Segmento vende peças a preço baixo e lucra com volume de saídas; nossa reportagem visitou duas lojas e conversou com clientes dos espaços enquanto acompanhava os sacoleiros.
Faltando um mês para o Natal, as regiões do Brás e da rua 25 de Março, na área central da terra da garoa, estão cheias, mesmo que a cidade ainda em preparativos para as festas de fim de ano, com suas decorações e outras atrações.
O fim de ano torna os destinos de compras em São Paulo ainda mais disputados. Ruas do Brás e do Bom Retiro, assim como a Rua 25 de Março, no Centro de São Paulo, ficam lotadas especialmente de um tipo específico de consumidor: as sacoleiras.
Vindas de diversas cidades do interior do estado, elas sabem escolher exatamente o que cada cliente quer, e são as responsáveis por levar para o interior as novidades da moda. Para Marília não é diferente.
Compreende-se hoje que sacoleiras não são APENAS o pessoal de bancas avulsas nas ruas ou com lojinha no camelódromo. Existem proprietárias de grandes lojas ou aquelas que vendem no porta a porta. O importante é faturar um trocado e aproveitar o momento da Black Friday e claro, o Natal que se aproxima.
Se há cerca de 20 anos existiam apenas 2 ou 3 empresas que faturavam alto com o famoso bate e volta em Marília e região, hoje basta dar uma pesquisada no Google ou nas redes sociais para encontrar pelo menos uma dezena de oficiais, fora as clandestinas. Há público, digo, sacoleiras para todos os dias. Os ônibus saem lotados com empresa que chega disponibilizar dois carros no dia.
Há cinco anos, S. T. G., 42 anos, trocou um cargo de chefia em uma empresa pela opção de sacoleira. Ela afirma que agora tem um salário maior do que quando trabalhava com carteira assinada, e procura deixar as clientes à vontade. “Não troco por nada! Agora sobra mais tempo”, afirmou.
Para ter sucesso nas vendas, essas mulheres que levam as novidades para os consumidores de Marília e região, precisam enfrentar uma rotina que exige sacrifícios e dedicação. O primeiro passo é tomar o ônibus e embarcar em um longo trajeto da capital nacional dos radares até a capital paulista, a 436 km de distância.
Os estacionamentos do Brás, no centro de São Paulo, parecem o pátio de uma grande rodoviária, com ônibus de diversas regiões. O lugar é um encontro de gente que viu as finanças despencarem na pandemia e vê no Brás uma oportunidade para recomeçar.
Somente um shopping popular que funciona há 11 anos tem 6 mil lojas. Ele tem malha, lã, cetim, viscose e outros tecidos. 50% das roupas são fabricadas em São Paulo. A outra metade, pelo país afora e na China.
O forte no Brás é o atacado. Mulheres batalhadoras chegam a levar os filhos para fazer compras para revender. O preço é convidativo, a variedade impressiona e a experiência de comprar no Brás chama a atenção. É preciso comprar no aperto e escolher rápido.
No Brás, as lojas e o trabalho formal estão lado a lado com a feira de rua, que acolhe grande parte dos 2 milhões de paulistanos que vivem na informalidade. Entre eles, se misturam as marilienses que passaram a madrugada na estrada e logo nas primeiras horas da manhã buscam fôlego não sabemos aonde para encher as sacolas até o meio da tarde. APLAUSOS.
Grande opção para quem tem brechós
Uma das lojas preferidas fica no segundo andar de um prédio da Rua 25 de Março, no centro. Grandes pilhas de roupas ficam espalhadas no chão de uma loja. Ao lado de cada pilha, um aviso impresso em papel sulfite informa o cliente sobre o preço das peças. Ou melhor, sobre quanto é cobrado por um quilo delas.
Aberto em 2020 na rua de comércio popular mais famosa da capital paulista, o Bazar Hamuche é um dos exemplos de lojas que vendem roupas por peso em São Paulo.
Nesses comércios, o que define o valor pago em cada peça é apenas o peso que ela tem, o que atrai fãs de uma boa pechincha e os chamados “garimpeiros” de brechós.
“Eu vim pela primeira vez para garimpar, porque tem um mundaréu de roupas. Vou garimpar para ver se tem peças boas para levar para o meu público”, conta C. R., dona de um brechó na zona norte e feirante que falou a nossa reportagem enquanto fazia compras no Bazar.
O espaço da Hamuche é feito majoritariamente com roupas novas, ainda etiquetadas, e que saíram de linha nas lojas tradicionais da marca ou apresentaram algum defeito simples de fabricação.
Além dos itens fabricados pela própria Hamuche, são vendidas ali marcas como Malwee e Piticas. As irmãs Laís e Elis realizam vendas via internet e sob encomendas e descobriram o bazar por meio de um vídeo no Instagram e, assim como o caso anterior, foram até lá para “garimpar”. Elas estavam desempregadas e começaram a “sacolar” como bico, hoje, não querem mais se tornar empregadas.
A gerente do espaço, Adriana Silva, conta que o público dos brechós foi um dos primeiros a “descobrir” o bazar, mas que em pouco tempo a loja passou a atingir outros clientes. “Começou com brechó, mas fez sucesso e atingiu dona de casa, blogueira e até médico”, diz ela.
Na hora de pagar, os clientes levam tudo até o caixa e descobrem o preço final na balança. A gerente diz que, com um quilo de roupa, é possível comprar até quatro bermudas jeans de adulto.
Roupa infantil
Se as roupas forem infantis, o volume é ainda maior, com até 10 itens por um quilo. A loja Moda & Kilo, no Brás, também no centro de São Paulo, é focada em peças para crianças e vende roupas novas de marcas como Brandili, Fakini e Marisol.
Nesse caso, não há pilhas de roupas, e as peças ficam em araras. O preço do quilo varia consoante a marca escolhida e pode ir de R$ 80 a R$ 300. A empresária A. Z., proprietária de uma famosa loja da cidade, visitou o espaço pela primeira vez às vésperas do Dia das Crianças e gastou R$ 483,34 para comprar 24 peças. Uma média de R$ 20 por item.
Dicas para você comprar sem erros na região do Brás, em SP
De acordo com um estudo da Cortex, plataforma de inteligência de vendas, o comércio varejista de vestuário e acessórios liderou a abertura de novos negócios no país em 2022, com mais de 174 mil empresas iniciando suas atividades. Dados do IBGE confirmam o quanto esse setor impacta a economia, movimentando, somente em 2021, R$ 194 bilhões.
O bairro do Brás, localizado em São Paulo, é um dos principais responsáveis por impulsionar inúmeras lojas brasileiras, independentemente do tamanho do comércio, do público e da região do país.
“Mesmo o Brasil oferecendo outros polos de moda ao lojista, é no Brás que as coisas acontecem. Além da alta concentração de confecções de atacado, conhecidas nacionalmente e internacionalmente, o bairro é pioneiro em lançar modelos que serão sucesso conforme as estações do ano”, explica a empresária Karyna Terrell, uma das criadoras do canal Brás Aqui, com mais de 3 milhões de seguidores nas redes sociais, e autora do livro “Compre bem para vender muito bem” (Editora Maquinaria).
Faturamento de R$ 12 bilhões por ano
Os números constatam o poder do bairro como maior polo atacadista de moda da América Latina. Segundo levantamento da Associação de Lojistas do Brás (ALOBrás), são 55 ruas comerciais, 15 mil estabelecimentos (já contando lojas de rua, shoppings e galerias), um faturamento estimado em R$ 12 bilhões por ano, 200 mil empregos diretos, 400 mil indiretos e uma média de circulação diária de 400 mil pessoas.
“O Brás abriu espaço para o setor popular da moda no Brasil, expandiu com as peças e os preços e, nos últimos anos, registrou o aumento de pequenos confeccionistas que trouxeram diversidade em produtos com valores acessíveis”, argumenta a empresária.
O bairro se tornou referência não apenas de tendências, mas também de fomentação de negócios e economia. “Atendendo grandes estabelecimentos ou trabalhadores da informalidade, os conhecidos sacoleiros, ele se tornou atrativo porque alcança todo o país, desde pessoas que querem empreender até aquelas que buscam poupar na hora de comprar roupas, calçados e acessórios para a família”, completa.
“Além de todo o acervo de moda, o Brás oferece opções de eletrônicos e conta com bons restaurantes, hotéis e opções de turismo, o que facilita a circulação de inúmeros compradores”, que também chama a atenção para a proximidade do bairro da rua 25 de março e do Bom Retiro, também considerados centros comerciais de fácil acesso e grandes oportunidades de negócios.
4 dicas para comprar bem no Brás
- Elabore um plano de acordo com o nicho do seu negócio
“Definir quantidade de produtos, variações, tamanhos é o primeiro passo para não ficar com peças paradas no estoque. Compreender seus compradores também faz com que suas aquisições sejam mais certeiras na hora de vender”, salienta. - Use um mapa da região
“O Brás é muito grande e tem locais específicos para calçados, acessórios, produtos de boutique e compras em grandes quantidades. É bom entender o bairro para não se perder”, sugere Karyna. - Compras de varejo são liberadas às sextas e sábados
Organize-se nesses dias para fazer suas compras de forma mais efiiene. - Conheça seus fornecedores
“É recomendado que a primeira compra seja presencial, para conhecer as confecções e verificar se o produto atende as expectativas do seu cliente”, reforça a empresária.
Confira nossas dicas de segurança para você fazer compras no Brás.
O pessoal que já se acostumo a rotina sabe como se cuidar, afinal São Paulo não é para amadores. Se você se sentiu motivada a arriscar e está pensando em aproveitar as melhores ofertas do maior polo varejista e atacadista do Brasil, vale a pena.
No entanto, para você ter um passeio tranquilo e garantir boas compras, em qualquer lugar que seja, é necessário estar atento ao ambiente e sempre alerta para evitar furtos e estragar as compras do dia. O JORNAL DO ÔNIBUS DE MARÍLIA, O NOSSO JORNAL, preparou algumas dicas para você. Confira;
Vá acompanhado
A melhor dica é ir acompanhado para fazer compras no Brás e também repassar as dicas de segurança ao seu acompanhante. Assim, além de estar mais seguro por evitar estar sozinho, é um bom momento para ter um ajudante com as compras e sacolas! Convide algum amigo paciente e simpático para enfrentar as compras com você!
Grande aglomeração de pessoas
Fique sempre atento, pois a grande quantidade de gente circulando e pessoas muito próximas umas das outras facilitam a ação de batedores de carteira. Muitas vezes você pode ter suas compras, sua bolsa ou seu celular furtados sem nem perceber, só se dando conta do estrago horas depois!
Atenção sempre!
Nunca perca o contato visual com suas bolsas, carteiras, celular e sacolas.
Deixe tudo sempre próximo a você, tanto quando estiver andando na rua como quando estiver dentro de alguma loja ou restaurante. Como o movimento de pessoas é muito grande, os estabelecimentos não podem se responsabilizar por objetos roubados.
Não leve crianças
Além de ser um ambiente muito estressante para as crianças, por ser barulhento e lotado, é muito perigoso levar crianças: elas se locomovem mais devagar e pode ser perigoso ficarem no meio da multidão, além de se perderem dos pais.
Grande quantidade de compras
Se você fez muitas compras, tente diminuir a quantidade de sacolas e concentrar todas as peças em uma sacola só. Assim, fica mais fácil de segurar e controlar se está tudo com você. Quando você está com muitas sacolas, a probabilidade de esquecer uma em algum lugar ou alguém roubar uma sem você perceber é grande.
Cuidado com caixas eletrônicos
Se o dinheiro acabar e você precisar utilizar um caixa eletrônico, muito cuidado na hora de realizar o saque. Fique atento à aproximação de pessoas estranhas que podem olhar sua senha ou ficar à espreita para realizar roubos quando você sair com o dinheiro em mãos.
Não descuide do celular
Nada de ficar usando o celular na rua desatento ao seu redor. Evite falar ao telefone distraidamente, tirar selfies ou ficar com o celular muito exposto, pois isso pode chamar atenção de pessoas mal intencionadas e, infelizmente, você pode ser roubado em questão de segundos.
Caso isso aconteça, você pode fazer um boletim de ocorrência. Você precisa ter o número IMEI do seu celular (um código que o torna único) para poder realizar o bloqueio do aparelho. Para consultar o IMEI do seu celular, digite *#06#
Cuidado com a carteira
Evite tirar sua carteira do bolso e ficar contando dinheiro em público, principalmente em lugares como bares, lojas e locais muito movimentados.
Seja sempre discreto ao contar seu dinheiro, aonde quer que esteja. E, se possível, pague somente no cartão nas lojas que aceitam esse tipo de pagamento.
Não abra a bolsa em público
Assim como você deve evitar tirar sua carteira do bolso no meio de muita gente, não abra a bolsa em público para procurar suas coisas. Falando em bolsas, para ter mais segurança ao realizar compras no Brás, prefira os modelos pequenos, para levar somente o necessário, e carregue-as sempre à frente do corpo e com o zíper fechado.
Não vá de carro
Uma dica muito valiosa de segurança para fazer compras no Brás é evitar ir de carro. Prefira ônibus e metrôs, que são mais práticos e te deixam exatamente no coração do Brás.
Ao ir de carro, além de gastar mais com estacionamento, você enfrentará um trânsito pesado e lento, pois a quantidade de pessoas circulando no Brás é enorme, muitas vezes andando pela rua por não caberem nas calçadas.
Cuidado ao pedir um táxi
Ao pedir um táxi ou serviço de transporte por aplicativo, escolha um local seguro para não ter seu celular roubado. Fique atento também ao modelo do carro, placa, nome e foto do motorista selecionado, para conferir se são os mesmos indicados pelo app.
Enfim, não pensem que é moleza. A batalha, embora curta, é árdua, mas vale todo o esforço deste povo que não desiste nunca. Se você gostou da matéria, compartilhe com o seu grupo e nos inclua em sua próxima viagem. Será um prazer desfrutar de momentos tão divertidos.
DIRETO DO PLANTÃO DE NOTÍCIAS