Saldo do Dia: Segue a pressão do rali dos títulos americanos fazendo ações no mundo todo sangrarem. Nesta sessão, sob impacto da ata da última reunião do BC dos EUA. Novas altas de juros seguem à mesa por lá, bem como o risco de recessão na maior das economias. Ações da Petrobras até nadaram contra a maré. As da Eletrobras, não

A bolsa do Brasil cravou nesta quarta-feira (16) histórica sua 12ª queda seguida. Foi a maior sequência negativa desde o período Cenozoico, diriam os geólogos. Ou, para os físicos, desde o Big Bang. Ou desde Adão e Eva, podem preferir os mais religiosos. Enfim, desde a criação em 1968, nunca o Ibovespa, principal índice da bolsa, tinha ficado tantos pregões sem subir – mostra levantamento do Valor Data.

Por pouco o dia foi salvo pela Petrobrás. Mas, pelo segundo pregão seguido, ficou no “quase”. E nada de a bolsa fechar no azul pela primeira vez em agosto.

  • O Ibovespa subiu 0,50%, a 115.592 pontos. Na semana, perda de 2,10% até aqui. Em agosto, queda de 5,21%. Em 2023, alta de 5,33%.

A política de combustíveis da Petrobras segue nebulosa. Mas, diferentemente do pregão passado, as ações da estatal mantiveram até o fim do dia o fôlego tomado aos descongelar preços de gasolina e diesel. Que seguem ainda defasados da média praticada pelo mercado. No entanto, menos. E, palavras de seu presidente Jean Paulo Prates, a companhia seguirá fazendo quantos reajustes forem necessários para se manter lucrativa.

Talvez falte combinar com a ala política do governo? Talvez. Mas é aquela história: antes alguém minimamente pragmático que o total terraplanismo econômico. No caso da política econômica, quem não tem Paulo Guedes caça com Fernando Haddad. Do mesmo modo, quem não tem o último presidente da Petrobrás festejado na Faria Lima, Roberto Castello Branco, caça com Prates mesmo.

  • As ações da Petrobras fizeram valer o peso dos 12% de espaço ocupados na composição do Ibovespa. Contiveram o estrago ao figurarem na minoria de 19 entre 85 ações em alta na carteira teórica. Os papéis ordinários (ON, com direito a voto em assembleias) subiram 2,95%. Preferenciais (PN, com preferência por dividendos), 2,20%.

Entre as quedas, ajudando a empurrar o índice ainda mais para baixo, estiveram as ações da Eletrobras. A privatização da companhia segue sob ataques governistas, intensificados após os apagões de 24 horas antes. Nesse contexto, suas ações entraram em queda livre do fim do pregão após decisão da Procuradoria-Geral da República (PGR)governo como acionista da companhia.

  • As ações ON da companhia fecharam em queda de 3,56%. As PNB caíram 4,43%.
  • A carteira teórica mais famosa do Brasil, do Ibovespa, girou R$ 26 bilhões.

Do mais, investidores internacionais seguem sendo levados a reduzir exposição a bolsas. Mas, com algum alívio vindo de Brasília, a aversão ao risco perdeu alguma força por aqui.

A divulgação da ata da última reunião do banco central dos Estados Unidos (Federal Reserve, o Fed) manteve acesa possível nova alta de juros por lá.Foi mantida à mesa, assim o risco de a maior das economias entrar em recessão. Nesse ambiente, a segurança dos títulos americanos segue ganhando atratividade. E ainda mais porque a segunda maior das economias, a China, não atende às expectativas de remediar em escala global o impacto do mau momento ocidental.

Ao menos, no Brasil, a agenda econômica parece prestar a sair da paradeira. O recesso parlamentar acabou no começo do mês, mas nem parece. O presidente da Câmara, Arthur Lira, vai empurrando com a barriga a aprovação do arcabouço fiscal, que já era para ter saído em julho. O ministro Haddad também não ajudou nos últimos dias, criticando justamente quem mais precisa para colocar seus planos em prática: os deputados do Centrão.

Mas, arestas aparadas, Lira andou falando que da próxima semana não passa a batida de martelo para o novo marco fiscal virar realidade. Ajudou a manter o câmbio no zero a zero.

  • O dólar fechou o dia em queda de mero 0,01%, a R$ 4,99. Na semana, alta acumulada de 1,69% até aqui. Em agosto, de 5,44%. Em 2023, queda de 5,53%.

Na curva de juros futuros brasileira a, ao menos no curto prazo, taxas andaram na contramão das internacionais:

  • Prêmios em contratos de mais curto prazo estão mais ligados às expectativas de investidores para a Selic. Taxas de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 andaram de lado pelos 12,46%;
  • Já para janeiro de 2033, de 11,18% a 11,24%. Quão mais longo o prazo, maior a influência do cheiro de calote do governo (“risco fiscal”, se preferir).

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