Enredo da escola reverenciou heróis da resistência negros e índios da história do Brasil .

A Estação Primeira de Mangueira é a escola campeã do carnaval do Rio de Janeiro de 2019. Com um enredo que reverenciou heróis da resistência negros e índios da história do Brasil, a Verde e Rosa homenageou a vereadora Marielle Franco, vítima de um assassinato sem solução em 14 de março do ano passado.

A leitura dos votos começou às 16h30, na Sapucaí, e foi marcada por uma disputa acirrada com a Unidos do Viradouro.

Para conquistar o seu 20º título, a Mangueira deu uma aula de história na Sapucaí. Mas foi uma história alternativa, com destaque para heróis da resistência negros e índios em vez dos personagens tradicionais das páginas de livros escolares.

O enredo “História pra ninar gente grande” foi assinado pelo carnavalesco Leandro Vieira e contado em 24 alas e cinco alegorias. Em busca do título, a Mangueira exibiu uma bandeira do Brasil com as cores da escola no final do desfile.

Integrantes da Mangueira comemoram nota na apuração do carnaval 2019 — Foto: Marcos Serra Lima

Integrantes da Mangueira comemoram nota na apuração do carnaval 2019 — Foto: Marcos Serra Lima

Evelyn Bastos, rainha de bateria da Mangueira, durante a apuração das notas — Foto: Marcos Serra Lima/G1

Evelyn Bastos, rainha de bateria da Mangueira, durante a apuração das notas — Foto: Marcos Serra Lima/G1

Quadra da Mangueira em festa durante a apuração das notas — Foto: Rodrigo Gorosito/G1

Quadra da Mangueira em festa durante a apuração das notas — Foto: Rodrigo Gorosito/G1

Veja o resultado final do carnaval 2019 do Rio — Foto: Arte/G1

“A gente passou a mensagem que a gente queria”, comemorou a rainha de bateria Evelyn Bastos, destacando que a escola exaltou a história do povo negro.

“Lava a alma. A Mangueira estava esperando esse título. Foi muita batalha”, afirmou Alvinho, ex-presidente da escola. “Fizemos um grande espetáculo e, semana que vem, se Deus quiser, vamos repetir.”

Destaques do desfile

  • O segundo carro apresentou uma releitura do Monumento às Bandeiras, em São Paulo. A obra apareceu manchada de sangue, em referência à forma violenta com a qual os bandeirantes exploravam o Brasil
  • Uma ala com passistas, a bateria e outras partes do desfile deram destaque às rebeliões e fugas de escravos
  • O samba citou Marielle Franco, vereadora do PSOL morta a tiros em março do ano passado. A arquiteta Mônica Benício, viúva de Marielle, o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) e o vereador Tarcísio Motta (PSOL) desfilaram à frente da última ala
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Com 3.500 componentes, a escola verde e rosa apresentou heróis como o guerreiro Sepé Tiaraju, que tentou evitar o massacre dos guaranis pelas tropas de Portugal e da Espanha.

Foram recontadas batalhas entre índios e portugueses, com tribos dizimadas. Uma das alas mostrou os índios Cariris e sua luta para que o Nordeste não fosse invadido, em um conflito de mais de 50 anos.

Um grupo de musas da comunidade chamou a atenção por representar importantes mulheres negras, como Acotirene, matriarca do Quilombo dos Palmares, e Adelina Charuteira, da campanha contra a escravidão no Maranhão.

Outro momento de representação feminina foi um dos carros foi empurrado apenas por mulheres.Carro alegórico da Mangueira é empurrado apenas por mulheresG1 no carnaval–:–/–:–

Carro alegórico da Mangueira é empurrado apenas por mulheres

Carro alegórico da Mangueira é empurrado apenas por mulheres

O quarto carro contou a história de Chico da Matilde. O jangadeiro negro lutou para impedir o embarque de escravos no Ceará e foi importante para abolição da escravidão na região.

As alas seguintes apresentaram caricaturas que caçoaram de Pedro Álvares Cabral (apresentado como presidiário) e Pedro I (montado em uma mula). Cheio de livros gigantes, o quinto carro da Mangueira simbolizou “A história que a história não conta”, mais uma vez questionando as lições ensinadas nas escolas.

Última ala do desfile da Mangueira — Foto: Marcos Serra Lima/G1
Mulheres são responsáveis por empurrar carro alegórico na Mangueira — Foto: Rodrigo Gorosito/G1

Mulheres são responsáveis por empurrar carro alegórico na Mangueira — Foto: Rodrigo Gorosito/G1

No aquecimento, Evelyn Bastos, da Mangueira, samba à frente da bateria — Foto: Marcos Serra Lima/G1
Destaques do carro abre-alas da Mangueira — Foto: Rodrigo Gorosito/G1
Ala da Mangueira faz homenagem a Luiz Gama — Foto: Fábio Tito/G1

Ala da Mangueira faz homenagem a Luiz Gama — Foto: Fábio Tito/G1

Carro alegórico "O sangue retinto por trás do herói emoldurado", da Mangueira — Foto: Rodrigo Gorosito/G1

Carro alegórico “O sangue retinto por trás do herói emoldurado”, da Mangueira — Foto: Rodrigo Gorosito/G1

Fonte : G1

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