De acordo com um estudo recente conduzido pelo Datafolha, a atividade mais realizada pelos usuários da internet no Brasil é a leitura de notícias. O levantamento, realizado entre 8 e 13 de maio, entrevistou 2.010 pessoas com 16 anos ou mais, sendo que 1.908 afirmaram ser usuários da internet. Dentro deste grupo, 80% afirmaram que a leitura de notícias é a prática mais comum.

A pesquisa não questionou a origem dessas notícias — se provenientes de mídia tradicional, compartilhadas via WhatsApp ou de outras fontes. Notavelmente, o estudo descobriu que essa prática é mais prevalente entre indivíduos com maior nível de educação e renda.

Entre os participantes com ensino superior, 95% leem notícias na internet, comparado a 60% daqueles com ensino fundamental completo. Em termos de renda, 93% daqueles que ganham mais de cinco salários mínimos leem notícias online, contra 74% dos que ganham até dois salários.

O acesso à informação foi considerado fundamental para a conexão com a internet, com 84% dos entrevistados afirmando que a internet é essencial para se manter atualizado sobre acontecimentos globais. No entanto, a informação local também é valorizada.

Para 60% dos entrevistados, a internet é uma ferramenta importante para se manter informado sobre eventos em seu próprio bairro. O estudo do Datafolha também mostra que os usuários de internet entre 35 e 44 anos são os mais propensos a usar a internet para encontrar informações locais, seguidos por aqueles entre 45 e 59 anos. 

Estudo aponta que 7 em cada 10 brasileiros só leem os títulos da notícias

Um levantamento feito pela empresa de tecnologia DNPontocom revela que sete em cada dez brasileiros da Geração Z leem apenas os títulos das notícias e não dão atenção ao conteúdo apresentado. A Geração Z é formada por pessoas nascidas entre o final da década de 1990 e 2010.

Já os brasileiros da Geração X, nascidos entre 1960 e 1982, têm mais paciência para ler notícias em portais. Entretanto, seis em cada dez apresentam dificuldades em reconhecer sites de credibilidade. Foram analisados os perfis de redes sociais de 23.400 brasileiros. Foram analisados os perfis de redes sociais de 23.400 brasileiros.

Por que só leem o título?

Em entrevista, a especialista em marketing digital Viviane Rodrigues afirma que um dos motivos para os jovens não lerem os conteúdos, principalmente online, é o excesso de textos rasos espalhados pela internet:

“Essa dinâmica de informações rápidas em textos curtos e muitas imagens é o que faz com que o público perca o interesse pela leitura. E faz com que cada vez consuma mais conteúdos visuais como vídeos, fotos, imagens, gifs.”

Para o sociólogo e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, Paulo Silvino Ribeiro, esse comportamento em território nacional se dá principalmente pela falta do hábito da leitura:

“As pessoas têm necessidade apenas pelo tópico frasal. Quanto menor o título, melhor. Quanto mais imagens e vídeo, melhor. Então, acredito que seja algo que marca o nosso tempo. As pessoas preferem cada vez menos ler, e cada vez mais ter a informação de modo compacto, objetivo. No caso do Brasil tem um agravante: o pouco hábito da leitura de fato.”

Essa desinformação devido à falta da leitura somada à dificuldade na compreensão de textos e notícias afeta negativamente a sociedade:

“Quando nós não temos o hábito da leitura, temos maior dificuldade em compreensão e interpretação de texto. Isso, evidentemente, contribui negativamente para o pensamento crítico. As pessoas que não leem estudam pouco e uma coisa está muito ligada à outra. Estuda pouco, lê pouco. E vice-versa. Isso acaba refletindo na qualidade da mão de obra, na qualidade da formação”, enfatiza Paulo.

O publicitário e presidente do Hello Group de pesquisa e mídia digital, Davi Bertoncello, conclui que as mídias continuam em processo de adaptação, mas que existe espaço e conteúdo para todos os gostos: “A gente precisa valorizar todos os tipos de conteúdo e conseguir fazer com que o público entenda o propósito de cada site”.

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