Datafolha diz que maioria considera presidente “despreparado”, “desonesto”, “indeciso”, “incompetente”, “falso”, “pouco inteligente” e “autoritário”

Duas pesquisas divulgadas ontem, 8, confirmaram a tendência de queda da aprovação e da popularidade de Jair Bolsonaro (sem partido). Um levantamento feito pelo Instituto Datafolha e outro realizado pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) – encomendado pela XP Investimentos – tiveram resultado convergentes, apontando os piores índices de avaliação do governo Bolsonaro.

Segundo o Datafolha, a proporção de brasileiros que reprovam o presidente já é mais da metade da população e atingiu o maior nível desde o início do mandato em 2019. De acordo com o levantamento, 51% avaliam o governo como ruim ou péssimo, seis pontos porcentuais (pp) a mais que no último levantamento, em maio.

 Já os que avaliam a gestão como regular somam 24% da população, seis pp a menos que há dois meses. Os que avaliam como bom ou ótimo são 24%, número estável desde o levantamento passado. Não responderam somam 1%. A pesquisa tem margem de erro de dois pp. Foram ouvidas 2.074 pessoas com mais de 16 anos entre os dias 7 e 8 de julho em 146 municípios.

Um destaque da pesquisa Datafolha é o detalhamento da avaliação do presidente por tópicos quanto à imagem que ele passa para a população. Em maioria, os entrevistados consideraram Bolsonaro “incompetente” (58%); “desonesto” (52%); “pouco inteligente” (57%); “falso” (55%); “indeciso” (57%); “autoritário” (66%); “despreparado para liderar o país” (62%); “respeita os mais ricos” (66%).

A piora da avaliação do governo de acordo com o Datafolha coincide com os avanços da CPI da Covid e com as novas denúncias de supostos esquemas de corrupção. A deterioração da imagem presidencial aconteceu principalmente entre a parcela da população que ganha até dois salários mínimos. A avaliação negativa neste grupo cresceu nove pontos porcentuais em dois meses, de 45% para 54%.

Entre os grupos que reprovam o governo, têm destaque os que preferem o PT, 79% desta fatia, os estudantes (61%), moradores da região Nordeste (60%) e quem ganha mais de dez salários mínimos (58%). Dos que aprovam, o governo é bem avaliado por 49% dos empresários, 36% dos que preferem partidos além de PT, MDB e PSDB, 34% dos moradores do Centro-Oeste e 32% de quem tem mais de 60 anos.

Os números divulgados ontem pelo XP/Ipespe caminham na mesma direção e apontam o pior momento para o presidente desde janeiro de 2019. A avaliação negativa do governo Jair Bolsonaro atingiu a pior marca desde o início do mandato.

Desde outubro do ano passado, a proporção de brasileiros que avaliam o governo como ruim ou péssimo tem crescido mês a mês e chegou a 52%, agora, no início de julho. Há nove meses, no menor nível recente, o índice era de 31%.

Já os que avaliam o governo como bom ou ótimo somam 25% neste mês. Em outubro do último ano eram 39%. Os que avaliam como regular são 21%; e 2% não souberam ou não responderam. Metade dos brasileiros também disseram ter expectativas negativas para o restante do mandato. O que esperam algo de bom são três a cada dez.

A pesquisa XP/Ipespe também mediu o apoio da população ao possível afastamento de Bolsonaro. Em cinco meses, a proporção da população que apoia o impeachment subiu três pontos percentuais, para 49%. Já os que são contra tinham vantagem no início do ano e perderam, em cinco meses, dois pp para 45%.

A pesquisa tem margem de erro de 3,2 pontos percentuais. Foram ouvidas 1 mil pessoas por telefone nos 27 estados entre os dias 5 e 7 de julho.

Outra questão avaliada foi a percepção da população ao Congresso. Em sete meses, a proporção que avalia o desempenho do atual Legislativo como ruim ou péssimo ultrapassou a fatia daqueles que avaliam como regular. Neste mês, 49% dos brasileiros disseram que o desempenho do Congresso é ruim ou péssimo, 36%, regular, e 9% avaliaram como ótimo ou bom.

A perspectiva de 53% dos brasileiros é que o desempenho do Congresso fique igual nos próximos meses, de 21% que melhore e de 19% que piore. Sobre a corrupção, 45% avaliam que os desvios de recursos públicos terão aumentado em seis meses e 18% que terão diminuído. Com relação à economia do País, 59% disseram que as propostas estão no caminho errado e 30% que estão no caminho certo.

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