A depressão infelizmente continua fazendo vítimas, sem escolher sexo, idade, cor da pele ou classe social. É um mal que assola a humanidade neste século 21 e a sociedade ainda encontra dificuldades para lidar com o assunto e principalmente em identificar as pessoas com potencial de cometer suicídio.

No final da tarde de ontem, o JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA informou esta ocorrência que a princípio foi registrada como um atropelamento. O acidente ocorrido na rodovia Comandante João Ribeiro Barros, perto da alça de acesso ao Jardim São José, na cidade de Jaú, distante de Marília cerca de 164,4 quilômetros.

As causas estão sendo apuradas pela Polícia, mas, após as primeiras investigações, tudo indica que a vítima tirou a própria vida, ao tentar atravessar a rodovia, entrando na frente de veículo. O carro que a vitimou não teria parado para prestar socorro. 

A mesma foi identificada como Alba Bernardo, uma comerciante de 42 anos, que morreu atropelada na noite do dia 24 de dezembro na rodovia do contorno em Jaú, e que foi sepultada no sábado de natal, dia 25, sem velório. Era este o desejo dela e foi o que família fez, segundo informações divulgadas pelas páginas de notícia de Jaú. Alba possuía loja de roupas femininas na Avenida Netinho Prado, na Vila Maria.


Reprodução: Tem Coisas Jahu

Para se ter ideia, o impacto acidente foi muito violento, dificultando a identificação da vítima. Segundo policiais que atenderam a ocorrência, partes do corpo foram localizadas distante do local do acidente. Um longo caminho com cones foi instalado para preservar o local até que todo o atendimento fosse realizado. Ao menos dois carros teriam passado por sobre o corpo.

A perícia técnica foi acionada e vai apurar como a pessoa foi parar na rodovia e também como partes do corpo ficaram espalhadas por até dois quilômetros. Testemunhas relatam ter passado por “partes do corpo” já no acesso da Avenida Netinho Prado, na Vila Maria.

ÚLTIMA POSTAGEM DE ALBA NO SEU PERFIL NO FACEBOOK

“E de repente tudo torna-se tão concomitante que chega a ser assustador. Você aprende que decepções não podem lhe tirar o desejo de viver, que amigos verdadeiros são aqueles que cabem num frasco chamado gratidão e exalam perfume de sonhos e experiências vividas. Quando você observar, já é Natal, Ano Novo, data tal, data tal, data tal…e biriri bororö. Que possamos extrair do tempo bons exemplos de como ser especial na vida de alguém, de conseguir enxergar virtudes e dádivas nas pessoas. Esse ano em especial, ressuscitaram amizades verdadeiras que o tempo não apagou e a distância não meteu o bedelho. Como dizia uma afilhada minha : O que é de verdade, nunca será de mentira. E pelas vias de fato, concordo plenamente. Datas alusivas a comemorações sempre me trouxeram certa retração, portanto passar o Natal e Ano Novo sozinha não mais me causa pavor. É hora de olhar para dentro, de reformar não a casa e sim o coração. Tente por meta tornar-se singular na vida de alguém no círculo de amizades e verás o quanto faz sentido carregar o dom de estar vivo . Se der um medinho feito na montanha russa? Ou na roda gigante? Nada que uns bons gritos vindo lá de dentro não resolvam. Soltar o que nos fere é libertador. Paz e bem. Lindo amanhecer a todos que de alguma forma estão sempre comigo, mesmo na distância. BOA TARDE….BOAS FESTAS….”

Nas redes sociais, os comentários são de dor e tristeza. Um deles mostra que Alba pode ter realmente tirado a própria vida. “Nossa que judiação. Quando passamos ontem por lá, ela estava no guard-rail pronta pra pular. Que Deus tenha misericórdia dela”

Outro segue na mesma linha: “Que judiação!! Com devia estar sendo por desespero interno dela pra fazer uma coisa dessas!! Que triste! Depressão é coisa muito séria!”

Como identificar pensamentos suicidas

* O que é comportamento suicida

O comportamento suicida inclui o suicídio consumado e a tentativa de suicídio. O suicídio pode ser definido como: “Todo ato executado pelo próprio indivíduo, cuja intenção seja a sua morte, através de um meio no qual o indivíduo acredita que vai resultar no fim”. Cada suicídio é um evento complexo que tem sua especificidade e sua própria história. 

tentativa de suicídio é quando o individuo se autoagride com a intenção de tirar a própria vida, utilizando um meio que acredite ser letal, sem resultar em óbito.

O suicídio é um fenômeno complexo e multifatorial que pode afetar indivíduos de diferentes origens, faixas etárias, condições socioeconômicas, orientações sexuais e identidades de gênero. Mas o suicídio pode ser prevenido, e saber reconhecer os sinais de alerta é o primeiro passo.

Os pensamentos suicidas são muito mais prevalentes do que a gente imagina. Alguns estudos mostram que quase 1 em cada 5 pessoas já teve, de alguma forma, algum tipo de pensamento suicida, em algum momento da vida, ou seja, eles são muito mais comuns do que a gente pensa.

Os pensamentos suicidas surgem quando a pessoa acredita que não há solução para seus problemas. Quando pessoas são suicidas, seus pensamentos e sentimentos são negativos e não conseguem enxergar uma maneira de resolver seus problemas. É como se não conseguissem ver uma luz no fim do túnel.

Dentre os principais fatores de risco para o suicídio, podem ser destacadas:

  • As dificuldades de acesso aos serviços de saúde;
  • O estigma associado à busca de ajuda;
  • Trauma e abuso;
  • Abandono;
  • Perdas de pessoas com vínculos afetivos fortes;
  • Transtornos por uso de substâncias;
  • Conflitos relacionais;
  • Dificuldades financeiras,
  • Perda de emprego;
  • Transtornos mentais;
  • Desesperança;
  • Dor crônica;
  • Fatores genéticos e biológicos;
  • Tentativas anteriores de suicídio.

Os transtornos mentais têm significativa associação com comportamento suicida, a maioria das pessoas que cometeu suicídio tem um transtorno mental diagnosticável.

Suicídio e comportamento suicida são mais frequentes em pacientes psiquiátricos. Dentre as psicopatologias, observa-se um índice maior de suicido na:

  • Depressão,
  • Transtorno afetivo bipolar,
  • Transtornos de personalidade,
  • Transtorno de abuso de substancias,
  • Esquizofrenia,
  • Transtornos de ansiedade.

O histórico familiar é um fator muito importante, pois estudos dizem que um pai/mãe que cometeu suicídio aumenta em 60% a chance que o mesmo aconteça com seu filho(a). 

* Pensamentos suicidas

A maioria das pessoas suicidas comunica seus pensamentos e intenções suicidas. Elas frequentemente dão sinais e fazem comentários sobre “querer morrer”, “sentimento de não valer pra nada”, “eu não tenho nada a esperar, as coisas nunca vão melhorar”; “eu não vejo nada melhorar, não há razão para viver”; “eu não consigo suportar a vida, jamais poderei ser feliz”; “eu sou um peso para os meus familiares, é melhor que fiquem sem mim”; “eu me sinto infeliz e só tenho uma saída”.

Percebe-se que, com esses pensamentos, o indivíduo não consegue vislumbrar outra saída, que não seja acabar com a própria vida, único meio que acredita ter para lidar com seus problemas sem solução.

Um dos fatores de risco para o suicídio é a desesperança: o indivíduo que apresenta crença de desesperança tende a prever o futuro sem expectativas, perde a motivação pela vida e seu desejo de viver é arruinado. Ainda que seja forte a associação da desesperança com atos suicidas, é importante destacar que esta não é condizente com todos os pacientes suicidas.

Há pacientes, por exemplo, que tentam o suicídio e têm pouca intenção de morte. Tal comportamento é explicado pela necessidade que sentem de comunicar algo a alguém. Esse fato está relacionado a mitos existentes acerca dos comportamentos suicidas.

Um desses mitos é de que pessoas que falam de suicídio não o cometerão, já que sua intenção seria apenas chamar a atenção. Isso é um engano. É  preciso que todos que estão ao redor de uma pessoa com tal comportamento atentem, levem esse discurso a sério e tomem as devidas precauções.

Outro mito existente é de que o suicídio acontece sem aviso e é sempre impulsivo, o que também é errado, pois os indivíduos suicidas em geral realizam alguma comunicação, seja verbal ou comportamental, acerca das ideações da intenção de morte. Além disso, a autodestruição pode parecer um ato impulsivo, mas tal ato pode ter sido pensado durante um bom tempo.

Pandemia de COVID-19 aumenta fatores de risco para suicídio

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) alertou, que a pandemia da COVID-19 pode aumentar os fatores de risco para suicídio, incitando as pessoas a falarem abertamente e de forma responsável sobre o assunto.

A ideia é que, mesmo com o distanciamento físico, as pessoas permaneçam conectadas com familiares e amigos e aprendam a identificar os sinais de alerta. 

O coronavírus está afetando a saúde mental de muitas pessoas. Estudos recentes mostram um aumento da angústia, ansiedade e depressão, especialmente entre os profissionais de saúde. Somadas às questões de violência, transtornos por consumo de álcool, abuso de substâncias e sentimento de perda, tornam-se fatores importantes que podem aumentar o risco de uma pessoa decidir tirar a própria vida.

Suicídio: A dimensão do problema

  • Estima-se que um milhão de pessoas cometeram suicídio no ano de 2000 no mundo. 
  • A cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio no mundo.
  • A cada 3 segundos uma pessoa atenta contra a própria vida. 
  • O suicídio foi a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, estando atrás apenas dos acidentes de trânsito.
  • Entre adolescentes de 15 a 19 anos, o suicídio foi a segunda principal causa de morte entre meninas (após condições maternas) e a terceira principal causa de morte entre meninos (após acidentes de trânsito e violência interpessoal).
  • 79% dos suicídios no mundo ocorrem em países de baixa e média renda.
  • Cada suicídio tem um sério impacto em pelo menos outras seis pessoas.
  • O impacto psicológico, social e financeiro do suicídio em uma família e comunidade é imensurável.

Prevenção ao suicídio: Onde procurar ajuda

Vale ressaltar a importância de procurar ajuda de profissionais qualificados, caso o indivíduo tenha esses tipos de pensamentos ou vontade de acabar com a própria vida.

Em casos de emergência: SAMU 192, UPA, Pronto-socorro, Hospitais.

Serviços de saúde: Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e Unidades Básicas de Saúde.

Centro de Valorização da Vida: Telefone 181 (ligação gratuita) ou www.cvv.org.br para chat, e-mail. O CVV realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, email e chat 24 horas todos os dias.

DIRETO DA REDAÇÃO

error: Conteúdo protegido por direitos autorais.