Não é apenas a alta dos alimentos que está preocupando os brasileiros. Os materiais de construção subiram quase tanto quanto o arroz durante a pandemia do novo coronavírus. Por isso, o segmento da construção civil já entregou ao governo um estudo sobre os riscos da alta de preços e as possíveis soluções para o problema. O levantamento foi apresentado aos ministérios da Economia, da Infraestrutura e do Desenvolvimento Regional.

Os empresários do setor tentam sensibilizar o governo com o argumento de que a disparada pode prejudicar programas como o Casa Verde e Amarela, de habitação popular, lançado recentemente com a intenção de ser uma marca do governo Jair Bolsonaro. Da mesma forma, podem ser afetados os planos de obras públicas do programa Pró-Brasil e de construção de ferrovias, que vem sendo mencionadas pelo presidente nos últimos dias. Além disso, observam que, como o setor da construção é um dos maiores empregadores do país, a redução do ritmo nos canteiros de obras pode aumentar as taxas de desocupação.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o cimento ficou 10,67% mais caro neste ano e o tijolo, 16,86%. A alta vem sendo sentida desde o começo da pandemia, mas acelerou-se nas últimas semanas. Só em agosto, o cimento subiu 5,42% e o tijolo, 9,32%. A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) calcula que cerca de 90% das construtoras do país já estão tendo que pagar mais por esses produtos e também por itens como aço, cabos elétricos e concreto.

Em uma rápido pesquisa em três lojas de materiais de construção em Marília conseguimos constatar quem em fevereiro, antes da pandemia o milheiro de bloco variava de 360 à 380 reais, porém, passados seis meses, o mesmo milheiro é comercializado com cifras que variam de 750 a 820 reais, e ainda para aguardar, pois, em Panorama (SP) capital da indústria de olarias não estão conseguindo vencer as demandas existentes.

Diálogo pela redução nos preços

 (crédito: Vinicius Cardoso Vieira/CB/D.A Press)

O JORNAL DO ÔNIBUS de MARÍLIA apurou que o Ministério da Economia tem mantido um diálogo constante com o setor da construção civil para acompanhar a questão. E o assunto também estava na mesa do presidente Jair Bolsonaro quando ele tomou a decisão de zerar a tarifa de importação do arroz.

O problema só acabou ficando para depois por conta do grande apelo popular da alta dos alimentos. Porém, a expectativa do setor é de que algo seja feito sobre o assunto em breve.

O presidente da Cbic, José Carlos Martins, explicou que a alta dos preços é fruto de uma série de fatores. Ele afirmou que, no início da pandemia, a produção nacional de materiais de construção caiu, devido ao choque econômico causado pelo coronavírus. Porém, a construção foi um dos poucos setores que continuaram funcionando na quarentena e, por isso, a demanda não caiu. E a venda de materiais ainda aumentou depois que muitos brasileiros decidiram adaptar a casa ao novo momento de isolamento social e home office e, sobretudo, depois que o auxílio emergencial permitiu que milhões de pessoas de baixa renda também fizessem pequenos reparos em casa. “Com isso, começou a faltar material em todo o país. E a baixa oferta pressionou os preços”, disse Martins.

Na lista de sugestões do que pode ser feito para conter a escalada de preços, estarão medidas como a que já foi anunciada para o arroz, para facilitar a importação, mas, também, propostas que incentivem a redução das exportações e o aumento da produção nacional de materiais de construção. Klavdianos garante que qualquer alternativa deve seguir as regras naturais de concorrência e mercado. “Tabelamento de preço não adianta de nada, ninguém quer isso. Não adianta tomar uma atitude autoritária de congelar os preços”, assegurou. “O que nós precisamos é de um choque de oferta. Se tiver mais oferta, o preço cai”, reforçou Martins.

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Pesquisas

Nos últimos meses, a CBIC fez duas pesquisas para verificar o que estava ocorrendo em relação ao desabastecimento e ao aumento nos preços dos materiais. A primeira, entre os dias 16 e 21 de julho deste ano, contou com 462 respostas oriundas de construtoras e incorporadoras de 25 estados. A segunda, no início deste mês, compilou documentos apurados e recebidos das próprias empresas fornecedoras dos materiais.

Por meio das pesquisas, a entidade verificou que durante a pandemia, em especial nos meses de julho e agosto, houve incremento expressivo nos preços de materiais, um movimento completamente alheio à realidade inflacionária nacional.

É importante lembrar que o Procon pode notificar as lojas de materiais de construção que estejam cometendo excessos, para isto basta apenas ser acionado, até mesmo de forma anônima recebendo denúncias sobre o aumento expressivo dos insumos.

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