Índice de Sustentabilidade da Limpeza Urbana deu nota “muito baixa” para Marília, “baixa” para Bauru, “média” para Botucatu e “alta” para Ourinhos. Estudo é do Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana (Selurb), em parceria com a PwC Brasil.

Dependo da idade, você não irá se lembrar, mas no início dos anos 70 um personagem utilizado para conscientização sobre limpeza urbana era o SUGISMUNDO, conforme imagem que encabeça esta matéria.

O boneco, criado por Ruy Perotti, conquistou a simpatia dos brasileiros, apesar de seus graves erros de conduta. Seu nome acabou virando sinônimo de porcalhão. Ele era o protagonista da campanha “Povo desenvolvido é povo limpo”, patrocinada pelo governo federal visando melhorar os hábitos de higiene e limpeza dos brasileiros em geral, mas em especial os governantes.

Sugismundo surgiu em 1972, quando o governo militar incentivava e patrocinava campanhas educativas, nos moldes de “Brasil, ame-o ou deixe-o”, “Este é um país que vai para frente” e “Ninguém segura este país”. O personagem fazia parte justamente deste conceito.

O personagem foi ao ar em setembro de 1972, numa série de quatro filmetes, que variavam entre 60 e 90 segundos de duração, e eram exibidos na TV e no cinema. Também foram produzidos cartazes e jingles. A campanha foi retirada do ar em novembro do mesmo ano. Mesmo que em 1978 o personagem fosse deixado de lado, até hoje é amado pelos brasileiros “porcalhões”.

A introdução explicativa se justifica pelo fato da última pesquisa realizada que oficializa aquilo que os moradores estão reclamando há anos. Para quem não se lembra, até a primeira dama do município já chegou a questionar o prefeito e cobrar atitude. A redação do JORNAL DO ÔNIBUS DIARIAMENTE recebe denúncias do abandono em que se encontra a cidade e que agora se tornou público, de forma vergonhosa para todo o Brasil.

Marília e Bauru são as duas principais cidades do centro-oeste paulista e tiveram desempenho classificados como “baixo” e “muito baixo”, respectivamente, no Índice de Sustentabilidade da Limpeza Urbana, um estudo com dados de 2022.

O assunto está mais uma vez em discussão neste Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado nesta segunda-feira (5), devido ao prazo do Plano Nacional de Resíduos Sólidos para fim dos lixões em todo país, que se encerra em 2024, após ser fixado inicialmente dez anos antes, e deve ser descumprido novamente.

Em Marília, por exemplo, tecnicamente não há mais lixão ao ar livre, mas são frequentes as multas da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) por descarte irregular de resíduos em diferentes pontos do município.

Não é por acaso, portanto, que Marília teve o pior desempenho entre as quatro maiores cidades do centro-oeste paulista na pesquisa do Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana (Selurb), em parceria com a PwC Brasil.

O Índice de Sustentabilidade da Limpeza Urbana também se baseia no Plano Nacional de Resíduos Sólidos e tem uma nota que vai de zero a um. No estudo, Marília tirou 0,494. Bauru, teve nota 0,502, enquanto outras duas das maiores cidades da região, Botucatu e Ourinhos, alcançaram, respectivamente, 0,684 e 0,754.

Enquanto Marília ficou com nota “muito baixa” e Bauru com nota “baixa”, o índice atingido por Botucatu foi considerado “médio” e, de Ourinhos como “alto”. A grande questão é; como a cidade que mais arrecada com impostos na região, não consegue desenvolver um plano estratégico de limpeza periódica da cidade?

Mais revoltante ainda e saber que a secretaria competente pouco produz e não tem criatividade para solucionar as questões que contribuíram com este vergonhoso resultado da pesquisa que está sendo divulgado nos principais veículos de comunicação.

Pior ainda, é uma câmara municipal que se contenta apenas com requerimentos recheados com fervorosos discursos de cobrança na tribuna de nossa casa de leis, mas sem nenhuma ação efetiva, como, por exemplo, montar uma comissão de vereadores para pressionar o prefeito e secretário ou desenvolverem um projeto de parceria público privada para uma ação emergencial. Depois reclamam quando o JORNAL DO ÔNIBUS DE MARÍLIA cobra, porém de uma forma construtiva, pois a CIDADE ESTÁ ACIMA DAS DIVERGÊNCIAS POLÍTICAS OU PARTIDÁRIAS.

Avaliação e pontuação

Com base em dados públicos são avaliadas quatro “dimensões” no Índice de Sustentabilidade da Limpeza Urbana: Engajamento do Município; Sustentabilidade Financeira; Recuperação dos Resíduos Coletados; e Impacto Ambiental.

A primeira dimensão avalia o engajamento e a maturidade da sociedade. São levados em conta o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal e a porcentagem da população atendida com o serviço de coleta regular de resíduos sólidos.

A segunda dimensão avalia a capacidade do município em sustentar financeiramente os serviços de manejo de resíduos sólidos. É verificado a cobrança pela atividade e se a cifra arrecadada é suficiente para o custeio.

Na terceira dimensão é verificado o grau de adesão da cidade ao Plano Nacional de Resíduos Sólidos. É avaliada a quantidade de material recuperado sobre a massa coletada.

Por fim, se analisa a destinação correta ou incorreta em relação à população atendida. Em suma, nesse ponto é verificado qual o encaminhamento dado aos resíduos sólidos coletados e se existem lixões, por exemplo.

Índice de Sustentabilidade da Limpeza Urbana

  • Ourinhos: 0,754
  • Botucatu: 0,684
  • Bauru: 0,502
  • Marília: 0,494

Engajamento do Município

  • Botucatu: 0,869
  • Bauru: 0,869
  • Ourinhos: 0,855
  • Marília: 0,856

Sustentabilidade Financeira

  • Ourinhos: 1,000
  • Botucatu: 0,751
  • Bauru: 0,000
  • Marília: 0,000

Recuperação dos Resíduos Coletados

  • Ourinhos: 0,091
  • Botucatu: 0,021
  • Bauru: 0,017
  • Marília: 0,000

Impacto Ambiental

  • Ourinhos: 1,000
  • Bauru: 0,1000
  • Botucatu: 0,1000
  • Marília: 1,000

As quatro prefeituras citadas acima foram procuradas para esclarecimentos sobre quais medidas vêm sendo adotadas nos últimos anos para avançar na sustentabilidade da limpeza públicas e quais ações ainda podem ser tomadas para avançar nos tópicos avaliados pelo estudo, mas apenas a cidade mais bem colocada respondeu, Ourinhos.

Segundo o município, a criação da Central de Transbordo, onde há o armazenamento temporário, encaminhamento e transporte correto do lixo, foi a solução encontrada para a destinação adequada após o esgotamento do aterro sanitário da cidade.

“Outra ação importante quanto aos resíduos foi a transferência da coleta para a prefeitura, com a reorganização do serviço e disponibilização de contêineres em locais de maior circulação para evitar que o lixo ficasse espalhado pelas ruas”, seguiu a administração, que conquistou o selo Município VerdeAzul.

Além de ações educativas e de conscientização, segundo o Executivo de Ourinhos, a “cidade também busca a modernização dos serviços, com a criação de aplicativo e atendimento digital, diminuindo a burocracia e deslocamentos para solicitações diversas de fiscalização, arborização, proteção animal, denúncias, etc”.

Para o futuro próximo, segundo a prefeitura, estão planejadas ações como “a criação de ecopontos, novas recuperações das nascentes, projetos especiais de coleta seletiva, além de dar continuidade e mais celeridade aos projetos que já foram colocados em prática”.

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