Este foi o principal fato do final de semana capital nacional dos radares e que vem gerando inúmeros comentários a respeito do assunto. Tudo aconteceu após a internação e posterior óbito da vítima, senhora Andreia de Lima, de apenas 40 anos, que ocorreu na quinta-feira (5), com o sepultamento no dia seguinte, sexta-feira (6).

A mesma residia no Distrito de Avencas, em Marília e teria dado entrada na unidade hospitalar com a sintomatologia suspeita de febre maculosa, uma doença provocada pelos carrapatos. Após sua morte, uma coleta de sangue foi enviada ao Instituto Adolfo Lutz em São Paulo, na qual estaremos detalhando logo a frente desta matéria. ESTARIA ACONTECENDO UM SURTO DA FEBRE MACULOSA NO LOCAL?

Após informações desencontradas sobre o assunto, rumores e boatos com informações e desinformações, neste domingo, nossa reportagem se deslocou até o Distrito de Avencas para ouvir alguns moradores e posteriormente alguns familiares da vítima fatal até o momento, visto que, o filho da mesma de apenas 3 anos, apresentando a mesma sintomatologia está em estado grave, entubado na UTI infantil do Hospital Materno de Marília.

Em conversa com três moradores, não foi possível colher muitas informações, visto que, infelizmente, o temor por questões políticas também impera no local. No entanto, uma moradora, que preferiu não se identificar, temendo retaliações, nos relatou que devido ao fato, agentes comunitárias da cidade de Marília, estiveram no local para visitar os quintais e procura de criadouros de água.

Segundo ela, nenhuma outra ação havia sido realizada, sendo que um vereador teria comentando que nesta semana que se inicia, uma ação seria realizada no distrito. Para encerrar a mesma levantou uma importante suspeita;

Cachoeira do prata deveria ser investigada

Como todos sabem, no referido Distrito, além de um inimitável “pão com ovo” servido em um estabelecimento comercial, há também uma pseuda atração turística, a “cachoeira do prata”.

Em meio a falta de opções de lazer e entretenimento na cidade, a população do distrito e centenas de moradores, costuma nos finais de semana, visitar e se deliciar nas águas da referida cachoeira, que por sinal já foi interditada algumas vezes devido à suspeita de contaminação pelo chorume do lixão de Avencas.

Segundo a moradora, o local fica em meio a mata e rodeada de sítios e fazendas com animais de médio e grande porte, além de imensas pastagens. O grande questionamento da mesma era sobre a frequência das vítimas que foram contaminadas no local.

Em meio a repercussão, a prefeitura de Marília, até então em silêncio sobre o assunto, divulgou uma nota a um outro veículo de imprensa, informando que haveria mais três casos suspeitos da terrível febre maculosa, residentes no distrito.

No entanto, um outro caso já havia sido confirmado, porém, no longínquo mês de junho, sem qualquer comunicado, medida ou ação preventiva. A informação segundo nota foi a de que, somente na sexta-feira (6) teriam coincidentemente tomado ciência da situação e do laudo, ou seja; após quase 60 dias. Confira um trecho da nota.

Trata-se de um caso ocorrido em junho de 2023, a pessoa não corre risco de morte, porém somente nesta sexta-feira, dia 6 de outubro, é que as autoridades sanitárias obtiveram a confirmação. Para as outras três notificações (sendo dois óbitos em investigação e um caso suspeito), a Vigilância Epidemiológica de Marília analisa possibilidades de estarem associadas a outras doenças, incluindo dengue, leishmaniose e leptospirose.

Diagnóstico Laboratorial

  • Exames específicos: Reação de imunofluorescência indireta (RIFI) é estabelecido pelo aparecimento de anticorpos específicos, que aumentam em título com a evolução da doença, no soro de pacientes, são realizadas duas coletas, sendo a primeira no início dos sintomas e a segunda 14 a 21 dias após a primeira coleta. Pesquisa direta da riquétsia: Imuno-histoquímica, biologia molecular e isolamento da riquétsia.
  • É possível confirmar a suspeita clínica com apoio laboratorial, tanto pela realização da reação de Weil-Felix quanto pela imunofluorescência para a R.rickettsii. O primeiro teste é mais rápido e barato, porém tem sensibilidade ligeiramente inferior à reação de imunofluorescência e não discrimina a espécie envolvida.

Informações obtidas pelo JORNAL DO ÔNIBUS DE MARÍLIA ainda na sexta-feira (5) confirmava que no laudo que aponta a causa da morte, constava como CAUSA INDEFINIDA.

A família vivia ainda um momento de luto, pois a vítima, Andreia, teria ficado viúva há cerca de um mês. Seu marido, que realizava hemodiálise devido a um comprometimento renal, teria falecido devido ao agravamento de seu estado de saúde.

Nossa reportagem conversou inicialmente com Maria Eduarda de Lima Almeida, 18 anos, filha da Andreia e que nos relatou a verdade dos fatos sobre a sua mãe. “Nós ainda estamos nos refazendo do luto e o que chateia são algumas inverdades que estão publicando por aí. Meu irmão não morreu ainda”, desabafou ela.

Sobre o assunto ela esclareceu; “Quando minha foi internada, meu irmão não se alimentava e nem tomava água, com isto, acabou se desidratando e depois que começou aparecer os sintomas”, explicou.

O garoto de nome B.H.L.G de 3 anos está entubado na UTI infantil do Hospital Materno Infantil e sobre o estado atual de saúde dele, Maria Eduarda explicou; “Ele internou apresentando os mesmos sintomas da minha mãe e depois foi se agravando. As manchas começaram a sair pelo corpo e o pés já estão roxinhos. A informação que eu tenho é que ele está intubado. O médico informou que o cérebro dele já parou e só o coração está funcionando, mas resta uma esperança”, comentou.

A jovem também chegou a apresentar uma certa sintomatologia e sobre o resultado do exame ela esclareceu; “O resultado do meu exame saiu rápido e deu negativo. Foi mais o nervoso mesmo”, complementou.

No que diz respeito aos exames realizados em sua mãe, cujo resultado segundo o anunciado só chegaram daqui a 30 dias, Maria Eduardo foi taxativa; “Minha mãe morreu com a febre maculosa, não adianta ninguém esconder. O médico já havia me comentado que tinha quase certeza devido aos sintomas. E digo mais, o exame dela já saiu e deu positivo”, confirmou.

Ela confirmou ter um cachorro em casa e que teria frequentado a famosa “cachoeira do prata” recentemente, mas que não se recorda de sua mãe e seu irmão terem ido no local.

Conversamos também o pai de Maria Eduarda e ex-marido da vítima Andreia, senhor José Luis de Almeida, que nos detalhou a situação; “Quando minha filha me ligou na primeira vez, fazia umas 3 horas que ela estava esperando a ambulância no postinho para trazer para a cidade. Eu fui lá a busquei e a trouxe”, relatou.

Andreia teria retornado para casa, mas voltou novamente a passar mal, sendo levada de madrugada para o hospital. “Sim, dai para frente ela já foi internada e do quarto já foi para UTI e de lá não teve mais jeito. É triste a gente ver uma pessoa que viveu uma história com a gente partir assim. Ela queria viver”, lamentou.

Sobre quais as hipóteses da transmissão ele comentou; “Muito se tem falado de uma cavalgada que houve, por aqui há uns dias, mas eu não descarto a possibilidade da “cachoeira do prata”. É um lugar bonito e como o pessoal não tem aonde ir em Marília, vem tudo para cá. Pessoal do Jardim Flamingo, do Cavalari, das fazendas vai tudo para lá. Só que, tem muito pasto nas imediações, muita capivara, então é um local que precisa ser melhor fiscalizado”, ressaltou.

Ele ainda acrescentou; “Eu mesmo fui com minha filha e passei o dia lá, recentemente. Acontece que às vezes, a gente tira a roupa e deixa em uma moita de capim, depois veste e vai embora. Quem garante que um carrapato não grudou na roupa e a gente não viu, acabando por levar prá casa? Eu mesmo já proibi minha filha de voltar lá”, afirmou.

Para finalizar, senhor José Luis fez questão de destacar; “Assim que sair o resultado oficial eu vou divulgar. Eu sou cristão e gosto de tudo as claras, e não tem nada de encobertar nada não. Eu vou divulgar e vou tomar as providências necessárias. Isto não poderia ter acontecido. Se já havia um caso suspeito, alguma medida eles já deveriam ter tomado e não esperar se agravar para agora começar a tomar providência”, completou.

A reportagem do JORNAL DO ÔNIBUS DE MARÍLIA manifestou toda a solidariedade e condolências a família neste momento tão difícil e desde já passa a acompanhar passo a passo os acontecimentos envolvendo os entrevistados e toda a comunidade do histórico Distrito de Avencas, que hoje é conhecido com a terra do pão com ovo, mas já foi consagrada nacionalmente como a terra da melancia. Ainda bem que escaparam dos radares, por enquanto….

Febre maculosa: entenda a doença

A febre maculosa brasileira é uma doença infecciosa transmitida pelo carrapato-estrela ou micuim, da espécie Amblyomma cajennense, não sendo passada diretamente de pessoa para pessoa nem pelo contato com animais infectados. A bactéria R. rickettsii é propagada aos humanos e aos animais apenas por meio da picada de um carrapato infectado. Mais comum entre os meses de maio a novembro, a doença tem tratamento por meio de antibióticos. Quanto mais precoce for o diagnóstico, maior será a chance de cura. Em humanos, quando não tratada, a enfermidade consegue ter mais de 80% de letalidade.

Os mamíferos hospedeiros (cães, bois, cavalos, capivaras, aves domésticas, gambás, coelhos, etc.) são animais predispostos à infecção por R. rickettsii, mantendo níveis circulantes da bactéria na corrente sanguínea, o suficiente para causar infecção de carrapatos que dele se alimentem.

Para que haja a transmissão, os carrapatos devem permanecer fixados à pele do hospedeiro por um período variável entre seis e dez horas, o suficiente para que a bactéria seja reativada na glândula salivar e em seguida espalhada pelo corpo. Os carrapatos, além de vetores, são também reservatórios de R. rickettsii. Cada fêmea de carrapato infectada pode gerar até 16 mil filhotes aptos a transmitir R. rickettsias.

O período de incubação varia de dois a 14 dias após a picada (média de sete dias). Os sintomas têm início de forma repentina, com febre – de moderada a alta –, que dura geralmente de duas a três semanas, acompanhada de dor de cabeça, calafrios, olhos vermelhos.

A lesões, parecidas com uma picada de pulga, apresentam, às vezes, pequenas hemorragias sob a pele e aparecem em todo o corpo, nas palmas das mãos e na planta dos pés – diferentemente do que acontece em outras doenças, como sarampo, rubéola e dengue hemorrágica, por exemplo.

Observações:

– Os cães, muitas vezes, não apresentam nenhum sintoma da doença;
– É essencial fazer com frequência a higiene dos animais com carrapaticidas. O uso do produto deve ser realizado tanto em cães domésticos quanto em animais de grande porte como o cavalo ou boi;
– Manter gramados bem aparados, rente ao solo.

Recomendação:

É necessário buscar ajuda nos primeiros dias de sintoma, pois o atendimento rápido para tratar a doença faz toda a diferença. Já para evitar a contaminação, é preciso combater o parasita por meio do adequado manejo ambiental, assim, ao evitar o carrapato evita-se também a doença.

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