Ex-presidente queixou-se da retirada de seus carros blindados e do afastamento de quatro assessores que atuavam na sua segurança

Em comício realizado em Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, nesta quinta-feira (25), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que o sistema quer “facilitar seu assassinato”. Como argumento, ele citou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retirou seus dois carros blindados, e que, por medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), quatro assessores que atuavam na sua segurança foram proibidos de se comunicar com ele.

Na ocasião, Bolsonaro mencionava o atentado contra a vida do ex-presidente e candidato do partido Republicano à Casa Branca, Donald Trump. Na sequência, ele questionou por que o Serviço Secreto foi tão negligente quanto à segurança de Trump, e fez um paralelo com seu caso.

– No meu caso, quando voltei para o Brasil, pela Presidência, tinha direito a dois carros. Lula pessoalmente me tirou os dois carros blindados. Tenho direito a oito funcionários. Os quatro que trabalhavam na minha segurança, por medidas cautelares, me tiraram os quatro que trabalhavam na minha segurança. Até o meu filho, o “02” [Carlos Bolsonaro], ao tentar renovar seu porte de arma, foi negado pela PF – queixou-se.

De acordo com o ex-líder do Planalto, o que ocorre nos Estados Unidos reflete-se como um “espelho” no Brasil.

– Eles querem facilitar. Eles não querem mais me prender, querem que eu seja executado. Não posso pensar outra coisa. Mas tem uma coisa, o que acontece nos EUA nos últimos anos, como um espelho, vem acontecendo no Brasil. Eu acredito na eleição de Donald Trump em novembro – garantiu.

Os assessores citados por Bolsonaro são Marcelo Câmara, Max Guilherme, Osmar Crivelatti e Sérgio Cordeiro. Eles são investigados pelo STF, sob suspeita de tentativa de golpe, envolvimento no caso das joias e fraude em cartão de vacinação.

Após a imprensa veicular que, mediante essas falas, Bolsonaro teria acusado Lula e a Suprema Corte de tentarem facilitar sua execução, o ex-presidente negou, frisando que se referia ao “sistema como um todo”.

– Eu estava me referindo ao sistema como um todo. O sistema é uma coisa mais ampla. Sou um cara que importuna o sistema, querendo ou não. Não defendo prisão de Alexandre de Moraes. Nem toco no assunto. Você não vê a palavra “Supremo” na minha boca em nenhuma dessas minhas andanças. Não bato em [Rodrigo] Pacheco, [Arthur] Lira, no STF. Só bato no Lula. (…) Lula está f****** a gente – disparou em entrevista nesta sexta-feira (26) à coluna de Guilherme Amado, do portal Metrópoles.

O STF não se pronunciou sobre as falas de Bolsonaro. A Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), por outro lado, disse que ex-presidentes têm direito a dois carros, mas não há especificação de que tenham de ser blindados. Também afirmou que ele faz uso das nomeações de servidores que lhe são garantidas por direito.

– As regras para ex-presidentes são as previstas na Legislação (Lei nº 7.474/1986) e são as mesmas para todos os ex-presidentes: nenhum deles têm veículo blindado à disposição. Sobre as medidas cautelares, cabem resposta do Poder Judiciário. O ex-presidente Jair Bolsonaro tem livre direito para apontar qualquer nome para sua segurança, conforme previsto na lei. O ex-presidente Jair Bolsonaro não tem nenhum direito extra àqueles previstos na legislação – replicou a pasta.

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