Caso não envolve dirigentes, mas, investiga funcionário antigo no “esquemão do corte”.

O caso está sob segredo de justiça e corre pela 3ª vara criminal de Marília, no entanto, tivemos acesso a algumas informações após a publicação do fato pela corregedoria geral do município revelando um verdadeiro esquema montado por um antigo funcionário para fraudar e corromper o serviço de corte no fornecimento de água de alguns grandes devedores.

Pelo que apuramos a investigação acompanha a abertura do processo administrativo que poderá resultar na perda do cargo público por parte do infrator e outros envolvidos. O grande destaque é o envolvimento justamente de um encarregado que é funcionário antigo da autarquia e apontado como o responsável por impedir os cortes obtendo assim vantagens ilícitas. O mesmo nunca despertou desconfianças por ter uma conduta tranquila no desempenho de suas funções.

Modus operante

A publicação da Corregedoria Geral do Município no diário oficial na ultima sexta feira ( 06 ) inclui detalhes de escutas telefônicas autorizadas pela justiça indicando uma cobrança de mil reais como adiantamento. Rumores dentro da própria autarquia levantam suspeitas de um “esquemão do corte” que já ocorria há muito tempo, mas, que somente agora veio a tona.

Um funcionário antigo ouvido pela nossa reportagem e, que por receio de retaliação preferiu não se identificar, chegou a sugerir a investigação do bens do investigado nos últimos anos que, segundo ele, seria incompatível com os ganhos do mesmo, conotando assim, uma prática já de longa data.

Um intermediário foi usado para pegar o dinheiro “emprestado” junto ao contribuinte com nome constando na lista de ” grandes devedores com risco de corte”, conotando assim o “Modus Operante”.

Narrativa dos fatos- Confira o que foi publicado no Diário Oficial.

Denunciado “C” finaliza a ligação dizendo que ira naquela mesma data, junto com o denunciado “B”, passar no Daem. No período da tarde do dia 25/10/2018, a pedido do denunciado “C”, o denunciado “B” e pede para que o corte do abastecimento não seja realizado, e que no dia seguinte passaria no DAEM para levar uma “cervejinha” aduzindo que iria passar um final de semana “gostoso”, relata a publicação do D.O.

Ainda segundo a corregedoria, o corte no abastecimento de água não foi realizado, sendo que o investigado “C” efetuou a quitação do débito aproximadamente duas semanas após a realização da conversa.

Convém acrescentar que, o caso foi registrado em 2018 e a corregedoria já havia aberto processo disciplinar contra dois envolvidos, sendo que, no dia 30 de agosto um terceiro denunciado também estava envolvido nas falcatruas e foi incluído nas investigações.

Vazando o muro da corrupção.

Enquanto o trabalhador e cidadão comum sofre para pagar pontualmente seus débitos para não correr o risco do corte no abastecimento, o já famoso “esquemão” já estava ultrapassando os muros da autarquia atingindo também dois servidores da secretaria da educação.

Para a decepção geral, a investigação Judicial e as escutas telefônicas revelaram atos ilícitos praticados também por dois funcionários da referida secretaria. Os dois já respondem a processo administrativo além da investigação judicial e, como consequência poderão perder seus cargos. Os detalhes dos atos fraudulentos cometidos não foram revelados.

A Voz da direção

Na manhã deste domingo ( 08 ), nós mantivemos um contato com o Diretor do DAEM, Marcelo Macedo, que prontamente nos atendeu e foi muito claro e transparente em suas declarações. ” em primeiro lugar quero deixar bem claro que esse fato não começou em nossa administração, e foi detectada durante a gestão do Beca ( José Carlos Bastos- ex diretor ). Existem outras gravações que narram fatos desde 2016 e 2017 porque a pessoa investigada estava grampeada faz tempo”, declarou.

O Diretor da autarquia fez questão de enaltecer sua posição a respeito do assunto; ” Nós quando assumimos o cargo deixamos bem claro nossa posição de transparência e combate a corrupção. A população de Marília está cansada de atos ilícitos e por esta razão eu, enquanto diretor, não compactuo jamais com o fato ocorrido, e teria tomado a mesma medida se fosse com alguém da minha família. Recebi o processo da justiça, assinei e encaminhei a corregedoria para as devidas providências. Caberá a justiça agora concluir as investigações e, se houve realmente o dolo, o funcionário arcará com as consequências.

Marcelo fez questão de esclarecer alguns boatos e publicações já realizadas que acabam denegrindo a imagem de outros funcionários e instigando duvidas sobre a conduta de trabalho do DAEM; ” Quero esclarecer aqui, que, não é porque um funcionário ou outro cometeu um ato reprovável e cabível de punição que os demais também o fazem. O DAEM hoje, vive um momento diferenciado e não existe nenhum esquema de proteção para “Grandes Devedores”. Aqui a nossa politica de atendimento e procedimento é igual para todos e está a disposição dos interessados. A transparência de nossas ações está acima de qualquer coisa e passo isso diariamente para os nossos servidores, portanto, houve um ato ilícito, mas, as providências foram tomadas e nós continuamos com o nosso propósito de oferecer sempre o melhor para a nossa população”, concluiu.

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