Já pensou se a moça do censo bater na sua porta e perguntar qual o seu maior fetiche sexual? Bizarro, não? Mas não foi bem assim. Uma pesquisa realizada pela sextech Pantynova, analisou os fetiches mais comuns dos brasileiros. O “Censo do Sexo” foi realizado com 1813 brasileiros de todos os gêneros, orientações sexuais e residentes de todas as regiões do Brasil. O público mais alcançado foram os da Geração Z, nascidos a partir de 2000, e Millennium, nascidos a partir dos anos 80, e moradores do Sul e Sudeste do país.

Os resultados do estudo apontaram o famoso ménage como o campeão entre todos: heterossexuais, bissexuais e homossexuais. 51% dos entrevistados revelaram esses desejos. Em seguida veio o que chamamos de exibicionismo, o sexo em público.

O BDSM ficou em 3º lugar. A sigla se refere a “Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo” que é um conjunto de práticas consensuais não convencionais, um jogo entre adultos que oferece prazer mútuo, onde pode envolver restrição física, humilhação e dor.

No final do ranking ficaram o Golden Shower (envolve o processo de urinar no parceiro), o cross dressing (usar vestimentas do sexo oposto) e o fetiche por pés, completando a lista.

Quando separado pela orientação sexual, segundo a pesquisa, o cenário muda um pouco. Os heterossexuais tem como segunda opção de desejo o sexo anal, enquanto os bissexuais se interessam nas práticas de prazer pela dor. Os homossexuais já colocam o Voyerismo em terceiro lugar (quando tem interesse em ver a pratica sexual de terceiros) entre os fetiches mais desejados.

Vibradores e outras ‘coisinhas’

O estudo mostra que 64% das pessoas que possuem sex toys têm aumento na frequência de orgasmos e pessoas que investiram em brinquedos eróticos viram sua conexão com seus parceiros aumentar, enquanto 53% sentiram melhorar suas relações, enquanto outros 37% aumentaram a frequência. Além disso, outros 52% perceberam um aumento na frequência de orgasmos. Outros 54% das pessoas entrevistadas responderam que são mais felizes e possuem vida sexual mais satisfatórias.

A satisfação ao adquirir um brinquedo sexual, está associada à liberdade. Para quem está num relacionamento, é uma redescoberta das possibilidades que podem ser exploradas. Investir em brinquedos sexuais pode te levar a um nível superior das experiências de prazer. É encontrar um novo estímulo e sensações. E estar feliz promove melhorias na vida pessoal e no trabalho, por exemplo.

Gap de Orgasmo – Mulheres gozam menos

Além de constatar que as pessoas já se sentem confortáveis para falar de sexo, a pesquisa trouxe novamente à tona uma realidade preocupante: o Gap do Orgasmo ou Lacuna do Orgasmo (tradução do inglês). Os números mostram que, mesmo com todas as conquistas nas últimas décadas, o orgasmo feminino ainda é 35% menor que o masculino.

Essa diferença é observada há anos, em diferentes pesquisas realizadas por instituições que estudam o comportamento e o bem-estar sexual. Em 2016, por exemplo, a Universidade da Flórida fez uma pesquisa com quase 53 mil adultos nos Estados Unidos, e apontou que 95% dos homens heterossexuais afirmaram que sempre tinham orgasmos durante o sexo.

Segundo o Censo do Sexo, o Gap do Orgasmo acontece tanto na masturbação quanto na relação a dois. Quando sozinhas, 66% das mulheres disseram gozar sempre. No entanto, quando envolve outra pessoa, esse número cai drasticamente e somente 19% disseram chegar lá.

Já os homens dizem gozar muito mais que as mulheres: entre os que se identificam com o sexo masculino, 86% gozam sempre durante a masturbação, e esse número também cai quando estão outra pessoa, ficando em 54%.

Gozar é um ato político

Por ser ano eleitoral, o censo ainda perguntou para as pessoas se a posição política importava na hora de conhecer uma pessoa, e para a surpresa, 9 em cada 10 pessoas responderam que preferem se relacionar com quem tenha o mesmo posicionamento político.

Os dados apresentados mostram temas que ainda são grandes tabus. O sexo a três, por exemplo, foge a norma monogâmica. O BDSM ainda é visto como uma prática sempre vinculada à dor. Durante muito tempo a dor foi associada a absolvição de pecado, práticas como expiação, ‘purificação’ dos corpos ‘impuros’, autoflagelo. Em relação ao sexo em público a excitação acontece justamente pelo risco de ser flagrado/o. São práticas que, de certa forma, passa por proibições, inclusive jurídicas, que acabam por impulsionar ainda mais o desejo. Podemos entender então que o tesão está exatamente no risco.

O desenvolvimento de uma sexualidade saudável passa pelo processo de autoconhecimento o que é essencial para a autoestima e para a saúde de modo geral. Os dados apresentados na pesquisa nos ajudam a compreender a sexualidade individual e coletiva. Mais do que nunca é preciso trazer esses dados à tona e relembrar as pessoas da importância de cuidarem da sexualidade do mesmo modo como cuidam da pele, do corpo etc.

O que podemos compreender com os resultados dessa pesquisa?

1 – Os brasileiros gostam de falar sobre sexo
2 – O fetiche que nesse caso, corresponde a uma fantasia sexual, envolve o “quebrar regras”, fazer algo que socialmente é considerado proibido ou imoral. E é aí que está a maior prova de que o tradicional está perdendo espaço. Será uma nova revolução sexual?
3 – Apesar de revelarem as fantasias na pesquisa, na prática o assunto ainda é tratado como se fosse uma espécie de submundo.
4 – As mulheres ainda tem um caminho longo na jornada do prazer. Séculos de submissão não vão se descontruir da noite para o dia. Elas precisam assimilar que podem e devem sentir prazer, não culpa.
5 – O que a pesquisa não abordou foram as crenças e mitos sexuais, ainda presentes em grande parte da população. Particularmente chamo de ‘fake news’ do sexo. Faço esse adendo com base nos meu próprios atendimentos, tanto na loja quanto nas sessões de terapia sexual.

Os resultados da pesquisa na íntegra estão em
https://censodosexo.pantynova.com/

Fernanda Viana é Sexóloga, Educadora e Terapeuta Sexual. Bacharel em direito, hoje trabalha pelo direito ao prazer e relacionamentos saudáveis. É idealizadora da Loja Lov em Marília e realiza atendimento em seu consultório particular. @fernandavianasexologa

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