em post publicado nas redes sociais.
Um grupo de pessoas e seguranças da concessionária ViaQuatro, que administra a linha amarela do metrô de São Paulo, entraram em confronto no final do ato. Relatos de pessoas que estavam presentes informam que seguranças estariam a dificultar a entrada na estação Higienópolis-Mackenzie, localizada na região central da capital paulista, minutos antes do começo das agressões.
A reportagem do site UOL testemunhou quando agressores, alguns com tocas e gorros tampando o rosto, atiraram pedras, entulhos e lixos em direção aos seguranças da estação Higienópolis-Mackenzie. A guarnição ficou encurralada numa das entradas para a estação se protegendo com escudos das pedras, paus e chutes que receberam.
DIRETO DO PLANTÃO DE NOTICIAS