Conforme já citamos na abertura da matéria, os números assustam, mas fato é que no inicio deste ano, cerca de trinta e três venezuelanos, em média, entravam no Brasil por hora. Aproximadamente, 800 por dia. Uns dias mais; outros dias menos. Essa situação se agravou à partir de março deste ano. A gravíssima crise que ocorre na Venezuela expõe a falta de sensibilidade de um sistema de governo que prioriza apenas o poder pelo poder.

A maior parte deles cruza a fronteira dos dois países deixando Santa Elena de Uiarén para trás, e tocando pela primeira vez o solo brasileiro em Pacaraima, cidade minúscula e fria ao Norte de Roraima. Todos, sem exceção, fogem do país natal que não lhes oferece mais dignidade para viver. Chegam ao Brasil com o que podem carregar consigo: algumas peças de roupas, documentos, poucos objetos pessoais e um resto de força e coragem, suficientes para que possam buscar uma vida mais decente, ainda que distante de casa.

Em março deste ano, o fluxo migratório se intensificou e, de acordo com a Polícia Federal, chegou a mil pessoas/dia. Ao cruzarem a fronteira, encontram longas filas nos locais de identificação e uma barreira além do posto da Polícia Federal: o idioma.

Muitos chegam doentes e famintos, em situação precária. Alguns casos são alarmantes, em função da falta de medicamentos e interrupção dos tratamentos aos quais estavam sendo submetidos.

Psicologicamente, os venezuelanos chegam degradados, com a tristeza no olhar de quem precisou deixar para trás suas casas, parentes, filhos e esposas, buscando conseguir meios para levá-los a um novo local e recomeçar suas vidas.

Essa é realidade nua e crua que está acontecendo de fato. Voltamos a frisar que esta matéria não é produzida com finalidade política ou sensacionalista. Tampouco se enquadra como fake news, como temos a certeza que tentarão rotular e até mesmo tentar tirar das redes sociais como fizeram em outros portais de noticias pelo Brasil.

Estamos realmente na cidade de Marília, onde uma família atravessou mais de 10.000 mil quilômetros para tentar recomeçar a vida aqui, praticamente do zero. Conversamos com o senhor Alexander Jacinto, 36 anos.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA : Qual motivo o levou a caminhar mais de 10 mil quilômetros com a família, simplesmente de “mala e cuia” com destino à Marília ?

ALEXANDER : Eu estou em busca de uma melhor qualidade de vida para a minha família. Na Venezuela para sobreviver você tem que trabalhar muito e ganha-se muito pouco. Há muitos problemas no momento, e eu cito por exemplo a educação. Minha filha faz 2 anos que conclui o ensino médio e não tem faculdade para ela continuar os estudos. Nós estamos procurando melhorar nosso futuro e nossa vida.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARÍLIA : A situação na Venezuela está realmente difícil ? Está dentro desta média que eu falei de refugiados por dia ?

ALEXANDER : A situação na Venezuela realmente está muito difícil. O alto custo de vida torna impossível qualquer um morar lá. Quando nós saímos da Venezuela não era só nós, eram muitos venezuelanos que estavam saindo não só para o Brasil, mas para outros países da América. É uma problemática real. É um fato real.

Em síntese; “A imigração venezuelana para o Brasil resulta do cenário de crise em que vivem os venezuelanos. Essa crise perpassa questões políticas, econômicas e sociais. A porta de entrada dos venezuelanos para o Brasil é o estado de Roraima, que faz fronteira com a Venezuela.”

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARÍLIA lança campanha para ajudar este casal de venezuelanos.

A situação é comovente e enquanto realizávamos a entrevista, a pequena filha do casal de apenas 6 anos brincava no quintal da pequena casa que já abrigava o Professor Jesus e sua mãe e agora reparte o imóvel com Alexander, a esposa, a filha adolescente e uma menor. Como já citamos, eles atravessaram cerca de 10 mil quilômetros com apenas uma mala para toda a família. SIMPLESMENTE INACREDITÁVEL, MAS REAL.

Neste momento, nosso portal passa não só a ser um veículo de imprensa, mas a desenvolver sua função social de um sistema revoltante que sacrifica famílias, mata sonhos e nos deixa a imaginar quantos vidas são perdidas nesta luta desesperada pela sobrevivência.

VOCÊ PODE AJUDAR

A você que se propôs a ler esta matéria, saiba que toda e qualquer ajuda é bem vinda. Se você possui um fogão, uma geladeira, um armário, uma cama de casal, uma cama de solteiro, uma mesa, cadeiras, um guarda roupa, sofá e principalmente roupas em geral, brinquedos para a criança e alimentos não perecíveis, solicitamos encaminhar ao Nikkey Club de Marília aos cuidados do Professor Jesus que também é venezuelano e acolheu a família em Marília. Se não puder contribuir, pelo menos compartilhe com o maior número de pessoas possível. A questão não é política, mas de solidariedade em um ato humanitário.

BUSCA DE UM EMPREGO.

Alexander Jacinto Aguiar Artiega, como já citamos tem 36 anos, é motorista com uma carteira invejável, com uma passagem de 10 anos pela Empresa Pepsi daquele país, que infelizmente também entrou em crise e demitiu a maioria dos seus funcionários. Grande experiência como motorista de caminhão e ônibus. Já trabalhou como motorista de carretas em fábricas e gostaria de trabalhar em sua função, mas, se não houver oportunidade, ele aceita trabalhar e aprender em outra ocupação.

Sua esposa, Diosmari Santana Trero, 38 anos, tem experiência como costureira, cabelereira, manicure e estética em geral. Já trabalhou também como cozinheira, ajudante de cozinha e doceira.

Os interessados em oferecer uma oportunidade para o casal, visto que a filha adolescente é apenas estudante, basta entrar em contato com a redação do JORNAL DO ÔNIBUS DE MARÍLIA, pelo telefone (14) 99600-6375 ou se dirigir pessoalmente ao Nikkey Club de Marília. Sempre procurar pelo Professor Jesus que reside ao lado do campo de treinamento número 1.

“Não estamos inventando, a crise vivida pelos venezuelanos é noticiada pelos principais jornais do mundo, que apontam os problemas políticos e econômicos enfrentados pelo governo da Venezuela. O país é governado atualmente pelo presidente Nicolás Maduro, que enfrenta um forte descontentamento da população em relação a sua gestão. Maduro assumiu o governo do país com o propósito de dar continuidade às políticas de seu antecessor, Hugo Chávez. Contudo, a Venezuela vivia tempos difíceis no ano de 2013, quando Maduro tomou posse como presidente. Com uma inflação que ultrapassava 800% ao ano e barris de petróleo apresentando altas em seu preço, o país viu-se imerso em um colapso econômico, que resultou em uma dramática crise humanitária. Faltavam no país insumos básicos para a sobrevivência. Os supermercados não atendiam a população. Faltavam alimentos e medicação. Por causa dessa triste realidade, milhares de venezuelanos decidiram migrar para outros países à procura de trabalho e de melhores condições de vida.

Um dos principais destinos dos venezuelanos é o Brasil. Atualmente, o território brasileiro recebe milhares de pessoas, que buscam oportunidades de inserção no mercado de trabalho e melhor qualidade de vida. Porém, esse intenso fluxo migratório desencadeou diversos problemas em território nacional, principalmente porque a maioria dos imigrantes concentrou-se em um único estado, Roraima.”

“Causas da imigração venezuelana para o Brasil

Segundo a Agência das Nações Unidas para Refugiados, o Brasil é o segundo país mais visado pelos venezuelanos, perdendo apenas para os Estados Unidos. Os imigrantes venezuelanos enxergam no Brasil o refúgio de que necessitam para sobreviver.

Para entrar no território brasileiro, que faz fronteira com a Venezuela por meio do estado de Roraima, os venezuelanos não precisam de visto, podendo permanecer por até sessenta dias apenas como turistas. Em razão da crise que se instalou na Venezuela, o Brasil permitiu que os venezuelanos buscassem refúgio, oferecendo residência temporária e possibilitando que os imigrantes pudessem inserir-se na sociedade. Assim sendo, os venezuelanos acreditam que conseguirão melhores condições de vida no território brasileiro.”

O trabalho das Forças Armadas na Operação Acolhida é montar estruturas para abrigo, fornecer comida, dar transporte, entre outras questões operacionais. Mas o trabalho de lidar diretamente com os venezuelanos nos abrigos fica, em sua maior parte, a cargo da Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).

Porque os venezuelanos são considerados refugiados e não migrantes ? Entenda a diferença.

Dizemos ‘refugiados‘ quando nos referimos a pessoas que fugiram da guerra ou perseguição e cruzaram uma fronteira internacional. E dizemos ‘migrantes‘ quando nos referimos a pessoas que se deslocaram por razões que não se encaixam na definição legal de refugiado.

No passado, a Venezuela abrigou milhares de refugiados da região e de outras partes do mundo. Agora, a quantidade de venezuelanos forçados a deixar suas casas continua a crescer, e um significante número deles precisa de proteção internacional. Mais de 4 milhões de venezuelanos deixaram seu país até o momento, de acordo com dados dos governos que estão acolhendo esse fluxo, fazendo com que essa seja uma das maiores crises de deslocamento no mundo atualmente.

Houve um aumento de 8 mil por cento no número de venezuelanos buscando o reconhecimento do status de refúgio no mundo desde 2014, principalmente nas Américas. Muitos venezuelanos que se encaixam no critério como refugiado não estão se registrando para os procedimentos de refugiados, optando por outras formas legais de estadia, que são mais fáceis e rápidas de se conseguir e que permitem acesso ao mercado de trabalho, educação e serviços sociais.

No entanto, centenas de milhares de venezuelanos permanecem sem documentação ou permissão para residir regularmente em países vizinhos, e, assim, não possuem a garantia de acesso a direitos básicos. Isso os faz particularmente vulneráveis à exploração laboral e sexual, tráfico, violência, discriminação e xenofobia.

A maioria dos refugiados e migrantes da Venezuela chegando em países vizinhos são famílias com crianças, mulheres grávidas, pessoas idosas e pessoas com deficiência. Muitas vezes obrigados a viajar por rotas irregulares em busca de segurança, eles podem ser vítimas de contrabandistas, traficantes e grupos armados clandestinos.

À medida que mais e mais famílias chegam com cada vez menos recursos, elas precisam imediatamente de documentação, proteção, abrigo, alimentos e cuidados médicos.

Países anfitriões e comunidades na Costa Rica, Equador, México, Panamá, Peru e Caribe têm sido generosos ao receber os venezuelanos, mas estão cada vez mais sobrecarregados e alguns estão chegando a um ponto de saturação. Com isto o Brasil é a principal rota de fuga e única esperança pra recomeçar a vida. Confira abaixo alguns depoimentos de refugiados.

“Caminhamos por 11 dias e tivemos que dormir na rua. Nós saímos de lá porque eles ameaçaram nos matar. Meu irmão foi morto… Eles quase me mataram”

Ana, mulher venezuelana no Equador

“Nós deixamos tudo na Venezuela. Não temos um lugar para viver ou dormir e não temos nada para comer”

Nayebis Carolina Figueira, venezuelana de 34 anos que fugiu para o Brasil

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