Já é impossível fechar os olhos ao caos que vive a cidade. Em 45 dias, perdemos 8 vidas, sem computar as tentativas em número ainda maior que geralmente não são divulgadas. Marília vive uma calamidade como nunca visto, mesmo com a cidade carregando o título de campeão de ocorrências desta natureza no interior do estado de São Paulo, perdendo apenas para Ribeirão Preto.

O que nos assusta é a inércia da administração municipal e secretaria da saúde. Que fique bem claro, que não estamos a culpá-los, mas cobrá-los de uma ação sobre o assunto. Poderíamos comparar a um navio afundando em plena tempestade enquanto o comandante adormece após uma taça de vinho. Algo precisa ser feito com a união de universidades, igrejas, clubes de serviço e demais autoridades. Do jeito que está é inaceitável o silêncio como se nada tivesse acontecendo.

O JORNAL DO ÔNIBUS DE MARÍLIA, deixa bem claro que não divulga o assunto como interesse sensacionalístico, mas como alerta para uma causa de política de saúde pública emergencial. O caso mais recente foi registrado ontem, sexta-feira (13) quando um músico e funcionário aposentado do DAEM colocou fim a sua própria vida na zona norte da cidade. Recentemente a página MARÍLIA CENTENÁRIA que faz parte da grade de nosso site publicou uma matéria sobre o cuidado com os nossos viadutos. Confira o link abaixo;

A cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio no mundo. Por ano, são cerca de 800 mil pessoas que tiram a própria vida e um número ainda maior tenta fazê-lo. No mundo, é a segunda maior causa de mortes entre jovens de 15 a 29 anos. No Brasil, são 32 mortes diárias, o que significa que o suicídio mata mais brasileiros do que doenças como a AIDS e o câncer.

O volume assustador deu origem ao Setembro Amarelo, movimento de valorização da vida. Neste 10 de setembro, “Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio”, somos convidados a refletir nossas atitudes com o próximo e a olhar para nós mesmos: estamos de fato dando a devida atenção à saúde emocional e psíquica, principais fatores de risco ao suicídio?!

As redes sociais, que podem ser demasiadamente cruéis em muitos momentos, entram como aliada ao Setembro Amarelo. Curtidas, likes, comentários positivos, elogios… pequenas gentilezas diárias podem ser motivadoras e levar positividade a quem esteja precisando.

No dia a dia, olhar atentamente a família, amigos e colegas de trabalho e oferecer ajuda quando julgar necessário também contribuem com a prevenção ao suicídio. Falar sobre o assunto sem que seja um tabu é fundamental para estimular que pessoas busquem auxílio profissional, necessário para o tratamento correto das causas que levam a essa atitude.

Causas

Entre os principais motivos que levam uma pessoa ao suicídio ou a uma tentativa estão os transtornos de humor como depressão e transtorno bipolar; abuso de drogas lícitas e ilícitas; dores crônicas; doenças graves como câncer e HIV; problemas financeiros, familiares e amorosos. Além destes, conflitos de gênero, abusos (principalmente aqueles sofridos na infância) e perda de entes queridos podem desencadear ações suicidas. 

As taxas de suicídio também são elevadas nos grupos de minoria, como indígenas, imigrantes e refugiados, gays, lésbicas, transexuais e transgêneros. Mas o fator de risco mais preocupante e que mais precisa nos deixar em estado de alerta, é a tentativa anterior ao suicídio.

Como contribuir com a prevenção do suicídio

Pensando nestes dados, é preciso estarmos cada vez mais atentos aos nossos filhos, pais, irmãos, colegas de trabalho, todos a nossa volta, pois os sinais existem, muitas vezes de forma clara, com frases como: “Vou fazer meu testamento, pois não sei até quando estarei aqui”, “Não sei até quando suportarei essa situação”, “Minha vida não tem mais sentido”. Ao invés de levar na brincadeira, achar que a pessoa está sendo dramática, exagerada, ou até mesmo querendo chamar atenção, vamos dar a devida importância: isso pode ser um pedido de socorro.

É papel de cada indivíduo e também do governo prestar suporte e estar atento ao sofrimento das pessoas. Isso significa estar presente, ouvir atentamente, chamar por ajuda que muitas vezes deve vir por um psicólogo ou psiquiatra, mas muitas vezes pode vir de alguém que não é um profissional da saúde, mas que está disposto a ouvir, a praticar a empatia e a se colocar no lugar do outro.

A grande pergunta que fica no ar sobre quantos psicólogos temos na rede municipal e a disposição da população e quais as estratégias utilizadas para detectar pessoas em depressão nos bairros de nossa cidade. Quantas destas pessoas já passaram por atendimento e desfrutam de acompanhamento?

Uma importante frente de prevenção ao suicídio é ampliar ações de educação e conscientização da população sobre temas como transtornos mentais. É imprescindível incentivar as pessoas a buscarem ajuda se precisarem, enfatizando que o suicídio é uma morte evitável.

Se você conhece alguém que dá sinais de estar com problemas, sejam quais forem, converse. Falar sobre suicídio não dará a ela ideia sobre uma alternativa para acabar com o sofrimento e sim uma possibilidade de ajuda. Ou se você mesmo se encontra em um momento difícil, procure pessoas e profissionais que possam te ajudar ou ligue para 188, Centro de Valorização da Vida (CVV). Cada suicídio é uma tragédia que afeta famílias, comunidades e países inteiros, com efeitos duradouros sobre as pessoas deixadas para trás.

Por que é tão importante falar sobre a prevenção ao suicídio?

Você já ouviu o mito de quem quer se matar não avisa? Na verdade, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 50% e 75% das pessoas que tentam suicídio falam sobre seus pensamentos suicidas, sentimentos e planos antes do ato.

A OMS ainda alerta que 90% desses casos poderiam ter sido evitados. Isso porque a maioria deles está relacionado a doenças mentais, que, assim como qualquer outra doença, tem diagnóstico, tratamento e prevenção. Conversar francamente sobre o tema, identificar os sinais de risco e oferecer ajuda são as melhores formas de enfrentar o problema.

O suicídio ainda é um tabu

Difícil de ouvir e mais difícil ainda de falar. O suicídio é considerado um assunto bastante desconfortável e, assim como muitos temas ligados à saúde, o preconceito e a desinformação atrapalham o direcionamento adequado do problema.

O tema ainda é considerado assunto proibido na sociedade, principalmente pela crença de que mencioná-lo pode estimular as pessoas a cometerem o ato. Porém já foi comprovado que falar sobre o assunto pode até reduzir os riscos de uma pessoa cometer o suicídio. Isso porque, segundo especialistas, na maioria das vezes, um simples diálogo consegue aliviar o sofrimento emocional em uma situação de crise.

Há ainda muito tabu em torno de doenças mentais e isso leva quem sofre a não querer se abrir, por medo de julgamento ou até mesmo por não saber que está doente. Procurar ajuda psicológica é visto na nossa sociedade como “coisa de doido”. Isso dificulta a oferta de ajuda, sendo ela de pessoas próximas ou de um profissional.

Para que a prevenção aconteça, de fato, é necessário que primeiramente as pessoas parem de rotular doenças mentais como mera tristeza, frescura ou preguiça.

Como identificar alguém que precisa de ajuda?

O suicídio pode ser prevenido e, embora seja uma questão complexa que envolve muitos fatores –como a colaboração entre profissionais da área da saúde, familiares e serviços de tratamento–, a prevenção pode começar com o reconhecimento dos sinais de alerta.

Se você percebeu que alguma pessoa próxima fala em algum momento algo como “queria dormir para sempre” ou “sou um peso para os outros, vocês estariam melhor sem mim”, tente conversar com ela imediatamente mostrando abertura, empatia e respeito.

Puxar uma conversa e ouvir –sem julgar ou relativizar o sofrimento da pessoa– é o primeiro passo para reduzir o nível de desespero suicida. A etapa seguinte  é incentivá-la a buscar ajuda profissional.

Por mais que seja importante termos alguém para desabafar, só o ombro amigo não é solução para os casos em que a pessoa está considerando tirar a própria vida. Não é todo mundo, que está preparado para ouvir demanda de suicídio; dizer algo equivocado pode fazer a pessoa piorar, ainda que essa não seja a intenção.

Aqui fica uma dica importante: deixe que a pessoa fale, sem emitir julgamentos ou opiniões sobre o assunto. É muito importante se mostrar presente e deixar bem claro que sua vontade é apenas ajudar.

Além de não ignorar esse tipo de fala, é preciso estar atento a outros fatores. Segundo o CVV, alguns dos sinais de alerta são:

– tristeza intensa e prolongada por várias semanas;

– perda de interesse em atividades que antes davam prazer;

– falta de planos para o futuro;

– postagens relacionadas ao suicídio e depressão profunda nas redes sociais;

– começar a se despedir de lugares e pessoas importantes;

– doação inexplicada de objetos valiosos.

Você pode desempenhar um papel crucial ajudando alguém que está lidando com pensamentos suicidas, mas lembre-se: se você não for um profissional da área, há limites do que pode fazer. Seu objetivo deve ser obter a ajuda profissional que a pessoa precisa.

Setembro é o mês mundial da prevenção ao suicídio, porém é preciso ter a consciência de que não é só neste mês que o sofrimento emocional acontece. Não podemos esperar mais oito meses para fazer uma campanha com distribuição de lacinhos. MARÍLIA PEDE SOCORRO e alguém muito próximo a nossa casa pode estar precisando de ajuda, até mesmo em nossa família. Você pode salvar uma vida. Abrace esta causa e compartilhe essa matéria para o maior número de pessoas possível, até que consigamos despertar nossas autoridades constituídas.

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