Campeão no Rio de Janeiro em 2016, mariliense que treinava no terrão do Pedro Sola superou desconfianças e voltou a brilhar em Olimpíada

Thiago Braz, aquele garoto criado no Jardim Bandeirantes de Marília, zona oeste da cidade, e que foi mais um ilustre formando da Escola Estadual Oracina C. de Moraes Rodine, parece gostar de não ser apontado como favorito, mas, sempre acaba surpreendendo no final.

A exemplo de todos os atletas da cidade que brilharam e ainda brilham, a carreira do atleta mariliense foi cercada de dificuldades e, mesmo sem patrocínio e apoio de políticos que hoje se digladiam para tentar uma foto como o mesmo, treinava arduamente no famoso terrão do estádio varzeano Pedro Sola, enfrentando barreiras que apenas lhe lapidaram para os degraus já alcançados.

A história de um campeão das pistas e da própria vida.

Thiago Braz é ouro no salto com vara nas Olimpíadas Rio 2016

A história deste jovem atleta foi testemunhada por este editor do JORNAL DO ÔNIBUS de MARÍLIA, e revela acima de tudo um vida de superação. Ainda criança, Thiago foi abandonado pela mãe e criado com muito amor pelos avós que contam que Thiago sofreu bastante com a ida da mãe, e ficou esperando seu retorno com uma mochila nas costas.

Aos 14 anos, Thiago começou a se interessar pelo atletismo e passou a treinar e competir na cidade, mas, a falta de estrutura e principalmente apoio, o fez mudar os rumos de sua carreira promissora que se destacava pelo seu empenho e dedicação diária.

Thiago decidiu ir treinar na cidade de Bragança Paulista e logo já estava se destacando nacionalmente, vencendo 4 campeonatos relevantes: o Campeonato Brasileiro de Menores, Campeonato Juvenil, Estadual de Menores e o Estadual Juvenil.

Destaque internacional

Aos 15 anos, em 2009, Thiago teve seu primeiro destaque e competição internacional, já levando a medalha de bronze no Campeonato Sul-Americano Juvenil, sendo também no mesmo ano Campeão Brasileiro Juvenil.

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Aos 17 anos, Thiago foi vice-campeão do Troféu Brasil de Atletismo, uma das maiores competições de atletismo de todo país, organizada pela Confederação Brasileira de Atletismo.

Em 2012, em Barcelo na Espanha, Thiago já era destaque em outros continentes: foi campeão mundial júnior do Campeonato Mundial Júnior de Atletismo. O ouro de Thiago veio com a marca de 5m55, batendo o recorde brasileiro júnior, um dos grandes feitos do atleta.

Carreira profissional

Desde que ganhou grandes prêmios de relevância internacional, Thiago passou a investir cada vez mais na carreira do atletismo.

Em 2013, já fazendo competições profissionais, Thiago participou do Meeting de Leverkusen, na Alemanha, levando o ouro e superando o campeão mundial da época.

Em 2014 o atleta se mudou para a Itália, país, sendo treinado por um ucraniano, Vitaly Petrov,técnico de grandes recordistas mundiais no esporte como Sergey Bubka, dono do recorde de salto com vara masculino e Yelena Isinbayeva, a atual recordista mundial do salto com vara feminino.

Thiago Braz é ouro no salto com vara nas Olimpíadas Rio 2016 - com Fabiana Murer

Para aumentar ainda mais a confiança do brasileiro, seu técnico treinou também a atleta Fabiana Murer, a saltadora brasileira, campeã mundial e grande amiga de Thiago desde os 15 anos de idade.

Thiago viveu um período conturbado na carreira e teve sérias derrotas que frustraram o atleta. No Pan de Toronto em 2015, zerou todos os saltos.

No Mundial de Pequim, um mês depois, ficou em 19ª posição e não competiu a final. No Mundial indoor de Portland, no início de 2016, acertou apenas um salto e foi eliminado cedo da competição.

Os Jogos Olímpicos Rio 2016

Olimpíadas: Thiago Braz não consegue o bi no salto com vara, mas vê rival  francês 'falhar' e garante o bronze - Alagoas 24 Horas: Líder em Notícias  On-line de Alagoas

Thiago, apesar do jeito tímido, arrancou grandes suspiros da torcida brasileira que o acompanhava momentos antes do histórico saldo no ano de 2016 no Rio de Janeiro .

A torcida acompanhava no Engenhão ansiosa pela entrada do atleta que tinha chances claras de medalhamas poucos colocavam tanta fé no ouro que o atleta levou. 

Isso fez com que Thiago temesse a história que faria nas Olimpíadas em seu país. Mas os ventos trouxeram um resultado não poderia ter sido mais positivo: aos 22 anos, Thiago deixou um campeão Olímpico para trás e foi ouro no salto com vara!

Percalços até a medalha em Tóquio

Thiago Braz e Izabela Rodrigues vão às finais dos Jogos Olímpicos de Tóquio  - Revista Contra-Relógio

No ciclo olímpico até o Japão, Braz viveu uma série de percalços. O campeão olímpico no Rio é o único dos 53 brasileiros do atletismo nesta edição dos Jogos sem clube. O atleta defendia o Pinheiros, mas foi demitido em abril de 2020, no início da pandemia de COVID-19.

“Não tenho clube, decidiram deste jeito e não posso fazer nada. É triste. Mas, não sei se esperaram o tempo das Olimpíadas, não sei o que aconteceu. Também fiquei bem chateado… é triste. Não vou criticar, mas foi triste”, chegou a dizer Braz, depois da eliminatória em Tóquio.

O início do ciclo olímpico era promissor. O paulista nascido em Marília treinava na Itália com o técnico Ucraniano Vitaly Petrov. A ideia era chegar ao Japão com possibilidades de quebrar o recorde mundial da prova.

Porém, com saudades da família, Braz decidiu voltar ao Brasil para treinar com Elson Miranda. Há um ano e meio, depois da demissão do Pinheiros, retornou à Itália para completar o período preparatório para Tóquio novamente com Petrov.

Nos anos entre os Jogos do Rio de Janeiro e de Tóquio, Braz não conseguiu repetir a marca da final olímpica anterior. Mas, mesmo sob tantas desconfianças, brilhou no Japão e conquistou mais uma medalha.

O JORNAL DO ÔNIBUS de MARÍLIA se congratula com o Jovem Maríliense pela importante medalha conquistada e ao mesmo tempo, lamenta a falta de incentivo e empenha da classe política local pela construção de um CENTRO DE FORMAÇÃO E TREINAMENTO na cidade de Marília. Nossa cidade é um celeiro de atletas campeões em diversas modalidades, mas, que infelizmente são obrigados a defender outras cidades, porque por aqui, só existem discursos inflamados em campanhas eleitorais e uma grande preocupação em sair nas fotos, caso haja consagração do atleta, mesmo que sequer tenha contribuído com um par de tênis para o mesmo.

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