Os motivos são os mais diversos, mas, sempre a uma sintomatologia fácil de ser detectada. Na tarde de ontem, mais um registro de suicídio consumado que infelizmente reforça a estatística estadual classificando Marilia como a cidade que mais registra ocorrências desta natureza. Verdade é que, raramente divulgamos os casos tentados onde as pessoas são socorridas a tempo ou impedidas de consuma-los. Os números são ainda maiores.

Por volta das 14Hs de ontem, quarta feira (28) a unidade SAMU foi acionada juntamente com o policiais militares em residência do Jardim Marajá, onde no local própria vida, na tarde desta terça-feira (27), no Jardim Marajó, zona Sul de Marília. No local, um autônomo de apenas 27 anos, que só teve as iniciais divulgadas, I.B.P., tirou a sua própria vida utilizando o enforcamento como método.

Segundo as informações colhidas, o vítima já lutava contra a depressão e fazia tratamento psiquiátrico. Ele já tinha tentado suicídio anteriormente, confirmando o que sempre alertamos sobre a necessidade de um diálogo constante com estas pessoas para tentar ajudar.

O assunto é delicado, mas é preciso falar sobre ele. De acordo com a OMS, o suicídio é atualmente um problema de saúde pública, sendo uma das três principais causas de morte, entre pessoas de 15 a 44 anos, e a segunda entre as de 10 a 24 anos. A cada ano, aproximadamente 1 milhão de pessoas tira a própria vida, o que representa uma morte a cada 40 segundos. O Brasil tem cerca de 10 mil registros anuais.

Transtornos

Estudos revelam que a maioria dos suicídios está ligada a transtornos psiquiátricos como explica a psiquiatra Alexandrina Meleiro, coordenadora da Comissão de Estudo e Prevenção ao Suicídio da Associação Brasileira de Psiquiatria. “Os pais têm o papel de ajudar os filhos a lidar com as informações que eles recebem do mundo. Não adianta você falar eu não vou conversar com o meu filho sobre isso, porque seu filho vai conversar sobre isso com outras pessoas. Então, é melhor você passar sua versão”, destacou o psiquiatra.

“Às vezes, a criança e o adolescente não conseguem elaborar muito essa sensação de tristeza, mas ficam mais irritados, às vezes mais agressivos, mais inquietos. Começam a influenciar nos relacionamentos, no rendimento escolar. São mudanças que você só percebe estando atento, estando envolvido com seus filhos”, emendou a psiquiatra.

Suicídio: uma morte a cada 40 segundos no mundo, diz OMS

A OMS pediu aos governos que adotem planos de prevenção de suicídio para ajudar as pessoas a lidar com o estresse e reduzir o acesso a meios de tirar a própria vida: “O suicídio é uma questão global de saúde pública. Todas as idades, sexos e regiões do mundo são afetadas”, diz o relatório.

Uma das maneiras de evitar suicídios é a escuta efetiva do que a pessoa ao lado tem a dizer.

— Quando alguém chega para dizer que está em sofrimento, deve haver alguns cuidados para ouvir, como espaço e tempo adequados. Ninguém se sentirá à vontade se você estiver olhando o celular ou com pressa. Faça duas perguntas: “onde está doendo, fala da sua dor?” e “como posso te ajudar?” — orienta Carlos Aragão Neto, psicólogo e especialista em prevenção e posvenção (sobrevivência após a tentativa) do suicídio.

Especialistas garantem que é um mito a ideia de que quem anuncia que tirará a própria vida não o faz. Em grande parte, diz ele, as pessoas avisam antes. Apesar de, muitas vezes, os sinais serem de difícil detecção.

O suicídio não é um comportamento isolado, mas multifatorial. Resulta de uma complexa interação de fatores biológicos, genéticos, psicológicos, sociológicos, culturais e ambientais. A depressão é uma das doenças que pode levar alguém a tirar a própria vida.

— É preciso quebrar o tabu sobre saúde mental, ela importa tanto quanto a física. Depressão não é frescura, nem psiquiatra é médico de maluco. Quanto mais informado estivermos, mas conseguimos prevenir — avalia o psiquiatra Higor Caldeta, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

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