Parecia tudo ensaiado em razão do resultado do processo eleitoral do último domingo. A rivalidade que deveria se resumir ao futebol ganhou proporções perigosas em Brasil x Argentina. Houve briga generalizada nas arquibancadas do Maracanã durante a execução dos hinos dos países. Tudo teria começado a partir do momento em que “alguns” torcedores brasileiros provocaram os adversários.

Em meio às trocas de socos e pontapés, homens da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro precisaram agir com uso de força para conter os ânimos dos mais exaltados. Cadeiras foram arremessadas em direção aos policiais e até mesmo os jogadores argentinos se dirigiram à beira de campo para pedir calma aos aficionados.

O setor do Maracanã onde ocorreu a confusão fica atrás do gol à direita da câmera principal de transmissão da partida. O espaço era misto – ou seja, argentinos e brasileiros, teoricamente, poderiam ficar juntos. O clima hostil no estádio acabou interferindo no princípio do jogo: a bola rolou apenas às 22h, com meia hora de atraso.

Brasil leva gol de cabeça da Argentina e perde a terceira seguida nas Eliminatórias

Em noite marcada por cenas de violência nas arquibancadas do Maracanã, o Brasil amargou a terceira derrota consecutiva nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026. Nesta terça-feira (21/11), a Argentina se mostrou eficiente na defesa e aproveitou uma das poucas oportunidades que teve no jogo da sexta rodada do torneio qualificatório. Aos 17 minutos do segundo tempo, Lo Celso cobrou escanteio, e Otamendi cabeceou no ângulo para garantir o resultado de 1 a 0.

Desfalcada de Neymar por longo período e Vini Jr de “última hora”, a Seleção Brasileira até fez duelo equilibrado com a Argentina. Quando o confronto estava empatado, Gabriel Martinelli teve duas boas chances para abrir o placar: na primeira, o zagueiro Romero salvou quase em cima da linha; na segunda, o goleiro Dibu Martínez defendeu de forma arrojada.

Após sofrer o gol, o Brasil ficou em situação ainda mais difícil ao perder o volante Joelinton por expulsão. No fim, os torcedores gritaram “time sem vergonha” para os convocados de Fernando Diniz, enquanto a “hinchada” argentina comemorou bastante a vitória dos campeões da Copa do Mundo de 2022.

Classificação e próximos jogos

Ao conhecer o terceiro revés consecutivo nas Eliminatórias – também perdeu para Uruguai (2 a 0) e Colômbia (2 a 1) -, o Brasil fechou a rodada na sexta posição, com sete pontos. Já a Argentina chegou a 15 pontos, no topo da classificação.

A sétima e oitava rodadas das Eliminatórias da Conmebol serão somente em setembro de 2024. O Brasil jogará em casa contra o Equador e, posteriormente, sairá para medir forças com o Paraguai. Por sua vez, a Argentina recebe o Chile e, em seguida, visita a Colômbia.

Primeiro tempo

O primeiro tempo de Brasil x Argentina foi marcado por disputas ríspidas de bola, várias faltas cometidas e sucessivas paralisações. O árbitro chileno Piero Maza deu cartões amarelos a Gabriel Jesus, Raphinha e Carlos Augusto, mas não advertiu nenhum atleta da albiceleste.

Embora a Argentina tenha ficado com a bola na etapa inicial – talvez em uma estratégia para segurar o empate fora de casa -, o Brasil criou as melhores situações. Na chance mais clara, aos 43 minutos, Gabriel Martinelli pegou rebote de escanteio e chutou no canto esquerdo. Romero fez corte providencial após a redonda passar por Dibu Martínez.

Segundo tempo

No segundo tempo, Fernando Diniz manteve a formação brasileira no 4-2-4, porém precisou mudar a defesa porque Marquinhos sentiu fisgada na coxa esquerda. O treinador colocou Nino, um de seus comandados no Fluminense.

O Brasil começou o segundo tempo com disposição, apesar de esbarrar na falta de entrosamento na construção ofensiva. O placar poderia ter sido aberto aos 12 minutos, quando Gabriel Jesus fez fila na defesa da Argentina e, sem querer, serviu a Gabriel Martinelli. Livre, o camisa 7 chutou em cima do goleiro Dibu Martínez.

Gol da Argentina

A chance desperdiçada pelo Brasil custou caro, pois a Argentina foi eficiente na bola parada. Aos 17 minutos, Lo Celso cobrou escanteio com efeito, e o zagueiro Otamendi, que defendeu o Atlético em 2014, cabeceou no ângulo direito de Alisson: 1 a 0.

A partir dali, foi possível ouvir os cantos da torcida argentina com mais clareza, enquanto o público brasileiro lidava com um misto de irritação e nervosismo a cada lance malsucedido dos atletas de verde e amarelo.

Mudanças e expulsão

Diniz tentou renovar o gás do Brasil ao recorrer a Joelinton e ao jovem Endrick, de 17 anos, muito aplaudido pelo público no Maracanã. Depois, mandou a campo Douglas Luiz e Raphael Veiga. Na Argentina, Lionel Scaloni trocou o craque Messi por Di María, além de, entre outras substituições, reforçar a marcação com o volante Leandro Paredes.

A vida do Brasil se complicou de vez aos 36 minutos, quando Joelinton se irritou ao ser agarrado por De Paul, atingiu o rosto do adversário com um empurrão e tomou cartão vermelho direto. O meio-campista do Newcastle permaneceu apenas dez minutos em campo. Coube à Argentina administrar a vantagem e sair com os três pontos que asseguram a liderança das Eliminatórias.

BRASIL 0X1 ARGENTINA

Brasil: Alisson; Emerson Royal, Marquinhos (Nino, no intervalo), Gabriel Magalhães (Joelinton, aos 26 do 2T) e Carlos Augusto; André e Bruno Guimarães (Douglas Luiz, aos 32 do 2T); Raphinha (Endrick, aos 26 do 2T), Rodrygo, Gabriel Jesus e Gabriel Martinelli (Raphael Veiga, aos 32 do 2T). Técnico: Fernando Diniz

Argentina: Martínez; Molina, Romero, Otamendi e Acuña (Tagliafico, aos 20 do 2T); De Paul, Enzo Fernández (Paredes, aos 24 do 2T), Mac Allister e Lo Celso (Nicolás González, aos 24 do 2T); Messi (Di María, aos 32 do 2T) e Julián Álvarez (Lautaro Martínez, aos 32 do 2T). Técnico: Lionel Scaloni

Motivo: 6ª rodada das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2026
Estádio: Maracanã, no Rio de Janeiro
Data: terça-feira, 21 de novembro de 2023

Gol: Otamendi, aos 17 do 2T (Argentina)
Cartões amarelos: Gabriel Jesus, Raphinha e Carlos Augusto (Brasil)
Cartão vermelho: Joelinton (Brasil)

Árbitro: Piero Maza (CHI)
Assistentes: Claudio Urrutia (CHI) e Miguel Rocha (CHI)
VAR: Juan Lara (CHI)

Público: 68.138
Renda: R$ 19.989.700,00

ANÁLISE: Para ir à Copa, o Brasil precisa de Ancelotti como presente de Natal

Querido Papai Noel, sei que ainda é cedo para te escrever uma cartinha, mas é que bateu o desespero. Perder para a Argentina dói, mas, convenhamos, é normal. Porém, perder três jogos consecutivos e ficar na sexta colocação das Eliminatórias, não é comum para uma seleção que é pentacampeã mundial.

Pelo menos a competição só volta em setembro do ano que vem, dá tempo para arrumar a casa. E, para isso, seria importante Carlo Ancelotti chegar.

É inegável que o Fernando Diniz fez uma ótima temporada pelo Fluminense e tem os seus méritos de ter chegado à Seleção Brasileira. Porém, o modelo de jogo que ele propõe é complicado de ser colocado em prática com pouco tempo de trabalho. E é visível que não vai dar certo, principalmente quando boa parte da base da equipe veio de uma filosofia completamente diferente nos últimos dois ciclos de Copa do Mundo.

A geração brasileira tem passado por um período de transição, é bem verdade, mas ele não acontece do dia para a noite. E fazer isso junto de um processo de adaptação no estilo de jogo, talvez seja suicídio, mesmo com seis vagas para o próximo Mundial.

Será muita seleção promovida? Sim. Mas, ao mesmo tempo, faz tempo que não vemos gerações tão competitivas no Equador ou na Venezuela, por exemplo. Seleções que dificilmente faziam frente ao Brasil, mas que agora não só disputam como estão na frente da Amarelinha na classificação.

A Seleção Brasileira já perdeu um ano da sua caminhada até a Copa do Mundo em 2026 e não pode se dar ao luxo de desperdiçar mais um. Nem seis meses sequer. Permanecer com Diniz para a próxima temporada será um erro pior do que esperar a boa vontade de Ancelotti.

Presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues precisa urgentemente cobrar uma decisão de Ancelotti. A chegada dele seria essencial. É um treinador europeu à brasileira, que respeita a criatividade dos jogadores tupiniquins, mas que tem na sua filosofia a academia europeia que tem dominado os conceitos do futebol mundial. O italiano é, sem dúvidas, o nome ideal para assumir a Amarelinha. Se ele quiser.

E se não quiser, os responsáveis pela Seleção precisam correr o mais rápido possível para acertar com um treinador em definitivo, que não represente uma ruptura de ideias e que, além do futebol de filosofias, apresente resultados imediatos. E essa pessoa não é Fernando Diniz.

Então, querido Papai Noel, ouça esses mais de 200 milhões de “bons meninos” e dá aquela força aí.

DIRETO DO PLANTÃO ESPORTIVO

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