A sessão camarária de ontem, segunda-feira (25) foi mais uma para ficar guardada nos anais da história legislativa. Até a sua convocação nada de anormal, a não ser a pauta divulgada na quinta-feira(20) com um detalhe importante; “NENHUM PROJETO DE LEI A SER APRECIADO”.

Embora não seja a primeira vez, que isto ocorre em Marília, se torna algo incompreensível para o eleitor diante de uma cidade com quase 250 mil habitantes e inúmeros problemas que poderiam ser amenizados graças a intervenção via leis criadas pelos nobres e bem remunerados vereadores com seus três assessores e as verbas adicionais contempladas por lei.

Por viver o cotidiano legislativo, já esperávamos alguma surpresinha de última hora, e eis que aconteceu. Finalizado o expediente (indicações e requerimentos), pequeno expediente e explicações pessoais, a presidência, logo na sequência, encerrou a presente ordinária, convocando, subsequentemente, uma sessão extraordinária para apreciação de pauta não publicada até então.

Resta saber se esta nova estratégia será adotada toda vez que houver um tema polêmico a ser discutido para se evitar mobilizações, manifestações e viralização e discussão do tema em redes sociais. O assunto Rádio Câmara no passado já foi motivo de severas manifestações em veículos de imprensa e principalmente em redes sociais. Desta vez, valeu o pulo do gato.

Dentro os assunto tratados e aprovados pelos nobres edis, estão o que institui o Prêmio Produtividade a titulares de cargos de fiscal do DAEM; e o que reajustou o valor do vale-alimentação dos conselheiros tutelares de Marília para R$ 610, com validade retroativa ao dia 1º deste mês. Até aí, tudo dentro do esperado.

Vereadores terão um rádio exclusiva para divulgação de seus trabalhos

Como mencionamos logo na introdução desta matéria, a sessão camarária de ontem, realizada em caráter extraordinário, portanto com pauta não divulgada antes, entra para os anais da história justamente pela criação de mais um veículo de imprensa na cidade símbolo de amor e liberdade (será?), embora de uso exclusivo dos trabalhos legislativos.

A proposição 01/ 2023 é de autoria da Mesa da Câmara, composta pelo presidente da Casa Legislativa, Eduardo Nascimento (PSDB), e pelos vereadores Dr. Elio Ajeka (PP) e Vânia Ramos (Republicanos).

REFRESCANDO A MEMÓRIA: Projeto de criação da Rádio Câmara já havia sido rejeitado duas vezes, porém nova mesa diretiva reverteu a decisão.

O povo infelizmente tem memória curta, mas, novamente o JORNAL DO ÔNIBUS DE MARÍLIA colabora com o processo de memorização do eleitor mariliense, relembrando que esse projeto foi rejeitado duas vezes pela nossa casa de leis. Indo direto ao ponto, em fevereiro de 2020, o vereador e então presidente da casa, Marcos Rezende (PSD), apresentou o Projeto de resolução 1 /2020.

Na ocasião, oito vereadores votaram contra a proposta, justificando ser desnecessário altos gastos com a instalação da rádio, uma vez que já existia a TV Câmara com ampla estrutura, abrangendo as redes sociais. Votaram de forma contrária; Marcos Custódio, professora Daniela, Danilo da Saúde, Luiz Nardi, Wilson Damasceno, Maurício Roberto, José Luiz Queiroz e José Carlos Albuquerque.

Já a favor, se posicionaram, além do presidente da época, Marcos Rezende, os vereadores Evandro Galete, Cicero do Ceasa, João do Bar, Mário Coraíni. O curioso de tudo isto, é que a redação do PR 1 / 2023 é uma cópia idêntica deste projeto rejeitado em 2020. Não para por aí.

No ano seguinte, logo após a volta do recesso, em março de 2021, novamente Marcos Rezende protocolou a proposta de criação da Rádio Câmara FM através do PR-3 / 2021. Segundo as informações, a matéria chegou a entrar na pauta, em agosto, porém, um novo revés sepultou a tentativa, pois o projeto teve a votação prejudicada por um pedido de vista e acabou derrubando a sessão, sendo encaminhada ao arquivo em janeiro deste ano.

Informações oficiais relatam que o projeto técnico de instalação da emissora já tinha sido protocolado e aprovado pelo Ministério de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações, conforme consta na Portaria 6.455 de 3 de dezembro de 2019. A rádio já tinha também o prefixo definido (106,9 MHz) e funcionaria 24h por dia com programação própria e equipe vinculada à Diretoria de Comunicação Social da Câmara de Marília, hoje chefiada pelo jornalista Ronaldo Medeiros.

Como dizia o saudoso Ulisses Guimarães; “Politica é como uma nuvem, olhou para cima, está de um jeito, olhou de novo, está de outro”. Essa citação é apenas para destacar o atual momento do ex presidente da casa, vereador Marcos Rezende, que claramente se abateu em mais esta votação.

Há dias atrás, o mesmo já havia enfrentado um gosto amargo de uma rejeição em uma votação contrária de um requerimento de sua autoria, demonstrando, mais uma vez, o seu isolamento na atual conjuntura legislativa. Para quem não percebeu, momentos antes da votação do PR1/2023, Marcos Rezende saiu literalmente de fininho e não participou do processo que deliberou a criação da Rádio Câmara, pelas mãos e palavras de seu claro desafeto político. Com isto, a aprovação foi unânime com 12 votos.

O FALSO CLICHÊ: Vereadores votaram de olhos fechados sem questionar o alto valor da implantação de uma rádio.

“PARA MONTAR UMA RÁDIO BASTA UM COMPUTADOR E UM MICROFONE, E PRONTO”. Essa foi fala do vereador Sérgio Nechar em resposta ao vereador Junior Moraes que questionava os valores a serem gastos com a implantação, onde o presidente da casa, Eduardo Nascimento teria respondido que as despesas já constariam em dotação orçamentária própria já constante e prevista na casa.

Ocorre que, nem para montar uma rádio web se usa apenas um computador e um microfone. O nobre vereador, que por sinal é um excelente médico oncologista com um histórico inquestionável, foi um excelente congressista, com uma folha intocável de serviços prestados, desta vez, foi infeliz em falar sobre algo que não é sua especialidade, embora também já tenha militado em órgãos de imprensa.

Quanto custa montar uma rádio?

Saindo da rádio Web que pode ser montada com um custo inicial de R$ 5 mil reais, o que NÃO É O CASO DA RÁDIO CÂMARA, partimos para um exemplo de uma rádio comunitária, que também não é o caso. É muito importante que você fazer um plano financeiro a fim de descobrir o valor necessário de investimento.

Contudo, se faz necessário saber que é essencial ter uma noção do custo para abrir uma rádio. É muito estranho a maneiro como sem nenhuma discussão, os vereadores praticamente assinam um cheque em branco sem qualquer indagação respeito. O dinheiro é do povo e precisa ser fiscalizado. Não estamos aqui acusando ninguém, mas um projeto desta relevância deveria ter pelo menos uma planilha mínima de custos, até para que se pudesse acontecer uma cotação no mercado.

Existe uma plataforma que foi criada justamente para isto, ou seja; para que iniciantes ou leigos possam ter uma noção a respeito. Por mais que tenha pouco conhecimento sobre o assunto, rapidamente você terá um plano financeiro completo.

Embora tenhamos militado no rádio desde 1985, no tempo da cartucheira e do Rolo AKAi, até a introdução da era digital no início dos anos 2000, entramos na brincadeira para checar e assim chegamos a um valor aproximado que varia de 22 a 28 mil reais para montar uma rádio de pequeno porte, aquelas que atingem um raio pequeno de alcance, digamos de uma região da cidade, apenas. Veja abaixo como o montante foi dividido.

Estrutura e equipamentos

Reformas, como pintura e rede elétrica, além de adaptação quanto à acústica serão necessárias. O gasto médio varia entre 3 e 5 mil reais, dependendo das condições do imóvel.

Em relação à compra de equipamentos, o custo gira em torno de 10 mil reais e inclui itens como:

  • mesa de som;
  • transmissor;
  • cabo;
  • antena;
  • gerador estéreo de voltagem de 25W;
  • computador;
  • fones de ouvido.

Ocorre meus amigos e minhas amigas, que esta não é uma rádio web e tampouco uma rádio comunitária. A mesma vem com a chancela da Anatel e do ministério das comunicações. Ela poderá ser sintonizada no radinho de pilha, no som seu carro e na sua aparelhagem de som preferida operando em frequência modulada. Portanto, não basta apenas um computador e um microfone. Ledo engano.

Estrutura e equipamentos necessários para abrir uma rádio

O discurso de que as pessoas ouvem rádio e por esta razão irão ouvir a RÁDIO CÂMARA, soa um pouco fora da realidade em se tratando das mudanças que ocorreram nos últimos anos. No contrassenso, estão as sessões camarárias com imagem através do canal youtube que alcança no máximo 10 a 12 telespectadores por sessão. Pífio engajamento.

O rádio tem passado por adaptações, tanto no seu formato de transmissão quanto na sua linguagem. Com isso, as emissoras de rádio têm buscado se adequar, acompanhando a tecnologia e fazendo-o ser não mais apenas sonoro. Em qualquer lugar, o som que, antes, já tinha a mágica de romper fronteiras, agora, está ainda mais forte.

O rádio virou imagem, foi para internet, se reinventou. No tocante à audiência, o público também tem mudado suas formas de consumir mídia. O presente artigo analisa, baseado em estudos específicos, as adaptações pelas quais o rádio passou, e tem passado, e as mudanças comportamentais da audiência acerca das preferências na hora de ouvir as programações.

A proposta é compreender como as emissoras têm se portado diante das novas tecnologias, quais experimentações têm dado certo, no chamado rádio multimídia, e o perfil do ouvinte moderno, cada vez mais exigente. Ora bolas, se vai se criar uma rádio sem estes dispositivos, pode se dizer que ela já nasceu morta, pois estará ultrapassada como tantas na capital paulista, grandes centros e até na região de Marília. Sem ouvintes.

Se forem criar uma rádio atualizada com os recursos de imagem, estarão criando uma concorrência para a própria TV Câmara que já está no YouTube. Ficam então alguns questionamentos;

  • Irão dividir o público?
  • Qual o custo benefício para os contribuintes?
  • Quem levará vantagem nisto:

Seja qual for o formato, você terá que investir em estrutura e equipamentos, a fim de produzir uma programação relevante e com transmissões de qualidade.

Seu espaço e estrutura devem ser divididos em:

  • recepção;
  • aquário (estúdio): sala de controle e edição;
  • pequena copa;
  • banheiro.

Entre os equipamentos indispensáveis para começar a sua rádio, temos:

  • computador;
  • microfone;
  • fones de ouvido;
  • servidor (para web rádios);
  • mesa de som;
  • transmissor homologado pela ANATEL;
  • antena (para rádios tradicionais).

Quantos funcionários precisa para começar uma rádio?

Uma rádio deve contar principalmente com uma equipe de radialistas. Ou seja, profissionais que detêm conhecimento técnico e formação para operar uma rádio. Vale lembrar emenda do Vereador Sérgio Nechar exigindo formação acadêmica com especialização em radiodifusão ou jornalismo.

Estes profissionais podem atuar como:

  • técnicos operadores de áudio;
  • locutores;
  • redatores;
  • repórteres de campo ( externas );
  • produtores;
  • entre outras funções.

A rádio pode contar ainda com um monitor DX, um profissional que ouve as transmissões à distância e reporta ao operador diariamente sobre a qualidade de áudio ou demais ocorrências importantes.

Também será necessário um programador musical, que ficará responsável pelo repertório da rádio. Uma rádio de pequeno porte, entretanto, pode começar com três radialistas, distribuindo entre si as funções da estação.

A Câmara Municipal de Marília conta hoje com três radialistas experientes, além do diretor da TV Câmara Ronaldo Medeiros, temos também o fotógrafo Will Rocha e do Assessor de Imprensa Norton Emerson. Como Jornalistas, as experientes Gabriela Cardoso e Keka Rueda, ou seja; um excelente time de profissionais.

Nossa posição não é contrária a instalação de uma emissora de rádio, mas sim a argumentação utilizada para a sua aprovação. Haverá gastos, sim, e não serão poucos. Esse editor é apaixonado por rádio, mas não pode se calar para uma realidade; “O consumo de mídia tem mudado no universo tecnológico ao qual estamos inseridos. Com isso, especificamente no rádio, tema desta matéria, adaptar as transmissões, levando-as às mais variadas plataformas, a fim de conquistar mais ouvintes, tem sido a principal estratégia das emissoras para não perder audiência”.

Muitas emissoras em São Paulo, Rio de Janeiro, baixada santista e tantos outros grandes centros fecharam suas portas. A realidade de hoje, não é a mesma de 30 anos atrás, quando o povo tomava decisões baseadas nas palavras dos locutores. Respeitamos e parabenizamos este que é um sonho antigo da atual diretora da Câmara Carla Farinazzi, porém advertimos que para se obter audiência será necessário mais do que um computador com um microfone. SE FAZ NECESSÁRIO GRANDES INVESTIMENTOS.

O dinheiro do povo não é capim, e montar uma emissora de rádio apenas para preencher ego de legisladores no microfone, é um desperdício diante de um país que vive as incertezas da política econômica. Onde a realidade é expressa no dia a dia das redes sociais, com problemas na saúde, mobilidade urbana, violência, desemprego e outros. ELENCAR PRIORIDADES É A FUNÇÃO MÁXIMA DE UM POLÍTICO. Se for para investir, façam pensando no povo e para o povo.

Para finalizar fica uma frase de uma radialista, “os políticos parecem aquela galera de colégio, não parece? Pode estar o maior sol do mundo, mas se faltar luz na sala de aula, a galera comemora por que diz que não da para dar aula sem luz!”Kéfera Buchmann na rádio joven pan

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