Sob forte comoção de familiares, moradores da cidade e alunos da escola onde a mesma frequentava, foi sepultada no cemitério da saudade a adolescente de 14 anos, Lídia Hadassa de Lima, que foi morta a facadas logo no início da tarde de ontem, por um colega logo após ter saído da escola, na cidade de Júlio Mesquita, distante de Marília pouco mais de 36 quilômetros.

A vítima, de apenas 14 anos, morava a duas quadras da Escola Estadual José Carlos Monteiro, onde estudava e, segundo a polícia, teria sido atacada quando sai ao término da aula, já na rua de sua casa.

De acordo com as informações de populares, ela ainda chegou a ser socorrida e levada a uma unidade de saúde que fica ao lado da prefeitura, mas não resistiu aos ferimentos. Em nota, a Secretaria Estadual de Educação informou que as aulas na escola foram suspensas até a próxima segunda-feira (29) devido à morte da aluna.

A nota informa ainda que “a equipe do Programa de Melhoria da Convivência e Proteção Escolar (Conviva-SP) prestará toda ajuda e acolhimento necessários à comunidade escolar. A direção da escola também está à disposição das autoridades para colaborar com as investigações.”

Autor em estado de choque

O garoto que desferiu as facadas, foi identificado como W.E.P.S, e já foi encaminhado e apresentado na manhã desta quarta-feira (24) à Vara da Infância e Juventude do Fórum de Cafelândia (Comarca de Júlio Mesquita) após pernoitar em cela individual na CPJ (Central de Polícia Judiciária). Posteriormente, após analisar os fatos em audiência, o juiz Octavio Santos Antunes, decretou a internação do adolescente por até 45 na Fundação Casa aqui na cidade de Marília, onde o mesmo foi conduzido e já está recolhido na Unidade.

Após a sua detenção no final da tarde de ontem, ele foi conduzido sob escolta policial ao HC (Hospital das Clínicas de Marília) onde passou por atendimento ambulatorial e psicológico. O motivo seria porque em desespero o autor do crime, teria tentado o suicídio com a própria faca usada no feminicídio. Os policiais encontraram o mesmo deambulando pelas margens da BR-153 com ferimentos no tórax, pescoço e pulsos, mas sem gravidade.

Voltando a sentença do juiz, nossa reportagem reproduz na íntegra o conteúdo. Confira;

“Crime hediondo que merece uma ação estatal mais rígida, a fim de coibir no adolescente o sentimento de impunidade e garantir que não venha a praticar atos semelhantes, eis que mostrou inclinado a comportamento de extrema violência. Nesse contexto, sua internação provisória se justifica para assegurar a ordem pública, porquanto a gravidade concreta do ato infracional narrado na representação foge à normalidade do cotidiano na pequena e pacata Júlio Mesquita e a adoção de medidas brandas pode estimular atos semelhantes por outros adolescentes, em especial aqueles que se deixam influenciar pela difusão de notícias pelas redes sociais. Por fim, a medida tem por escopo garantir a própria segurança pessoal do adolescente que, no caso, encontra-se inserido em flagrante situação de risco pela comoção social causada na pequena cidade de Júlio Mesquita, tanto que foram necessárias algumas medidas preventivas para que o adolescente fosse apresentado à policia pelos familiares, em uma rodovia afastada da cidade, para prevenir eventual ação da população. Logo, a internação é medida excepcional e urgente”.

Rua em que adolescente foi esfaqueada em Júlio Mesquita (SP) — Foto: Igor Rosa/TV TEM

Posteriormente, ele foi ouvido na CPJ (Central de Polícia Judiciária) de Marília, pelo delegado plantonista Ricardo Coércio prestando um depoimento muito rápido e demonstrando estar em estado de choque.

“O garoto estava com o estado emocional abalado e não sabia que a vítima tinha falecido, até o início do depoimento. Estava desorientado psicologicamente e sem saber o que estava acontecendo”, explicou o advogado de defesa, Ricardo Carrijo Nunes. “Ele sempre foi um bom aluno, com boas notas”, acrescentou.

De acordo com a família da vítima, o crime teria sido motivado pela recusa da jovem em namorar o colega. O agressor já teria até mesmo se comunicado com os pais de Lídia falando sobre suas intenções. O pai da vítima, inclusive trabalha em uma indústria do ramo alimentício em Marília.

Entre as mães, há uma discordância entre a relação dos menores. Pessoas conhecidas da família relatam que a mãe da vítima, Lídia Hadassa não concordava com o namoro da filha com o adolescente. Do outro lado, a mãe do rapaz, que por sinal, é uma professora, comentou que os adolescentes “tinham um namorico” há cerca de dois anos.

O juiz de Cafelândia agendou a audiência de instrução, debate e julgamento para o próximo dia 2 de junho. Após a audiência, será decretada a sentença sobre o feminicidio. Caso condenado, o adolescente poderá permanecer na Fundação Casa por mais três anos (quando completa a maioridade penal) e então poderá ser solto.

A Escola Estadual José Carlos Monteiro fez questão de reiterar, nas redes sociais, que o crime ocorreu fora do ambiente escolar. Aos familiares manifestamos aqui, as nossas mais sinceras condolências.

DIRETO DA PLANTÃO POLICIAL

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