Com a crescente conscientização global do uso de pronomes neutros, utilizados por pessoas que não se identificam com o gênero atribuído ao nascer, a Igreja Anglicana vai estudar a possibilidade de inserir termos neutros para se referir a Deus em suas orações. Apesar do anúncio, a instituição afirmou nesta quarta-feira, 8, que ainda não há planos para abolir o uso do pronome masculino.

Contra a “discriminação e o sexismo”, a Igreja Anglicana considera usar pronomes de gênero neutro para se referir a Deus. Lideranças religiosas locais devem lançar uma proposta sobre linguagem neutra e cristianismo, informou o jornal britânico The Telegraph, ontem, terça-feira (7).

“Os cristãos reconhecem desde os tempos antigos que Deus não é homem nem mulher”, afirmou um porta-voz da Igreja Anglicana, à agência de notícias, Reuters. “No entanto, a variedade de maneiras de abordar e descrever Deus encontradas nas escrituras nem sempre se reflete em nossa adoração”.

A ideia preliminar é que, em cada culto, Deus não seja mais chamado de “ele” ou “nosso pai”. Embora não haja termos substitutos, bispos da Igreja Anglicana cogitam até mesmo usar pronomes femininos para se referir à divindade cristã.

Os detalhes estão sendo discutidos nesta semana, na Comissão Litúrgica do Sínodo Geral da Igreja Anglicana, um órgão legislativo da denominação. Por enquanto, não há nada definido sobre a mudança radical ou data para a divulgação do texto que está sendo redigido pelo comando da igreja.

Entre os argumentos para tornar Deus alguém de gênero neutro, diz-se que o Criador é “assexuado”, portanto, não pode ser chamado de “ele”. “O uso de pronomes masculinos para Deus não deve ser entendido como implicando que Deus é masculino”, disse Ian Paul, membro do sínodo da igreja. “Isso é uma heresia. Deus não é sexuado, ao contrário da humanidade.”

Adiante, o religioso afirmou que a Bíblia refere-se a Deus “várias vezes” com termos femininos. O homem, contudo, não deu exemplos.

“Há um maior interesse em explorar uma nova linguagem, desde a introdução de nossas formas atuais de serviço em linguagem contemporânea há mais de 20 anos”, disse uma porta-voz da Igreja Anglicana, ao The Telegraph, sob anonimato. A notícia chocou os fiéis tradicionais, que prometem reação.

A Igreja Anglicana dá permissão ao seu clero para interpretar e adaptar os textos oficiais, o que abriu uma brecha para que a linguagem neutra em termos de gêneros já fosse utilizada em alguns lugares. O padre anglicano ordenado e reitor associado para igualdade, diversidade, inclusão e pessoas da Universidade de Lancaster, reverendo Anderson Jeremiah, afirmou que prefere usar metáforas neutras ao se referir a Deus porque na bíblia sua figura é descrita como pai e mãe.

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