Segundo Kassab, a possível desistência de Bolsonaro e as dificuldades de Moro animam o cacique do PSD a lançar Eduardo Leite. Mas ele continua ouvindo as juras de Lula

Sem dúvida nenhuma, o cacique do PSD, é o mais pragmático dos políticos brasileiros em atividade — e não vai aqui nenhuma ironia com o adjetivo. No ano passado, ele vendia aos seus interlocutores a ideia de que o mineiro Rodrigo Pacheco, atual presidente do Senado, tinha chance de ser presidente da República. Por um outro lado o cacique pessedista quer atrair o tucano Eduardo Leite para as suas hostes”.

Gilberto Kassab mexe-se, veja só, para que o governador gaúcho se filie ao PSD para ser candidato a presidente da República. Mas então o cacique pessedista não quer fazer aliança com Lula já no primeiro turno? Aí é que está: ao que tudo indica, ele ficará com um pé em cada canoa até o último momento. O que o levou a rever a sua estratégia? O horizonte que se vislumbra mais claramente agora.

Nesse horizonte, a desistência de Jair Bolsonaro de se candidatar à reeleição começa a delinear-se como possibilidade real, pelo raciocínio do pessedista. Os números das pesquisas encomendadas são extremamente ruins para o atual presidente, não importa de que lado se olhe. Com isto, não poderia se dar ao risco de encarar uma eleição praticamente já perdida pela sua lógica. Precisaria encontrar outra outra saída, como retornar ao congresso ou disputar uma cadeira no senado.

Se Jair Bolsonaro sair da disputa, abre-se ainda mais espaço para um candidato que não seja nem Lula nem Moro — ou qualquer outro que já se apresentou, sem convencer o eleitorado. Alguém que possa ser servido ao indistinto público como relativa novidade nacional, de centro e que não desperte desconfianças no sistema político e no mercado. 

É nesse contexto que entra Eduardo Leite. Mesmo depois de perder as prévias do PSDB para João Doria, ele continua a ambicionar o Palácio do Planalto em 2023. Eduardo Leite combina várias qualidades: como governador do Rio Grande do Sul, tem experiência no Executivo. É jovem. É bom de gogó. O fato de ser gay lhe confere um ar de modernidade. Um candidato muito mais pronto do que Rodrigo Pacheco — e bem próximo de Gilberto Kassab, cujo partido o apoia no Rio Grande do Sul.

O cacique pessedista está com um pé em cada canoa, portanto, de olho no desempenho de Lula (os ouvidos voltados para as promessas de amor eterno do petista) e nos movimentos de Jair Bolsonaro nos bastidores. O fato de Sergio Moro estar patinando nas pesquisas, enfrentando enormes dificuldades no Podemos e obstáculos para fazer aliança com a União Brasil também deve animar Gilberto Kassab a tentar uma candidatura própria com Eduardo Leite, mesmo que Jair Bolsonaro continue no páreo.

Em qualquer cenário, ele poderia cooptar a União Brasil, vendendo a ideia de que o governador gaúcho, além de ser viável como candidato, é um nome que promoveria a paz entre Luciano Bivar e ACM Neto, que estão às turras em torno de Sergio Moro. O cacique pessedista só pretende mostrar o seu jogo, ou parte dele, a partir de abril, quando se escancara a janela partidária e os políticos poderão trocar de legenda. O jogo segue.

‘Desistir da reeleição seria bom negócio para Bolsonaro’, afirma jornalista Tereza Cruvinel

Desistir da reeleição seria bom negócio para Bolsonaro', afirma Tereza  Cruvinel - Brasil 247

Para a jornalista, a hipótese de desistência de Bolsonaro não pode ser descartada

A jornalista Tereza Cruvinel afirmou em um canal de TV alternativa ( 247 ) que não pode ser descartada a possibilidade de Jair Bolsonaro (PL) desistir de concorrer à reeleição em 2022 contra o ex-presidente Lula (PT), o favorito, segundo pesquisas.

Segundo ela, aos olhos da “racionalidade política”, a desistência da Presidência e uma candidatura a senador ou deputado federal seria “bom negócio” para Bolsonaro. “Não acho que essa hipótese deva ser descartada. Se a gente examinar à luz da racionalidade política, ele faria bom negócio porque ele evitaria a derrota, poderia sair de vítima, se elegeria e ganharia um foro especial para  julgamento de seus crimes”.

“Ele disse lá atrás que não haveria eleição sem voto impresso. Aí ele pode dizer: ‘eu disse que não haveria eleição sem voto impresso, mas fui derrotado, mantiveram esse sistema, e com esse sistema eu não disputo. Não é confiável, vou ser roubado, vão me puxar o tapete, já está tudo combinado. Então por isso não disputo”, destaca a jornalista.

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