A Black Friday, um dos dias mais aguardados do ano por lojistas e consumidores, segue inspirando memes e sendo motivo de reclamações nas redes sociais. Entre os posts, há queixas de que os produtos continuam caros e de que os descontos ou não são reais, ou são irrisórios.

Como de costume, a internet deu um grande destaque para Julius, personagem do ator norte-americano Terry Crews na série “Todo Mundo Odeia o Chris”, conhecido por se recusar a gastar dinheiro. “Se não comprar nada, o desconto é maior”, diz uma das imagens mais populares.

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Um monitoramento feito pelo Reclame Aqui mostrou que, das 12h de quarta-feira (23) até as 6h desta sexta (25), os consumidores já registraram 5.447 reclamações referentes a Black Friday. Em 2021, neste mesmo período, a quantidade de registros foi um pouco maior: 5.678.

O principal motivo das reclamações dos consumidores é a propaganda enganosa, com 16,94% dos registros, ainda segundo o Reclame Aqui. Depois, vem o atraso na entrega, com 16,58%.

“Minha televisão estragou e está sem conserto, então estou pesquisando uma nova há dias. Esperei hoje e adivinha? Todas com os mesmos preços ou até mais altos”, criticou um usuário do Twitter, citando ainda o termo “black fraude”, que se popularizou no Brasil.

Moysés Pinto Neto@moysespintonet0·SeguirMinha televisão estragou e está sem conserto, então estou pesquisando uma nova há dias. Esperei hoje e – adivinha? Todas com os mesmos preços ou até mais altos. #blackfraude#BlackFriday7:51 AM · 25 de nov de 2022Leia a conversa completa no Twitter

“Hoje um supermercado anunciou ‘ofertas de Black Friday’ e a cerveja tá 30 centavos mais cara do que ontem”, escreveu outro perfil.

Keka Dantas #cansada@Anjakeka·SeguirHoje um supermercado anunciou “ofertas de Black Friday” e a cerveja tá 30 cents mais caro que ontem #BlackFriday8:00 AM · 25 de nov de 2022

Há ainda quem não esteja conseguindo aproveitar os (supostos) descontos por uma questão financeira pessoal, o que também gerou memes.

Black Friday do varejo digital é a pior da história

Black Friday do varejo digital é a pior da história

O varejo digital registrou a pior Black Friday da sua história neste ano, após um recuo de pedidos e no valor gasto por compra. A queda foi de 28% nas vendas na sexta-feira (25) em relação a 2021, para R$ 3,1 bilhões, em cima de uma base fraca de comparação, já que o ano passado havia registrado o menor crescimento na data, até então.

Com o resultado ruim na Black Friday, as atenções se voltam para os próximos 20 dias, para tentar retomar crescimento e buscar melhores margens nas ações de Natal. O recuo na sexta-feira, data principal do evento, equivale a R$ 1,2 bilhão a menos em vendas do que o ano anterior.

Os números foram levantados pelo monitoramento fechado no sábado (26) pela Confi Neotrust, empresa de dados com foco no digital, em parceria com a ClearSale, voltada para prevenção a riscos. Há o efeito da recente deterioração do poder de compra, mas também do baixo nível de confiança na economia em 2023.

É a primeira vez, em 12 anos de evento, em que há uma retração nas vendas, o que causou surpresa em associações e consultores. Todas as regiões do país tiveram queda. Consultores e entidades estimavam alta nominal de 3% a 9%.

“Não esperávamos isso, as pessoas não consumiram, ainda vivemos um período econômico difícil. E havia uma ansiedade grande nas empresas, todo mundo querendo recuperar um pouco os números do ano”, diz Matheus Manssur, superintendente comercial de comércio eletrônico na CleasSale, segundo o “Valor”. 

Houve ainda impacto do encarecimento dos produtos após aumentos seguidos de preços de bens duráveis, e da escalada da taxa Selic, reduzindo a capacidade de compra. Desde a última Black Friday, a Selic quase dobrou e as taxas de juros no carnê do comércio variam atualmente de 8% a 15% ao mês, de acordo com a publicação. 

“Tivemos o jogo do Brasil na quinta-feira, o que gerou dispersão. Mas houve outros efeitos. Apesar das expectativas, o próprio comércio optou pela racionalidade e não criou ofertas e ações de mídia tão fortes. E ainda antecipou promoções para outubro e primeiras semanas de novembro, espalhando a venda. É o caso de pensar se está valendo mesmo diluir tanto a Black no mês”, disse Manssur.

Chama a atenção o fato de que, mesmo com esse desempenho ruim do segmento até setembro, o recuo se acentuou ainda mais na Black. De janeiro a setembro, a taxa de queda era menor, de 3,6%.

A antecipação nas vendas em outubro e novembro pode ter tirado algum fôlego da Black na sexta-feira, porém, mesmo de 1 a 25 de novembro, a pesquisa relata um recuo de 8,5%, para R$ 16,5 bilhões, superando os 3,6% de setembro. 

Pix entra como destaque positivo na Black Friday

Entre os aspectos positivos da data promocional estão o aumento da fatia da modalidade de pagamento Pix nas vendas, superando o uso do boleto pela primeira vez. O Pix eleva a soma de recursos diretamente no caixa, melhorando até mesmo a gestão de estoques. Cartão de crédito respondeu por 54,2% das operações, seguido conta digital, cashback, débito (16,3%), Pix (15,7%) e boleto (13,8%).

A partir de agora, a necessidade de buscar resultados se volta para o Natal com uma venda mais diluída do que a Black Friday, e historicamente, com preços mais “cheios” e menos ofertas.

Com as vendas recuando 28% em relação ao evento de 2021, o gasto médio foi de 733 reais , queda de 5,9% em termos nominais. O estudo estima que cerca de 3,1 bilhões de reais foram movimentados em transações no e-commerce. Para alguns analistas, uma série de fatores deve ser levada em conta no momento de analisar esses números.

Pela primeira vez, a Black Friday foi realizada simultaneamente à Copa do Mundo, o que pode ter provocado uma diluição das vendas ao longo dos meses de outubro e novembro. “Além da deterioração do cenário macroeconômico e da falta de confiança econômica do consumidor em relação a 2023, o efeito de dispersão da Copa e a antecipação de promoções ao longo de outubro e novembro podem ter causado esse efeito de queda na sexta-feira de Black Friday”, avaliam os analistas da Genial Investimentos.

Na bolsa de valores, os papéis de Magazine Luiza, Via e Americanas negociavam em baixas de até 3% por volta das 11h desta segunda-feira, 27. Embora o prenúncio seja negativo, existe a leitura de que as grandes varejistas podem apresentar números melhores que a média. “Não há dados publicados por Americanas, Mercado Livre, Magazine Luiza e Via em relação a performance do evento. Contudo, ao analisar os dados históricos, esses marketplaces costumam registrar números melhores que a média”, conclui a Genial.

No Fim das Contas, vendas fracas na Black Friday 2022, a pior já registrada no Brasil. Queda de -23% no comércio eletrônico, na sexta-feira, e -13,2% em lojas físicas, de sexta a domingo, segundo empresas de pesquisas. Para se confirmar basta abordar os comerciantes das Rua 9 de Julho, São Luis e demais corredores comerciais de Marília. No que diz respeito aos consumidores, a chiadeira foi geral. Enfim, um verdadeiro fiasco contaminado pelo rótulo que já pegou; BLACK FRAUDE.

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