Mais de 30 anos de história, cerca de 50 atletas revelados para a seleção brasileira e atualmente 80 novos talentos que podem novamente elevar o nome da cidade a nível internacional. Só falta o engajamento da sociedade, o apoio dos empresários e o prometido centro olímpico de treinamento.
Era para ser somente um bate papo, mas se tornou o pontapé inicial do maior desafio da história do atletismo mariliense. Ao nosso lado Luis Carlos Albieri, o Esquilo, reconhecido internacionalmente pelo brilhante trabalho como um dos maiores treinadores de atletismo do Brasil e também alguns pais de atletas cansados de esperar “as migalhas” do poder público e com o firme desejo de assistirem seus filhos brilharem em suas respectivas competições defendendo o nome da cidade de Marília, sem a necessidade de partirem para outros centros do país e até do exterior.
Antes de introduzirmos à matéria, se faz necessário informar que devido a importância do tema e a necessidade de uma ampla discussão e mobilização, este conteúdo foi produzido em forma reduzida para a versão digitalizada do JORNAL DO ÔNIBUS DE MARÍLIA (Edição 078-agosto), porém devido à importância e repercussão ocorrida, a mesma está sendo reproduzida na íntegra neste domingo (27) em nosso PORTAL DE NOTÍCIAS, sem cortes devido ao limite de caracteres da página em que é exibida em nosso JORNAL DIGITALIZADO.
Não podemos falar do atletismo de Marília sem mencionar o estádio varzeano Pedro Sola, que ao contrário do que todos pensam, não foi o berço inicial do atletismo, conforme conta o treinador Esquilo; “De fato, os treinamentos na realidade eram realizados no estádio Bento de Abreu, no entanto, o secretário de esporte da época, certo dia nos chamou para uma conversa e comunicou que os treinamentos a partir daquela data sairiam do Abreuzão e passariam a ser no estádio varzeano Pedro Sola” disse o mesmo.
Já se vão para quase 30 anos, a serem completados no próximo ano de 2024. “Uma infinidade de atletas já passou por aqui. Diariamente temos novos integrantes e apesar das dificuldades, dos obstáculos e da completa falta de estrutura, ao longo destes anos foram mais de 50 atletas revelados para a seleção brasileira, sendo 8 deles que passaram em seleções olímpicas e paraolímpicas, como o caso de Thiago Brás, João da Barreira, Osmar Barbosa, Jadel Gregório e outros nomes até a história recente com o Daniel Martins e a Júlia Marconato”, relatou o treinador.
Em todas elas uma triste constatação, a falta de apoio dos responsáveis pela pasta.”A gente lamenta a falta de visão dos responsáveis e a sensibilidade para lidar com a situação. São tantos atletas e a secretaria de esportes simplesmente abandona ou prefere investir em outras modalidades que não dão o retorno necessário e o pior com atletas de outras cidades”, desabafou Esquilo.
Coincidentemente e não é a primeira vez, não constatamos no local a presença do secretário municipal de esportes ou um de seus auxiliares diretos. Em assim sendo, aceitamos o convite e aproveitamos para melhor conhecer as instalações do então centro de treinamento IMPROVISADO do Pedro Sola.
Próximo a nós, segundo Esquilo, uma árvore milagrosa; “Debaixo desta árvore, surgiram os melhores atletas da história de Marília e região. Não temos uma academia e por esta razão ou os atletas pagam uma academia que fica no centro da cidade ou fazem aqui mesmo no chão. O mesmo acontece com a sala de musculação”, complementou.
Sobre o que falta para realmente a cidade oferecer condições digna aos atletas, ele comentou; “Na verdade, o ponto-chave de tudo, que, aliás, é uma briga muito antiga, é uma pista emborrachada, que é o ponto de partida. Claro que não é só fazer uma pista, porque além dela se faz necessário ter uma estrutura de treinamento. Por exemplo: Não temos uma sala de musculação, ou seja; o que temos são anilhas quebradas, barras tortas e por aí afora. É impossível por você conseguir resultados de alto rendimento com um atleta treinando embaixo de uma árvore. Como eu já citei, os meus atletas pagam academia para fazer musculação, para se ter uma ideia do desinteresse da secretaria”, acrescentou.
Nossa reportagem pesquisou alguns exemplos de centro de treinamento localizados a priore no estado de São Paulo e que servem de inspiração para treinadores e atletas de nossa cidade. Confira;
Outra denúncia grave sobre a atual situação do atletismo foi sobre a falta de material. “Nós não temos material adequado para o treinamento. Para se ter ideia, eu estou fazendo salto em altura utilizando uma vara de saltar como sarrafo. No arremesso, por exemplo, nós temos de 3 e 4 quilos, mas se precisar de 5 e 6 não tem. Não temos cabo de martelo, o que tem são arames que arrancamos da cerca e improvisamos, é vergonhoso. No caso da Júlia, nós saímos daqui para treinar em Bauru, isto porque a pista aqui é toda cheia de buraco e coloca a atleta em risco de sofrer uma lesão importante próximo a uma competição”, complementou.
Para complementar a entrevista SEM CENSURA DO ATLETISMO EM MARÍLIA, Esquilo acrescentou; “Eu vou fazer uma comparação para o leitor entender. É como o time do MAC treinasse no campo de terra e depois fosse jogar em um gramado sintético contra seus adversários, simples assim. Não temos estrutura nenhuma. O que acontece em Marília é graças ao empenho e dedicação dos atletas e investimentos de seus pais, como por exemplo a Júlia Marconato, onde os pais desembolsaram R$ 900 reais com despesas de passaporte se quisesse participar recentemente do Pan sub-20 em Porto Rico. Não há investimento, essa é a verdade”, relatou.
Esquilo ainda falou das injustiças e da falta de critério para a distribuição de recursos; “Em algumas cidades, como Tupã e Presidente Prudente, já possuem leis próprias, aprovadas na câmara municipal, que contemplam as diversas modalidades do atletismo, mas em Marília nunca teve. O que acontece hoje, é quando necessitamos de verba para uma reforma, uma viagem e compra de equipamentos, é o chefe da pasta que decide para quem ele vai destinar, de quem ele gosta e do que ele gosta. Com isto o atletismo fico em segundo plano”, comentou.
DENÚNCIA GRAVE. Complementando, o treinador falou como é realizada a distribuição das fatias do bolo; “Hoje funciona assim, ele gosta de futebol de salão e handebol. Para você ter uma ideia, para estas modalidades, rede e bola tem de sobra, enquanto o atletismo tem que ficar improvisando equipamentos, utilizando arame de cerca e por aí afora simplesmente por questões pessoais. Em ambas modalidades, os integrantes são de outras cidades, e ficam alojados em repúblicas com tudo pago pela secretaria. Agora eu lhe pergunto; quais os resultados em comparação com o atletismo? Por que não se monta equipes com jogadores da própria cidade? Por que não se destina a verba conforme os resultados conquistados? Questionou.
AJUDA DE CUSTO. Segundo Luis Carlos, a evasão de atletas logo que começam a despontar é justamente pela falta de apoio. “Veja bem, aqui em nosso caso específico, quem ganha mais, recebe R$ 500 reais. Se de repente em uma competição em outra cidade, outros técnicos enxergarem o atleta, logo de cara oferece uns R$ 2 mil reais, toda estrutura que não temos e pronto, leva embora”, comentou.
CUSTO DE EQUIPAMENTOS. “Em síntese, o atleta chegou em um certo nível, ele necessita de uma estrutura adequada, senão é fadado ao fracasso nas competições de alto nível. O ideal é que a musculação fosse próximo à pista e outra; a corrida com barreiras, não tem nem como treinar nesta pista. Vários materiais eu comprei do meu bolso. O dardo, por exemplo, eu tenho a nota que paguei R$ 700 reais, um dos mais baratos. Na vara, onde conseguimos revelar o Thiago Brás e o Augusto Dutra, hoje não temos nenhum atleta porque não tem vara. O preço de uma mais ou menos gira em torno de R$ 4 mil reais. Se não tem aqui, o atleta vai para outro lugar. Esta é a nossa triste realidade, FALTA DE INVESTIMENTO”, concluiu.
VERGONHA NACIONAL: Atletas do atletismo não possuem condições mínimas para treinamento.
Pela primeira vez na história do jornalismo mariliense, um veículo de comunicação abriu as portas do estádio varzeano Pedro Sola para mostrar os bastidores do sofrido atletismo mariliense. As imagens falam por si só e comprovam a omissão dos governantes por uma das maiores fontes de projeção esportiva da cidade.
O próprio nome do local, já diz tudo; é um estádio para prática de partidas futebolísticas envolvendo equipes amadoras dos mais diversos bairros de nossa cidade. Como tal, não possui uma estrutura adequada para modalidades esportivas, ou seja; é tudo improvisado, MAS COM ESPAÇO PARA A CONSTRUÇÃO E REMODELAÇÃO DO QUE FALTA PARA TRANSFORMÁ-LO EM UMA ARENA OLÍMPICA.
Pior que isto, e constatar que a referida precariedade não passa apenas pela falta de uma sala de musculação, uma academia ou um ambiente para recuperação muscular com piscina de gelo. Boa parte da equipe de atletismo é composta por jovens adolescentes (garotas) que se necessitarem utilizar os sanitários, são obrigadas a se deslocar até o ginásio Neuza Galeti, “se der tempo”, ou recorrer a alguma casa mais próxima. Veja abaixo o que nos foi apresentado como parte da estrutura oferecida. ISTO É UMA VERGONHA para ua cidade que arrecada mais de 1.5 bi de reais ao ano.
UM BASTA NA SITUAÇÃO: Pais se mobilizam para reativar entidade de apoio e desenvolver ações em prol dos atletas.
A situação já estava insustentável com a realização até de vaquinhas para alimentação e outras despesas, sem contar com apoio de equipes de outras cidades como Tupã que dispõem até de verba regulamentada por lei destinada exclusivamente para o atletismo.
Devido a tantos percalços, o episódio envolvendo a locação de uma van para que os atletas pudessem participar de uma competição na capital paulista recentemente foi o ponto de partida para motivar os PRÓPRIOS PAIS a resgatarem uma entidade fundada para apoiar o atletismo há tempos atrás.
Estamos nos referindo a uma ONG já pronta para se tornar OSCIP e desenvolver projetos mais amplos com captação de recursos da iniciativa privada de Marília e região e de instituições do Brasil e do exterior, a exemplo do que já temos, por exemplo, na cidade de Pompeia, mas que não trabalha com atletas de alto rendimento, focando apenas em crianças.
Éder de Souza, pai de um dos atletas, nos falou a respeito da associação, criada na realidade a cerca de 20 anos. “Realmente, esta entidade foi criada por atletas daqui da cidade e que hoje são másters, mas estão também junto conosco nesta empreitada. Na época os tempos eram outros, eles encontraram algumas dificuldades, houve algumas diretorias, mas o trabalho foi paralisado. Então, devido a atual conjuntura, nos reunimos e resolvemos reativá-la para desenvolvermos um trabalho que possa favorecer os atuais atletas e os próximos que já estão despontando”, comentou.
A burocracia que atrapalha. Segundo Éder, a maior dificuldade está justamente na regularização da entidade, desde os serviços cartorários até a alçada jurídica.”De fato estamos encontrando muitas barreiras e ficamos sem entender o motivo. Nosso objetivo não é político, é por amor e necessidade de sobrevida do atletismo. Nossa meta é esta, ajudar em coisas do dia-a-dia que a prefeitura alega não ter condições de ajudar, então precisamos de uma entidade jurídica para realizar este trabalho e oferecer melhores condições de treinamento e dignidade para o atletismo de Marília”, relatou.
Segundo Éder, que também em suas horas vagas, ajuda na manutenção dos equipamentos, a desorganização é a maior preocupação dos pais de atletas; “A gente fica sabendo muito em cima da hora se vai em uma viagem ou não, se vai conseguir ou não, se irá ter alimentação ou não. É tudo em cima da hora”, relatou.
O pai de atleta que se tornou mais um voluntário da causa depois de comprovar a precariedade do atletismo ainda acrescentou; “Hoje a situação em que se encontra o atletismo chega a parecer brincadeira, o lugar aonde eles treinam porque não tem estrutura nenhuma. Materiais muito velhos e um lugar que não oferece a estrutura necessária nem para as crianças que estão começando e tampouco para os atletas que já estão chegando no alto nível de competições. É triste falar isto, mas é a realidade. Um dos objetivos de resgatar a entidade é justamente este, mudar esta situação”, comentou.
“A associação surge justamente neste momento para tentar dar o apoio através de parceiros para ajudar a montar pelo menos uma estrutura básica de treinamento para os atletas, já que a prefeitura não tem ou não está disposta a fazer. Muitas vezes nós precisamos comprar um tênis, uma sapatilha, uma roupa para o atleta e somos obrigados a correr atrás de parceiros ou fazer vaquinha para ajudar. Nós temos que mudar essa situação de penúria e abandono do atletismo em Marília”, complementou ele.
PARCERIA DE SUCESSO: Jornal do Ônibus veste a camisa do atletismo e abre espaço para outros veículos de comunicação e parceiros interessados.
“A causa não é nossa, mas sim da cidade e como tal, temos pela obrigação vestir a camisa junto com os atletas, seus pais e os treinadores. Não existe aqui partidarismo, ideologia ou oportunismo. O desejo é um só, valorizar o que está dando resultados e atrair apoiadores de Marília e região” declarou o diretor-executivo e editor da Editora Ponto a Ponto (Jornal do Ônibus de Marília).
Dentro destes objetivos, além de divulgar eventos esportivos envolvendo os atletas marilienses, o papel do portal de notícias será justamente o de trabalhar na captação de novos parceiros para auxiliar a entidade e consequentemente os atletas. DA MANEIRA QUE ESTÁ NÃO DÁ.
PROJETO MODELO: Fora do estado de São Paulo, Complexo Poliesportivo no Parque Anauá em Roraima é um exemplo a ser seguido.
Enquanto Marília espera desde janeiro de 2017 uma promessa de campanha realizada em 2016, nossa reportagem rompeu as fronteiras doe estado e chegou ao norte do país para encontrar outro belo modelo de centro olímpico para a capital nacional dos radares.
A população roraimense ganhou recentemente, uma nova área de lazer e esportes. Foi inaugurado o Complexo Poliesportivo Engenheiro Rivaldo Neves, no Parque Anauá, em Boa Vista. Além de uma pista de atletismo, o espaço conta ainda com dois campos e duas quadras poliesportivas para a prática de diversas modalidades.
A nova pista foi construída nos padrões exigidos pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) e possui oito raias, além de um piso emborrachado profissional com padrões e medidas oficiais da Confederação Brasileira de Atletismo e está disposta ao redor de um campo de futebol e uma arquibancada.
Além das duas quadras cobertas, um campo de futebol e outro de society, e espaços para a prática de outras modalidades do atletismo, como arremesso de peso e salto em distância, completam o complexo.
Devido ao investimento em um piso profissional e padronizado, existem restrições para o uso da nova pista. Só é permitido o uso com calçados apropriados para a prática do atletismo, além disso, não é permitido transitar pela pista utilizando skates, bicicletas, patinetes, motocicletas ou animais.
Como se vê, nada que seja impossível de se fazer ou desenvolver um projeto para captar recursos do governo federal em um momento de farta distribuição de recursos. O QUE FALTA EM MARÍLIA É MAIS PROFISSIONALISMO, MENOS POLITICALHA E VONTADE POLITICA DE REALIZAR. O que está em jogo é um projeto que pode envolver muitos jovens da periferia, revelando novos talentos e projetando a cidade de Marília não só como CAPITAL DOS RADARES, MAS COMO CELEIRO DE TALENTOS DE ATLETISMO.
DIRETO DO PLANTÃO ESPORTIVO