Coronavirus-Covid-19 – Movimentação de ambulâncias, pacientes, enfermeiros. Imagem meramente ilustrativa

Recorde de pacientes internados, enormes filas nas UBs’s credenciadas e 5 mortes nas últimas 24 horas retratam o colapso do sistema e o caos que se anuncia nos próximos dias. Marília tem mais duas mortes pela Covid-19 e recorde de pacientes internados

A situação piora a cada hora na cidade de Marília. Pela falta de medidas mais agressivas de combate ao coronavírus por parte da administração municipal, mas, também pela irresponsabilidade de muitas pessoas que insistem em não respeitar as medidas preventivas, o cenário em Marília está desesperador, segundo palavras de integrantes da linha de frente do combate ao coronavírus que trabalham nos hospitais.

Nas últimas 24 horas, 5 pessoas foram a óbito, sendo 3 no dia de ontem e duas no dia de hoje, até o momento desta matéria.

O primeiro óbito é de uma mulher, de 82 anos, sem informações de comorbidades. Ela iniciou sintomas no dia 18 de dezembro, como febre e desconforto para respirar. Foi internada no ABHU dia 28, já com resultado positivo para Covid, indo a óbito no domingo, dia 3 de janeiro. A Vigilância Epidemiológica de Marília foi informada desse óbito no dia 4 (segunda-feira).

O segundo óbito é de um homem, de 68 anos, com diagnóstico de doença cardiovascular crônica. Ele começou sintomas no dia 14 de dezembro, como tosse, dificuldade de respirar e perda de olfato. Dia 17 procurou atendimento na UBS JK para avaliação e condução do caso. Dia 20 foi internado na Santa Casa, onde colheu exame e teve resultado positivo liberado para Covid no dia 22, vindo a óbito nesta terça-feira, dia 5.

Já o terceiro óbito é de uma mulher, de 68 anos, com diagnóstico de diabetes, asma e obesidade. Ela teve início de sintomas no dia 17 de dezembro, como tosse, dificuldade de respirar, cansaço e perda de olfato, após ter contato direto com familiares positivos. Procurou atendimento no PA Sul dia 21 para avaliação clínica e condução do caso, necessitando de transferência para internação no ABHU. Dia 23 colheu exame com resultado positivo para Covid sendo liberado dia 26, vindo a óbito na segunda-feira, dia 4 de janeiro.

Foto de vítima do coronavírus na Indonésia desperta assombro e negação |  National Geographic
imagem meramente ilustrativa

O quarto óbito é de uma mulher, de apenas 30 anos, com diagnóstico de risco como obesidade e síndrome de down. Ela iniciou os sintomas no dia 22 de dezembro, como febre, tosse e dificuldade de respirar. Dia 26 procurou atendimento na Santa Casa para avaliação e condução clínica, tendo colhido exame dia 27, com resultado positivo para Covid liberado dia 29, indo a óbito nesta terça-feira, dia 5.

O sexto óbito é de uma mulher, de 63 anos, com diagnóstico de risco como doença cardiovascular e doença imunossupressora. Ele teve início de sintomas no dia 16 de dezembro, como tosse, dor de garganta, dificuldade para respirar, perda do paladar e fadiga. Dia 22 foi internada no HC (Hospital de Clínicas) para condução clínica. Dia 29 colheu exame com resultado positivo para Covid liberado dia 29, indo a óbito dia 5 de janeiro (terça-feira).

Nas UBS’s que foram destinadas para o atendimento exclusivo para pacientes com a sintomatologia da Covid-19, as filas são imensas com aglomeração podendo ser notada a distância. O número de óbitos subiu para 112, porém poderá aumentar para 113 amanhã, pois, mais uma morte está em investigação.

Os casos suspeitos de coronavírus chegam a 2499 com, pasmem, 761 casos em transmissão pela cidade. A lotação em hospitais projeta o eminente caos, com recorde de 108 pacientes internados, dos quais 62 confirmados com a doença.

UTI da Santa Casa de Adamantina: estrutura vai receber pacientes Covid-19 transferidos pela Central de Vagas (Cedida).

Com exclusividade O JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA divulgou na última segunda feira, que, o hospital da cidade de adamantina ( distante 141 quilômetros de Marília ) foi comunicado na tarde da última segunda-feira (4) sobre a transferência e pacientes que passaria a ocorrer. O referido hospital que está com leitos vagos passaria a receber pacientes da capital nacional do alimento.

No caminho inverso do que é rotina – deslocar pacientes locais para cidades com hospitais de referência –, as transferências ocorrem por falta de leitos UTI Covid nessas cidades, levando ao acionamento da Central de Vagas.
Os leitos de UTI da Santa Casa de Adamantina, designados para pacientes da Covid-19, deverão portanto, receber pacientes SUS transferidos pela Central de Vagas (CROSS), vindos de cidades de referência em saúde, na área do Departamento Regional de Saúde (DRS) de Marilia, levando se em consideração o eminente colapso no sistema de saúde na cidade.

Prefeito se esquiva e responsabiliza somente a população. Fiscalização em ônibus e barreiras sanitárias não foram citadas.

Em entrevista concedida a TV de Bauru, o prefeito de Marília fez questão de enfatizar a inteira responsabilidade da população sem sequer citar a falta de fiscalização nos ônibus de transporte coletivo e as barreiras sanitárias nos principais pontos de acesso e terminal rodoviário urbano. Confira abaixo a íntegra da entrevista concedido pelo gestor municipal.

Boa tarde, Michelle. Boa tarde, Daniel, e a todos que estão nos assistindo. Realmente, é preocupante, estamos sim em estado de alerta. Aliás, alerta esse que já havíamos, desde lá de trás, antes das festas, pedindo encarecidamente à população de Marília e de toda a região que tomasse cuidado com as festas, com as aglomerações, e aí está o reflexo de tudo isso. Nós temos hoje apenas o reflexo das festas de Natal, está por vir ainda os reflexos das festas de réveillon. Então realmente, nós vamos passar por um período crítico, um período preocupante, onde os leitos hospitalares, não só em Marília e região, mas no estado todo, estão todos acima de 70%, 80%, 90%, 100% de ocupação.

Em outra parte da entrevista o mesmo se limitou a dizer das dificuldades de se fiscalizar; ” É duro ter que fazer essa fiscalização mais rígida, mais incisiva, mas estamos fazendo. O município está fazendo a sua parte”. e prá finalizar voltou a transferir a responsabilidade para a população; “pedimos a colaboração da população. Ela é o principal ator nesse momento”.

Na matéria anterior, destacamos alguns pontos que, a título de sugestão publicamos na expectativa de alguma ação, mas, infelizmente nada aconteceu até o momento. É importante destacar que, houve um relaxamento sim da administração municipal que, não mais realizou desinfecção nas avenidas centrais e locais com grande fluxo de pessoas. Relembre os tópicos sugeridos pelo JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA.

  • A falta da implantação de um hospital de campanha montado em outras cidades exclusivamente para o tratamento de pacientes com Covid-19 que, em muito ajudaria neste momento crucial.
  • A não implantação de barreiras sanitárias, principalmente nos feriados prolongados, mesmo sabendo que a cidade possui muitas industrias e um comércio atuante com grande fluxo de caminhoneiros e vendedores.
  • A falta de uma fiscalização mais eficiente pelas ruas comerciais da cidade, orientando pedestres e checando medidas preventivas nos estabelecimentos.
  • A não realização de testes em massa na população, principalmente nas empresas de médio e grande porte e locais públicos com grande fluxo de pessoas, como por exemplo o terminal urbano.
  • A falta de fiscalização e leis com limite de passageiros nos ônibus de transporte coletivo que aglomeram passageiros em quase todas linhas, principalmente nos horários de pico, devido a redução da quantidade de linhas.

Conforme já destacamos, a situação é gravíssima e já começamos a trabalhar com a nossa própria errata, pois, na matéria da última segunda feira chegamos a projetar a possibilidade do registro de 10 mil casos até o final de janeiro, mas, no ritmo que se vai, este número poderá ser ultrapassado…..infelizmente, diga-se de passagem..

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