Com prazo de entrega para janeiro deste ano, ou seja; a cerca de sete meses atrás e, orçada inicialmente em R$ 7 milhões de reais, a mais tradicional praça de Marília é uma incógnita cercada de tapumes e uma única certeza; ao invés de revitalização, a mesma sofreu uma verdadeira destruição.

Aquela que já foi ponto de encontro de eternos namorados e local de passeio para milhares de famílias, se tornando cartão postal da cidade, hoje não passa de uma circunferência de concreto, sem o seu maior atrativo que era a fonte e tampouco uma arborização condizente com o local.

Durante a semana que passou, algumas pessoas conseguiram adentrar o espaço e enviaram a redação do JORNAL DO ÔNIBUS de MARÍLIA, imagens que colocam em cheque a obra que faz parte do programa Construção de Praças e Parques do Governo Federal, mediante parceria da Prefeitura com a Caixa Econômica Federal. O que se vê, é apenas o antigo local da fonte completamente aniquilado com toneladas de concreto e curiosamente manilhas velhas sendo utilizadas para decoração, no famoso “lavou tá novo”, ou melhor; “passou uma tinta, fica novo de novo”.

O Advogado Drº Rabih Nemer, pai do humorista e influencer Jonathan Nemer esteve recentemente visitando a obra em um raro momento em que o portão da mesma estava aberto, sendo possível o acesso, e acabou gravando o vídeo que encabeça esta matéria. Na oportunidade como munícipe, ele fez questão de registrar a sua revolta e indignação pelo que prometeram realizar e, o que estão entregando, alias, prometendo entregar, “sabe-se lá quando”. O advogado que vive momentos difíceis em razão da recuperação de sua esposa internada já a mais de 120 dias por ter contraído o coronavírus comentou em poucas palavras o que acabou de forma surpreendente avistando; ” É simples, assassinaram uma praça, estão matando a história de Marília”, declarou.

A GRAVE DENUNCIA : Em meio a expectativa de uma obra visionária como em outra cidades para resgatar os áureos tempos, as imagens que chegaram a nossa redação, mostram até reutilização de manilhas velhas que serão provavelmente utilizadas como decoração ou como vasos para pequenas vegetações. Embora, estejamos em uma época de reciclagens, confira a sequência de materiais reaproveitados em que, esperamos não estar constando na lista de compras efetuadas;

Nos arquivos de nossa rica história que é desprezada por alguns administradores, a praça que já foi o cartão máximo de visita da cidade, possui essa denominação em homenagem a Dona Maria Izabel Botelho de Abreu Sampaio, esposa de Bento de Abreu Sampaio Vidal, fundador de Marília. Por esta razão, é merecedora de todos os cuidados e preservação.

Anunciada pelo prefeito Daniel Alonso, a remodelação da praça em seu inflamado discurso incluía a construção de três grandes bolsões para estacionamento de veículos, ao lado das avenidas Pedro de Toledo e Nelson Spielman e da rua 9 de Julho, com guias e pavimentação asfáltica já prontas; substituição do pavimento de todo o passeio, também já executado; construção da arquibancada com três degraus para a realização de diversos eventos culturais e artísticos, trabalho de paisagismo; entre outras melhorias.

“Trata-se de uma obra bastante importante, pois a praça da igreja São Bento é um local de bastante movimento e estava bem deteriorada. Com essa intervenção, vamos transformar a praça num local bem agradável, funcional e que poderá receber vários eventos. Com relação à fonte antiga, ela foi retirada, pois estava desativada há muito tempo; e uma nova fonte, bem moderna, funcional e atrativa, será construída no local”, afirmou na ocasião o nobre gestor, Daniel Alonso.

Fotos de Marília: Janeiro 2017

Parte da história de Marília é destruída aos poucos 

O anúncio do projeto de reformulação da praça Maria Izabel quando feito pela Prefeitura recentemente absteve-se de uma importante informação: a de que isso custaria destruir parte da própria história da cidade de Marília, a exemplo do que ocorreu com a praça Athos Fragata anos atrás.

Com o álibi de se inibir a presença e vândalos e torná-las mais seguras, a arquitetura é totalmente destruída dando espaço a um cenário de concreto frio e sem vida. Em nenhum momento é apresentado um projeto novo e arrojado que possa realmente revitalizar os poucos espaços de lazer do povo mariliense. Nossa reportagem em uma rápida pesquisa colheu algumas imagens de praças recuperadas em outras cidades. Confira;

É inacreditável que, em uma cidade com faculdade de engenharia e arquitetura, não se possua uma mente brilhante capaz de criar um concurso paisagístico e de reurbanização para esta que já foi um verdadeiro cartão de visitas nos anos dourados e que, até pouco tempo, nos anos 90, era ponto de encontro para paqueras que, em muitos casos acabaram formando famílias que hoje, sequer retornam a praça.

Para o saudosistas, a praça Maria Izabel ou praça São Bento, como queiram, devido a igreja logo ao lado, era o lugar mais popular para se tirar foto na em Marilia nos anos 40 e 50. Realidade bem diferente dos dias de hoje, onde o pesadelo dos moradores nas proximidades parece não ter fim. Depois de conviverem por quase uma década com a praça abandonada, transformada em local de encontro de moradores de rua, meliantes, alcoólatras e toxicômanos, agora são obrigados a suportar uma obra inacabada, com os mesmos frequentadores indesejados nos arredores. Com agravante do local ter se tornado um esconderijo para meliantes que se escondem atrás dos tapumes deixados no local. É lamentável …

Votuporanga tem boas energias como de São Tomé das Letras |
Praça de Votuporanga

Apesar das inúmeras ações de reforma e revitalização realizadas por esta e pelas administrações anteriores, não houve ao longo dos anos nenhum projeto arrojado de arquitetura que resgatasse a história da praça mais antiga da cidade, oferecendo ao publico um local atrativo e de lazer em plena área central devolvendo a mesma o titulo de cartão de visita da cidade.

No momento, o que se tem de novo é apenas a instalação de quiosques em alvenaria cercando a praça, o que antes era proibido por lei, mas, no entanto, agora estamos em novos tempos, basta olhar o que ocorre em outras praças. Fato é que, os trabalhos realizados pela Codemar tiveram início somente em meados de setembro do ano passado, com previsão de término em janeiro de 2021. Contudo, a obra parou há mais de 90 dias e não há informação sobre a retomada, mesmo já estando com atraso de mais de sete meses.

Obra polêmica na praça Maria Izabel avança e espera licitação de fonte em  Marília - Notícias sobre giro marília - Giro Marília Notícias

A definição de praça ou complexo multi uso para a praça Maria Isabel poderia criar uma nova referência de arquitetura em plena zona central da cidade. Ao agregar três diferentes usos – lazer, entretenimento, serviços e comércio – em área que pode tranquilamente ser explorada turisticamente, o empreendimento poderia ser um marco na paisagem, valorizando o entorno e estabelecendo um novo destino comercial para a região, porém respeitando as tradições da cidade e procurando explorar o lado turístico, visto que a cidade foi reconhecida como de interesse turístico. AONDE ??

Este é um problema crônico da cidade que tradicionalmente não cuida de suas praças no centro e principalmente nos bairros, e tampouco possui um departamento criativo para por exemplo implantar as praças comunitárias de uso comum ou CEUs, já utilizadas em outras cidades de visão mais empreendedora e arrojada.

Prefeitura apresenta hoje o andamento da praça CEUs em Artur Nogueira -  Correio Nogueirense

As Praças CEUs se abrem para a Economia Solidária, fortalecendo empreendimentos e oportunidades de negócios colaborativos envolvendo setores organizados de diversas formas como: associações; cooperativas; redes de produção, comercialização e consumo; bancos comunitários; ou clubes de trocas, dentre outras criando assim uma função social para as praças abandonadas nos bairros e dando vida útil e permanente para a mesmas.

Esta é uma ótima sugestão para dar vida as praças dos bairros periféricos, com uma realidade bem diferente da Praça São Maria Izabel que merecia algo melhor e um carinho diferenciado da administração com uma revitalização que fizesse jus a sua tradição e, em consideração aos Marilienses, embora o atual gestor não o seja.

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