Cuidadora que estava responsável pela criança, mantinha uma creche clandestina em sua casa, na cidade de Bauru (SP); criança tinha apenas 2 anos.

O caso já causou uma repercussão nacional nos principais canais de TV aberta e veículos de comunicação destacando esta verdadeira tragédia que ficará marcada para sempre para os país da criança. Apesar de prestar um depoimento contraditório um vídeo de circuito de segurança acabou por confirmar que o bebê de 2 anos que morreu no final da tarde de ontem após ter sido esquecido por três longas e sofridas horas no interior de um veículo por uma cuidadora.

As cenas mostram a criança se mexendo dentro do veículo. O carro estava estacionado na frente da casa da mulher, no Jardim Redentor, em Bauru (SP), na tarde de ontem quarta-feira (25), dia em que se registrou a temperatura mais quente do ano na cidade sem limites.

Segundo as informações, a responsável, Glaucia Aparecida Luiz foi presa por homicídio com dolo eventual e ficou no aguardo da audiência de custódia, nesta quinta-feira (26). Nossa reportagem também apurou que a defesa dela que entrou com pedido de liberdade provisória nesta quinta-feira, pois “nunca houve a intenção de ocasionar tal resultado”.

Contradição em depoimento.

Imagem mostra o menino no banco da frente do carro estacionado na rua em Bauru — Foto: Circuito de segurança/ Reprodução

Em seu depoimento a polícia, a mulher disse que havia esquecido Arthur, filho do casal Fabrício Lucas do Santos e Karina Oliveira de Souza dos Santos, por cerca de 15 minutos, porém, as imagens que fazem parte das investigações mostram que o bebê ficou mais de 3 horas no veículo.

Nas imagens é possível ver o menino no banco da frente, próximo ao para-brisas, dando a impressão que tenta abrir a porta e bater no vidro em desespero. Segundo a polícia, a criança ficou dentro do carro fechado das 13h45 às 16h51. No momento em que a criança aparece no vídeo se mexendo era por volta das 14h, informou a polícia.

Duas horas depois, às 16h22, a cuidadora sai da casa para colocar o lixo na lixeira, passa ao lado do carro, mas não teria notado que a criança estava dentro do carro. Neste momento também há duas crianças andando de bicicleta na calçada.

A cuidadora com o bebê no colo volta para casa; minutos depois ela saiu com menino para levá-lo até a UPA em Bauru — Foto: Circuito de segurança/ Reprodução

Somente às 16h51 é que a mulher abre a porta do carro, segundo a polícia, para guardar alguma coisa no veículo, e percebe a criança desacordada no banco de trás. Ela pega o menino no colo e entra em casa e, minutos depois, sai correndo com ele para levá-lo à Unidade de Pronto-atendimento do Geisel.

A criança já teria chegado sem vida na unidade e, segundo a equipe que fez o atendimento, com sinais de desidratação, sufocamento e maxilar rígido.

Ainda de acordo com o boletim de ocorrência, a mulher entrou em contato com os pais do menino para dizer que ele estava sendo atendido na UPA. A mãe informou aos policiais que só quando chegou na unidade é que soube que o filho havia morrido.

Arthur foi velado em Bauru e o enterro acontece na tarde desta quinta-feira, no cemitério municipal de Macatuba (SP).

Menino Arthur, que morreu em Bauru (SP) após ser esquecido em carro, com os pais — Foto: Arquivo Pessoal

Creche irregular

Segundo a polícia, a mulher, de 35 anos cuida de mais de 10 crianças com a ajuda da filha, de 16 anos, na casa delas, onde funcionaria uma creche irregular.

“Ela tem um estabelecimento clandestino onde ela e a filha cuidam de mais de 10, 12 crianças. Ela leva essas crianças para lá e para cá, não tem uma estrutura. E outra, ela esqueceu essa criança no carro e ela não notou a falta da criança dentro da casa”, comenta o delegado Mário Henrique de Oliveira.

Ainda conforme o delegado, houve falta de cuidados por parte da mulher, por isso o caso é investigado como homicídio com dolo eventual.

“Ela dá café, lanche e tem a hora do soninho, ou seja, uma série de atividades. Então foi de uma falta de cuidado, de uma irresponsabilidade que supera a simples negligência, o simples descuido.”

A defesa da cuidadora disse que ela não teve a intenção de provocar a morte do menino. “Glaucia e a família vêm colaborando veemente com as investigações, afim de esclarecer os fatos, até porque Glaucia não teve a intenção de levar a criança a óbito, tampouco de machucá-la. A defesa repassa as condolências e mais sinceros pêsames de Glaucia e sua família para os familiares do menino Arthur”.

error: Conteúdo protegido por direitos autorais.