Bolsonaristas mantêm mais de 100 caminhões na Esplanada dos Ministérios, estacionados no gramados central e ao longo da via de acesso à Praça dos Três Poderes, na tentativa de convencer as autoridades responsáveis pela segurança pública da capital federal a deixarem que cheguem mais próximo ao prédio do Supremo Tribunal Federal (STF).
A pressão teve início na manhã desta quarta feira (8), no dia seguinte aos atos de apoio ao governo federal e contra instituições democráticas.
O próprio presidente Jair Bolsonaro, em discurso a apoiadores, incentivou os atos contra o Supremo, em especial o ministro Alexandre de Moraes, quem, segundo ele, precisa sair do STF, chegando ao ponto de chamá-lo de “canalha”.
Já os bolsonaristas presentes na Esplanada nesta quarta-feira pedem a destituição de todos os ministros da Suprema Corte e uma intervenção militar. Defendem ainda amplos poderes ao presidente da República.
Na manhã desta quarta-feira, um grupo tentou invadir o prédio do Ministério da Saúde e atacou jornalistas que estavam no prédio público ou fora dele, também área pública.
Além das carretas deixadas pelos bolsonaristas no gramado central da Esplanada, em área proibida, outras bloqueiam parcialmente a via que dá acesso ao Congresso Nacional e à Praça dos Três Poderes.
Apoio de ruralistas
A grande imprensa do Distrito Federal apurou que os veículos pertencem a empresas do agronegócio em Goias, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Muitos exibem faixas antidemocráticas, como pedidos de fechamento do STF, o que é inconstiticional e pode resultar em processo judicial.
Faixas com o mesmo teor, inclusive em língua inglesa, estão fixadas em frente ao Congresso e ao vizinho Palácio Itamaraty.
A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal reforçou o policiamento no local, mas ninguém foi multado pelo estacionamento irregular dos veículos, tampouco pelo fechamento de via.
Hoje é dia útil em Brasília. Neste momento são realizadas sessões na Câmara e no STF, que iniciaram com discursos dos seus presidentes, Arthur Lira e Luiz Fux.
Ambos condenaram os atos antidemocráticos e defenderam as suas instituições. Lira garantiu eleições em 2022 com o uso de urnas eletrônicas e praticamente descartou a abertura de um processo de impeachment de Jair Bolsonaro. Fux ressaltou que “ninguém fechará esta Corte”. No caso, o Supremo.