O desinteresse do eleitor pelos processos eleitorais e pela discussão em torno de assuntos relacionados a politica estão obrigando alguns políticos a adotarem uma estratégia já conhecida, porém pouco utilizada nos últimos anos, ou seja; a parceria em dobradinha com artistas e comunicadores que possam influenciar o eleitor na hora do voto.

A conclusão passa a ser óbvia após algumas movimentações ocorridas durante este final de semana e transcorrer desta segunda feira. O primeiro exemplo vem do estado Maranhão que luta por uma dobradinha entre o apresentador Luciano Hulk e o ex presidente Luis Inácio Lula da Silva.

‘Luto para que Lula e Huck estejam juntos, ao menos no 2º turno’, afirma Dino sobre 2022

Em entrevista à BBC News Brasil, governador do Maranhão defende aliança ‘envolvendo a esquerda e setores com pensamentos liberais, mais pró-mercado’ contra reeleição de Bolsonaro.

Escaldado com a eleição presidencial de 2018, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), não quer que a esquerda brasileira chegue ao pleito de 2022 isolada e tem trabalhado para construir uma aliança desse grupo com setores de “pensamentos liberais, mais pró-mercado”.

Em janeiro, ele teve encontros, separadamente, com os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e com o apresentador da Rede Globo Luciano Huck, que não é filiado a partido, mas participa de movimentos que buscam impulsionar novas lideranças políticas como Agora e RenovaBR.

O governador também mantém diálogo frequente com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM).

Em 2018, o PCdoB esteve unido com o PT na corrida presidencial, com Manuela D’Ávila concorrendo a vice-presidente na chapa de Fernando Haddad. Para Dino, é preciso “extrair lições” dessa derrota, que evidenciou a dificuldade de vitória sem uma aliança mais ampla.

Sua obstinação em juntar lideranças como Huck e Lula, no entanto, parece difícil, já que o apresentador disse no segundo turno de 2018 que “no PT jamais votei e nunca vou votar”, enquanto o petista tem adotado um discurso menos moderado que o que lhe permitiu vencer a eleição de 2002 e, recentemente, chegou a comparar a cobertura jornalística da Globo ao nazismo.

Apesar disso, Dino manteve seu tom otimista em entrevista à BBC News Brasil, argumentando que “as pessoas mudam”.

“Eu espero e luto para que seja possível em 2022 uma articulação em que, se não no primeiro turno, mas pelo menos no segundo, todos estejam juntos. Eu acredito nisto”, afirmou, após ser questionado sobre quem escolheria entre Lula e Huck.

O governador celebrou o fato do apresentador de TV estar se aproximando de agendas tradicionalmente apoiadas pela esquerda. Em artigo recente no jornal Folha de S.Paulo, Huck defendeu que o Estado brasileiro aumentos os impostos sobre grupos de maior renda, amplie a rede de proteção social e priorize a educação pública.

“É preciso ser muito pequeno e não priorizar o país para achar negativo que outras pessoas migrem para posições mais próximas às nossas”, afirmou.

“Acredito que o Brasil avançou quando, em outros momentos da vida do nosso país, nós fizemos alianças que envolveram a esquerda e setores que não pensam de acordo com nosso ideário, (com) pensamentos liberais, mais pró-mercado”, ressaltou ainda, lembrando os governos de Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e Lula, este último eleito com um grande empresário como vice, José Alencar.

E não para por aí. Em nosso estado de São Paulo, as negociações parecem avançadas para a união entre o a atual prefeito de São Paulo, Bruno Covas e o também apresentador José luiz Datena da TV Bandeirantes.

Datena e Bruno Covas conversam sobre sucessão em São Paulo

O apresentador deve se filiar ao MDB depois do Carnaval.

O apresentador José Luiz Datena e o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB-SP), jantaram juntos no sábado (15). O encontro, reservado, ocorreu no restaurante Pobre Juan, no bairro de Higienópolis, região central da capital paulista. No cardápio, além da comida, estava a sucessão municipal.

Covas ainda busca o vice ideal para a sua chapa. Datena ainda não definiu se vai concorrer, e muito menos a que cargo: se a prefeito, na cabeça de chapa, ou como vice. Ele já foi sondado para todas as hipóteses.

“Eu gosto muito do Bruno. De sua tenacidade. É um sujeito forte, um bravo”, diz Datena. “Mas politicamente não avançamos nada”, completa ele, que deve se filiar ao MDB depois do Carnaval.

Há alguns meses, o apresentador surgiu como nome para representar o bolsonarismo em São Paulo. Mas depois deixou claro que nunca se definiu como candidato do presidente. Ele já conversou com outros pré-candidatos como Marcio França (PSB-SP) e Andrea Matarazzo (PSD-SP).

Marília já teve uma dobradinha do gênero em 1992 e rumores nos bastidores afirmam que isto poderá ocorrer agora em 2020.

Em Marília, embora tudo esteja caminhando para um confronto direto entre Daniel Alonso ( atual prefeito ) e Abelardo Camarinha ( ex prefeito ) com outros 5 candidatos em disputa por outros partidos, há quem garanta que, após o carnaval e até o fechamento do prazo final das filiações, poderemos ter surpresas que nortearam uma candidatura envolvendo alguém ligado às comunicações.

Em 1992, a dobradinha Jô-Salomão, conseguiu na época derrotar o grupo de Abelardo Camarinha com uma larga vantagem de votos. Na época o comunicador Jô Fabiano era comunicador da extinta Radio Dirceu de Marília e, graças a sua audiência e popularidade, proporcionou a vitória do ex promotor José Salomão Aukar, falecido recentemente.

Para este ano, são fortes os comentários extra oficiais de uma dobradinha envolvendo um nome famoso das comunicações que poderia configurar como uma terceira via e de forte impacto para confrontar contra os atuais antagônicos da disputa até o momento. Como em política tudo é possível, estaremos de olho nas movimentações.

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