Se ao olhar estes números de 2019 (no Brasil), você não tiver certeza de que nossa cultura patriarcal e repressora precisa de mudanças drásticas e imediatas, não sei mais o que lhe dizer. Mais de 3 feminicídios por dia, 90% cometidos pelo companheiro ou ex. 1 estupro a cada 8 minutos. Os números estão crescendo!
Se você ainda ri de piadas que objetificam, demonstram posse ou hierarquia em relação às mulheres. Se ainda vê com bons olhos as marcas que valorizam apenas as formas físicas femininas. Se você tem vergonha ou medo de mostrar para o outro que ele está cometendo assédio o tempo todo na rua e no trabalho.
Se você fica calado nos grupos de WhatsApp, no chão de fábrica, no happy hour ou nas reuniões de cúpula da empresa. Se você só sente prazer no contexto de domínio e violência. Se você não reconhece que é um potencial agressor. Preciso lhe contar algo… você também é parte do problema.
O problema não está no vizinho, está plantado dentro de nós, homens. Eu sou homem, branco, hétero e já sofri assédio e violência. Não consigo imaginar o que sofre uma mulher. Mesmo que você nunca tenha agredido uma mulher física ou psicologicamente, se fica calado, você oferece o seu aval e comunga desta parte da cultura que herdou.
Eu sou machista, pois fui criado em uma sociedade que é machista. Preciso me observar o tempo todo, pois alguns comportamentos estão lastreados fundos no meu ser. No entanto, a partir de uma certa idade é necessário que você assuma responsabilidade por todos os seus atos, incluindo aqueles que você não consegue modificar.
É preciso buscar informação, conhecimento e ajuda. Se ainda sim, tudo isto não tocar a sua consciência, inclua nestes dados a sua mãe, esposa, namorada, irmã, filha, neta, tia, prima, avó ou qualquer outra mulher por quem tenha algum carinho e apreço.
Leia os números e entenda que elas já foram e serão as próximas vítimas. Se você não é parte da solução, você é parte do problema e coopera com uma grande perda de valor em todos os âmbitos e níveis da sociedade.
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Hudson Vilardi Mazeto
É empresário, chef de cozinha e instrutor de ioga. Como leitor assíduo do Jornal do Ônibus de Marília, colaborou com nossa redação enviando essa importante reflexão.
