Prisão de Lula aconteceu em 7 de abril de 2018, seis meses antes da eleição

Há seis anos, em um sábado, milhares de pessoas se reuniam em frente ao Sindicato dos Metalúrgico do ABC, em São Bernardo do Cmapo, em São Paulo. Em um palco montado no local, um condenado Lula falava a apoiadores depois de ter tido, contra si, uma ordem de prisão emitida pelo juiz federal Sérgio Moro.

“Eu não estou acima da Justiça. Se eu não acreditasse na Justiça, eu não tinha feito partido político. Eu tinha proposto uma revolução nesse país. Mas eu acredito na Justiça, numa Justiça justa, numa Justiça que vota um processo baseado nos autos do processo, baseado nas informações das acusações, das defesas, na prova concreta que tem a arma do crime”, disse Lula.

Emocionado, o ex-presidente relembrava dos momentos históricos no qual foi protagonista naquele mesmo sindicato, décadas atrás. “Em 1979, esse sindicato fez uma das greves mais extraordinárias”, disse Lula na ocasião.

O petista deixaria o sindicato por uma porta lateral e seria levado, de avião, até a sede da superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, onde ficaria por 580 dias.

A prisão de Lula se deu para cumprir uma sentença de Moro dada nove meses antes. Em 12 de julho de 2017, o juiz federal de primeira instância condenou o ex-presidente a nove anos e seis meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro em uma ação penal envolvendo a compra de um triplex no Guarujá, litoral paulista, desdobrada da Operação Lava Jato. A sentença foi confirmada e ampliada para 12 anos e um mês de prisão, na segunda instância.

No dia 5 de abril, dois dias antes da prisão, Moro emitiu ordem de prisão contra Lula, que só seria cumprida após o ato no Sindicato dos Metalúrgicos, onde Lula se projetou para a política tradicional.

Liberdade, processo anulado e nova eleição

Lula foi solto em 8 de novembro de 2019, um ano e sete meses depois, após uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). A Corte decidiu que condenados só poderiam ser presos após o trânsito em julgado do processo – ou seja, quando não cabe mais recursos. A decisão reformava um entendimento anterior do tribunal, que previa a prisão após a segunda instância.

Com recursos ainda pendentes de decisão, Lula foi solto naquela ocasião – assim como outras figuras da política, como o ex-governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo (PSDB).

Em 2021, as condenações de Lula na Lava Jato foram anuladas por decisão do ministro do STF, Edson Fachin, que considerou que o caso não poderia ter sido julgado em Curitiba, mas no Distrito Federal. Em 2022, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região acabou por arquivar o caso. A revelação do caso “Vaza Jato”, com o vazamento de mensagens trocadas entre Moro e procuradores do Ministério Público Federal (MPF), como Deltan Dallagnol, responsáveis por processar Lula, deram força para que as sentenças de Moro pudessem ser consideradas parciais.

Em nova reviravolta da política brasileira, Lula se candidatou à Presidência da República – como cabeça de uma chapa que contava com a presença de seu antigo adversário, Geraldo Alckmin – e foi eleito em outubro daquele ano. Quatro anos e meio após a prisão, a chapa Lula-Alckmin derrotou a tentativa do presidente Jair Bolsonaro de se reeleger.

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